Dom, 14 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Blog da Folha

Com chuva pela manhã, eleitores deixam voto para a tarde

Muitos santinhos espalhados no chão em frente à Escola Assis Chateaubriand, em Brasília TeimosaMuitos santinhos espalhados no chão em frente à Escola Assis Chateaubriand, em Brasília Teimosa - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Recife acordou com chuva e, até o final da manhã deste domingo (7), a maioria das seções eleitorais registravam poucas filas. O fluxo aumentou na parte da tarde, perto do fim da votação. Muita gente vestiu camisetas vermelhas ou verde-amarelas, em alusão aos principais candidatos à presidência.

Por onde passou, a reportagem da Folha de Pernambuco não viu panfletagem de boca de urna, mas no Carmo, em Olinda, e em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, percebeu muitos folhetos jogados no chão, enchendo de lixo os arredores dos locais de votação.

Brasília Teimosa
Logo às 8h, pouco depois que as urnas foram abertas, estava tudo calmo em Brasília Teimosa. Nas seções eleitorais da Escola Assis Chateaubriand, as filas tinham pouca gente. De acordo com Kleber Montarroyos, que atuou como administrador do local de votação, a tranquilidade foi fonte de surpresa. "Esperava mais gente", confessou. 

Vizinha à Assis Chateaubriand, a Escola João Bezerra, com suas 15 seções, é um dos maiores locais de votação em Brasília Teimosa. As filas estavam mais concorridas;  porém, o administrador do prédio, Luiz Arruda, declarou que até por volta das 9h30 nenhum contratempo havia havia sido registrado.

Entre os que aguardavam para votar, estava a empregada doméstica Fátima Santos, de 52 anos. Ela se dirigiu ao local no início da manhã, acompanhada de seu neto de seis anos, Mateus Felipe, e disse à equipe da Folha de Pernambuco que já tinha todos os candidatos definidos, e que acha importante exercer o direito ao voto.

Fátima Santos foi votar com o neto Mateus Felipe, em Brasília Teimosa

Fátima Santos foi votar com o neto Mateus Felipe, em Brasília Teimosa - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco


 

Santo Amaro
Nas oito seções da Escola Sizenando Silveira, no centro do Recife, o movimento também estava tranquilo. Administrador do local de votação, Hugo Sandres disse que a tendência é que o movimento seja maior à tarde. A enfermeira Nathalia Barreto, de 32 anos, disse que seu pai é candidato e, por isso, preferiu votar logo cedo e poder acompanhar os resultados da eleição .

A aposentada Enilda Costa Cardoso, de 64 anos, declarou que foi exercer a sua cidadania e expressar sua opinião sobre o que está acontecendo no País. "Quero escolher o candidato que julgo que vai fazer o melhor pelo Brasil", afirmou. Enilda foi acompanhada de um filho com necessidades especiais e disse que teve muito medo de sair de casa.

A razão do seu temor eram as notícias que viu hoje nas redes sociais e via WhatsApp, em que se falava de guerra civil e intervenção militar. Segundo ela, algumas chegavam até a orientar as pessoas a estocar comida em casa. A aposentada relatou ter acordado às 5 horas da manhã, mas só se decidiu a sair de casa quando olhou pela janela e teve certeza de que não havia ninguém atirando.

À reportagem da Folha de Pernambuco, Enilda mostrou, no seu celular, alguns canais do YouTube onde essas informações estão circulando. Um dos vídeos tinha o sugestivo título de “O Último Domingo de Paz”. Num outro canal, “Filho de Yeshua”, está sendo veiculado um vídeo sobre uma pretensa profecia em que o Exército assume o poder no Brasil. "È um absurdo que haja pessoas espalhando esse tipo de boato, que pode prejudicar seriamente quem sofre de distúrbios", queixou-se Enilda.


Graças
No Colégio Agnes Erskine, na avenida Rui Barbosa, funcionam 15 sessões eleitorais. O administrador de prédio, Gustavo Varella, avaliou que, por conta da chuva de hoje de manhã, menos eleitores compareceram ao local. "De qualquer forma, a tendência da maioria das pessoas é deixar para votar na última hora", disse ele.

