Envelhecer no Brasil: desafios e perspectivas debatidos no tema do Enem 2025
Com aumento acelerado da população idosa, geriatras destacam a necessidade de cuidados continuados, políticas públicas e inclusão social para garantir qualidade de vida e autonomia aos idosos.
Com o envelhecimento populacional em ritmo acelerado, especialistas reforçam a importância de políticas públicas, cuidados continuados e atenção à qualidade de vida da população idosa. A discussão vai além da idade e envolve saúde, inclusão, autonomia, desigualdade social e sustentabilidade econômica. A iniciativa busca conscientizar famílias, profissionais de saúde e a sociedade sobre a necessidade de preparar o país para lidar com o crescimento da população idosa de forma digna e eficiente.
Nesta terça-feira (11), durante o quadro Canal Saúde, do programa Conexão Notícias, da Rádio Folha FM 96,7, o âncora Jota Batista conversou com o médico geriatra Alexandre de Mattos, professor e coordenador da disciplina de Geriatria da Universidade de Pernambuco (UPE), sobre os impactos do envelhecimento da população brasileira e os desafios que ele impõe à sociedade.
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“O Brasil atravessa hoje uma das transições demográficas mais aceleradas do mundo, em 12 anos nós crescemos quase 60% de número de idosos. Hoje temos um número que aproxima 33 milhões de idosos no país”, destacou Alexandre de Mattos.
Alexandre de Mattos, médico geriatraDurante a entrevista, o especialista explicou que o envelhecimento populacional traz mudanças profundas no perfil de saúde da população, exigindo novas abordagens médicas e sociais. As doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca, e as síndromes demenciais, incluindo Alzheimer, aumentam consideravelmente com a idade.
“No adulto mais velho, muitas dessas doenças são as síndromes demenciais, como doença de Alzheimer e outras demências que têm aumentado de forma significativa também com o envelhecimento da sociedade. Isso impacta diretamente nas atividades de vida diária”, explicou Alexandre.
O geriatra ressaltou que o sistema de saúde brasileiro ainda está estruturado para tratar intercorrências agudas, o que dificulta o manejo da cronicidade e da perda de autonomia funcional do idoso.
“Nosso sistema de saúde ainda é muito hospitalocêntrico, muito focado no tratamento da intercorrência aguda, precisamos cada vez mais dos chamados cuidados continuados. A inflação da saúde na população idosa é muito significativa”, reforçou Alexandre de Mattos.
Outro ponto destacado foi a carência de especialistas e de políticas de cuidados de longa duração, que deixa famílias sobrecarregadas e aumenta a dependência econômica e emocional dos idosos. A falta de atenção a esse cenário, segundo o especialista, pode levar a uma crise múltipla nas próximas décadas.
“A gente caminha para uma tríplice crise sanitária, previdenciária e social. Ao mesmo tempo, aumentou a prevalência de doenças crônicas com o envelhecimento da população”, alertou o médico.
Além de atenção médica, o especialista também enfatizou a importância da inclusão social, da prevenção da dependência e do combate ao etarismo, para que o envelhecimento seja vivido de forma saudável, digna e produtiva.
Com uma abordagem informativa e de alerta, a conversa reforçou que o envelhecimento da população brasileira exige atenção imediata, tanto do ponto de vista da saúde quanto da sociedade, e que políticas públicas adequadas são essenciais para evitar crises futuras.

