Bolsonaro critica investigação e continua a questionar urnas eletrônicas
Ex-presidente se torna réu por suposta participação em golpe
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (26), que as acusações contra ele de tentativa de golpe de Estado são "graves e infundadas". As declarações ocorreram logo após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando-o réu no processo que investiga sua participação em uma trama golpista junto a sete aliados.
O ex-mandatário, que se tornou réu junto a nomes de seu governo, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, negou enfaticamente as acusações e afirmou que as investigações, após dois anos, não conseguiram identificar qualquer liderança ou movimento concreto que indicasse um golpe em andamento.
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Em entrevista à imprensa, Bolsonaro reafirmou sua posição, dizendo que não tinha nenhuma intenção de criar um caos no país, e que, ao contrário, colaborou ativamente para a transição de governo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Eu fiz um vídeo pedindo que os caminhoneiros desmobilizassem. Não tinha intenção nenhuma em parar o Brasil ou criar um caos", afirmou.
Além disso, o ex-presidente recordou o pronunciamento que fez no Palácio da Alvorada em novembro de 2022, quando convocou a população para manifestações pacíficas, condenando atos violentos e a obstrução de vias. Ele também mencionou reuniões que teve com José Múcio Monteiro, futuro ministro da Defesa de Lula, e garantiu que atendeu a todos os pedidos de apoio relacionados à transição, incluindo a nomeação dos comandantes militares indicados pelo novo governo.
Bolsonaro, que optou por não comparecer ao STF na quarta-feira, justificou sua ausência, alegando que já sabia da decisão e que sentia que havia algo "pessoal" contra ele. "Eu sabia o que ia acontecer", disse. Ele assistiu à transmissão do julgamento no gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Urnas eletrônicas
No mesmo pronunciamento, o ex-presidente levantou novamente suspeitas sobre as urnas eletrônicas. "Não sou obrigado a confiar, a acreditar no programador. Confio na máquina, não sou obrigado a confiar no programador", disse. Essas declarações, sem comprovação, relembram o discurso de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2022, quando questionou repetidamente a integridade do sistema eleitoral brasileiro.
A minuta do golpe
Bolsonaro também comentou sobre a "minuta do golpe", documento encontrado durante as investigações, que descrevia uma intervenção das Forças Armadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente negou que tenha assinado o documento e afirmou que, para dar andamento à ideia, seria necessário convocar os conselhos da República e da Defesa, o que, segundo ele, não ocorreu. "Golpe não tem lei, não tem norma", declarou.
Com a decisão do STF, Bolsonaro e seus aliados agora enfrentarão um processo penal, que poderá resultar em condenações e até prisões. O julgamento deve ocorrer ainda neste ano, com o objetivo de evitar que o caso influencie o cenário eleitoral de 2026. A expectativa é que o julgamento da ação seja concluído de forma célere, dada a gravidade das acusações e o impacto potencial no cenário político brasileiro.
Os oito réus que foram oficialmente acusados, além de Bolsonaro, incluem figuras-chave de seu governo, como o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Eles são descritos pela PGR como o "núcleo crucial" de uma tentativa de ruptura democrática.



