Sáb, 06 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Blog da Folha

Aprovação do IPVA na Alepe vai impactar caixa dos municípios, de acordo com Amupe

Associação fez um levantamento dos efeitos da perda de arrecadação nos cofres prefeituras pernambuca

Amupe alerta para perdas dos municípios com avanço de projetos de isenção do IPVA na AlepeAmupe alerta para perdas dos municípios com avanço de projetos de isenção do IPVA na Alepe - Divulgação

A estimativa de redução de R$ 500 milhões na receita estadual com a aprovação de propostas de isenção do Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) tem deixado gestores municipais preocupados com o impacto financeiro da medida no repasse de recursos às cidades.

Com 50% do valor sendo repassado aos municípios, as perdas para esses entes da federação podem limitar a manutenção de serviços básicos. O pacote de projetos de lei inclui a concessão do benefício a motoristas de aplicativo, motocicletas de até 170 cilindradas e automóveis com mais de 15 anos de fabricação ou motor híbrido.

Segundo a secretária-executiva de Gestão Estratégica da Secretaria da Fazenda, Cindy Barbosa, a arrecadação com o tributo já sofreu queda entre 2023 e 2025, após a redução da alíquota do imposto para 2,4%.

A mudança colocou Pernambuco na posição de estado com o menor IPVA no Nordeste. Os dados foram divulgados pela gestora em audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na última quarta-feira.

Municípios
O vice-presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e prefeito de Aliança, Pedro Freitas, argumentou que metade do valor arrecadado pelo estado com o tributo sobre os automóveis é destinado aos municípios sem vinculação a uma determinada área de investimento.

Mesmo considerando justo o benefício para motoristas de aplicativos, ele avalia que a redução sem compensação poderá impactar a prestação de serviços pelos municípios.

“Para municípios, principalmente de menor porte, que tem uma limitação na geração de receita própria, esses recursos não vinculados são fundamentais para a manutenção dos serviços básicos”, pontuou o gestor.

Ainda segundo o levantamento realizado pela associação, Aliança teria uma queda no envio de recursos do IPVA de R$ 2,2 milhões projetados até o fim de 2025 para pouco mais de R$ 940 mil em 2026. Na Zona da Mata Sul, Vitória de Santo Antão perderia R$ 11 milhões em 2026, caso a proposta seja aprovada este ano. 

O prefeito de Vitória, Paulo Roberto Arruda (MDB), se mostrou favorável à redução de impostos, mas ressaltou a necessidade de que seja indicada uma fonte de compensação para a renúncia fiscal gerada a partir das isenções. Arruda cobrou a criação de um grupo de trabalho entre os deputados estaduais e municípios para discutir o tema.

“Quando a gente aponta uma redução, ou até mesmo um benefício, a gente tem que dar condições para que isso seja recomposto”, afirmou Paulo. 

Lei
A indicação de medidas compensatórias e o estudo de impacto em projetos que incidem diretamente sobre o sistema tributário do estado são exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme explica o advogado municipalista que atua para a Amupe Marcus Alencar. Segundo ele, as exigências não foram seguidas pelos autores das propostas em tramitação na Alepe. 

“O artigo 103 do Atos das Disposições Constitucionais Transitórias estabelece que haja a estimativa do impacto em projetos de lei que trazem uma renúncia de receita. A Lei de Responsabilidade Fiscal, no seu artigo 14, além da estimativa do impacto, traz como requisito essas medidas compensatórias”, disse. 

No entanto, o advogado pondera que, até o fim da tramitação das propostas, os deputados podem acrescentar o estudo de impacto e a forma de compensação às matérias por meio de emendas. Alencar alerta que o não cumprimento dos requisitos poderá gerar questionamento posterior na Justiça.

Veja também

Newsletter