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Fiscal

Setor produtivo impactado pela prorrogação do Fundo de Equilíbrio Fiscal

Apesar do Fundo ter sido aprovado na última terça, representantes do setor produtivo falam em perda de competitividade

Raquel LyraRaquel Lyra - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A prorrogação do Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal (FEEF) deve trazer impactos para o desenvolvimento de Pernambuco. Aprovado por meio do Projeto de Lei Ordinária no 3.842/2023, de autoria do governo Raquel Lyra (PSDB), o fundo é visto como preocupante por parte do setor produtivo e por advogados tributaristas, fazendo com que o Estado possa perder competitividade e traz um custo a mais para as empresas instaladas em Pernambuco. 

O Legislativo autorizou a prorrogação do FEEF até 2024. Segundo a governadora Raquel Lyra, que enviou a proposta, o fundo deverá ajudar a recompor perdas orçamentárias decorrentes da queda na arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O FEEF surgiu a partir do Convênio ICMS 42/2016, que foi firmado pelos estados brasileiros, autorizando a criação de condições de validade de seus benefícios, sejam eles financeiros, fiscais ou financeiro-fiscais, a um depósito em fundo especialmente instituído com o objetivo de ser emergencial de manutenção do equilíbrio fiscal. Em 2016, quando foi estabelecido, a medida determinava que os estados pudessem captar 10% dos incentivos fiscais que haviam aprovado para captar novos empreendimentos ou ampliar os já existentes.

Discussão judicial
Na avaliação do advogado tributarista e Presidente da Comissão de Direito Tributário, Walter Manzi, a prorrogação do fundo pode trazer uma discussão judicial, já que vai adicionar tributos em um segmento que seria isento. “Gera uma discussão judicial com adicional de ICMS, e como tal seria necessário verificar a anualidade. A prorrogação venceu em 2022, para ter prorrogado, a Lei teria que ter entrado em vigor. Quando a empresa faz um estudo e faz o plano baseado no incentivo e depois ele muda, isso torna as próprias empresas menos competitivas”, disse. 

Empregos
Manzi conta que além de ser um dificultador para atrair novos empreendimentos, pode ainda ser algo que complique a geração de novos empregos. “A forma de atrair empregos e empresas se dava pelo incentivo, dado em cima do êxito empresarial. A questão da arrecadação está tirando o nível de competição em comparação aos Estados vizinhos, já que estão com crescimento superior a Pernambuco nos últimos anos, e deve continuar, porque com essas medidas, não se torna Pernambuco competitivo gerando emprego e renda”, contou.

O advogado ainda destaca que a situação “é uma preocupação, uma matéria de orçamento público se deve pensar em como gastar com eficiência e não como arrecadar mais”, afirmou. 

Oneração
De acordo com o presidente do Centro das Indústrias de Pernambuco (Ciepe), Mássimo Cadorin, o impacto será forte no segmento industrial. “Isso onera ainda mais a produção, o setor produtivo de uma forma geral sente o peso. Acreditávamos que seria encerrado com a sequência dos governos que passaram e esperávamos que não fosse renovado”, disse. Para Mássimo, a situação é preocupante para as empresas e acredita que o destino do recurso deveria ser mais explicado.
 
“A solução seria o fundo não existir, até porque alguns estados elevaram a alíquota do ICMS, porque se fala no retorno do imposto dos combustíveis para o Estado, então somando isso, mais o FEEF em Pernambuco, haverá uma carga tributária insuportável e um governo estadual com muita receita”, declarou.

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