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JULGAMENTO

''Respeitaremos o que Justiça e Legislativo decidirem'', diz Múcio sobre atos golpistas

Em evento em São Paulo, ministro da Defesa afirmou ainda que riscou a data do 8/1 do calendário

José Múcio, ministro da DefesaJosé Múcio, ministro da Defesa - Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

Às vésperas do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode colocar mais cinco militares no banco dos réus pela trama golpista, ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que as Forças Armadas “respeitam os poderes”, o que envolve tanto as decisões do Judiciário sobre a conduta dos suspeitos de participação nos crimes quanto as tratativas do PL da Anistia no Congresso. Ele confidenciou ainda que riscou a data de 8 de janeiro de todos os seus calendários.

— O que a Justiça decidir, o que o Legislativo decidir, nós respeitamos. Evidentemente que o militar lamenta muito quando vê um colega indiciado. O primeiro sentimento é de constrangimento, e o segundo, de indignação, porque eles comprometeram a imagem de uma instituição que eles sabem que tem que ser preservada — declarou o ministro na saída de um almoço promovido pelo grupo Lide nesta segunda-feira (5), em São Paulo.

Segundo ele, os militares torcem para que o caso chegue a uma conclusão o mais rápido possível. Seria uma maneira de acabar com a “nuvem de suspeição” que ronda as instituições.

Até o momento, 14 pessoas já tiveram denúncias aceitas pela Corte, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos e os ex-ministros militares Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.

— Torcemos para que tudo isso passe, para que possamos voltar ao nosso sentimento de normalidade e trabalhar sem a aura, a nuvem da suspeição, que atinge a muitos, mas só alguns poucos são os responsáveis — completou o ministro.

Nesta terça-feira (6), a Primeira Turma do STF decide se aceita ou não as denúncias contra o núcleo acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de atuar com táticas de desinformação, desacreditando o sistema eleitoral e atacando autoridades que não aderiram ao golpe de Estado.

Os militares envolvidos seriam Ailton Barros, Ângelo Denicoli, Giancarlo Rodrigues, Guilherme Almeida e Reginaldo de Abreu. Além deles, estarão na mira da Justiça o policial federal Marcelo Bormevet e o presidente do Instituto Voto Legal (IVL) Carlos Rocha. Caso a denúncia seja aceita, eles passam a responder pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, dano qualificado e destruição de patrimônio tombado.

O STF já aceitou a denúncia contra oito pessoas apontadas pela Procuradoria-Geral da República como parte do "núcleo crucial" da suposta organização criminosa, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e contra seis pessoas que fariam parte do grupo que "gerenciava" as ações, como o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.

A respeito do núcleo julgado nesta terça, a PGR sustenta que “propagaram notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo”.

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