Muitas pessoas expressavam suas preferências por meio de camisetas e adereços. O autônomo André Luiz Vale Brito, de 46 anos, compareceu enrolado com uma bandeira do Brasil. "O clima está ótimo e pacífico. Muita gente buzinando em apoio, quando me vê passar com a bandeira", comemorou.

No Agnes, chamou a atenção o fato de que pessoas que poderiam optar por não votar fizeram questão de exercer seu direito à cidadania. Foi o caso do médico Franklin Lyra, de 79 anos, que até hoje atua profissionalmente. Franklin foi à seção eleitoral junto com a esposa, a dona de casa Laura Lyra, de 74 anos. "Enquanto eu estiver consciente e andando, venho votar", declarou o médico.

A professora aposentada Dione Neves, também de 74 anos, provocou gargalhadas na entrada de sua seção. Cirurgiada, ela compareceu usando máscara e buscou na lista de candidatos, de última hora, os nomes daqueles em quem iria votar. "Não tenho nem papel, vou anotar na mão mesmo", brincava, enquanto tecia comentários sobre os eventuais escolhidos.

Deficiente visual total, o comerciante aposentado Edson Bezerra Azevedo, de 68, não deixou nenhuma dificuldade impedi-lo de ir exercer seu voto. "Gosto de votar logo cedo", afirmou ele, que disse ainda estar triste com o clima tenso, de muita briga,. "Só percebo ódio e desgraça nas redes sociais e nas ruas. As pessoas não estão votando com a razão, só com o coração", afirmou.

Casa Forte
No Colégio Sagrada Família, na Praça de Casa Forte, as filas estavam maiores no fim da manhã, mas a votação correu com tranquilidade. Lá também há 15 seções, configurando um dos maiores locais de votação da Zona Norte. Tradicional ponto de boca de urna e espaço de comemoração, a praça estava vazia por volta das 11h da manhã. "Acho que a culpa é da chuva", disse Luciano, dono de um fiteiro na esquina com a igreja de Casa Forte, que aproveitou para vender águas e doces aos passantes.


Fila no Colégio Sagrada Família, no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife

Fila no Colégio Sagrada Família, no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

 

 

Olinda
No bairro do Carmo, em Olinda, dois colégios concentraram a votação na manhã do domingo. A calçada da Escola Sigismundo Gonçalves estava lotada de "santinhos" espalhados pelo chão. Concentrando sete seções eleitorais, o espaço estava bem movimentado. "Está puxado, porque houve mudanças nas seções. Tem muita gente perdida e agora há mais pessoas votando aqui", explicou a administradora do local de votação, Sandra Luiza.

A contadora Carmen Parente, de 45 anos, mora perto da Sigismundo Gonçalves e optou por comparecer lá na hora do almoço. "É mais tranquilo", explicou. Carmen disse que achou o clima da eleição bastante calmo. "Pelo menos, até agora ninguém me xingou pelo fato de estar vestida de vermelho", salientou. O produtor Roberto Lessa, de 74 anos, votou no Colégio São Bento, do outro lado da rua. "Faço questão de vir, cada voto é uma vantagem para nós. Eu mesmo consegui mais de cem", comentou.

Trajando lilás e com vários adesivos alusivos ao PSOL, a advogada Katarine Araújo, de 29 anos, elogiou a organização da zona eleitoral montada no São Bento. "Não peguei nem fila", destacou. Katarine comemorou junto com a Caravana do PSOL, que passou pelo São Bento no final da manhã, congregando a candidata ao governo estadual (Dani Portela), ao senado (Eugênia), a deputado federal (Ivan Morais) e a deputado estadual (mandato coletivo Juntas). "Estou confiante de que vamos eleger uma bancada forte e de que no segundo turno teremos a tarefa de explicar o que é democracia para os indecisos. Não é mais questão de esquerda ou direita, é escolher entre a democracia e o fascismo", declarou Ivan Morais.

Muitos santinhos espalhados no chão em frente à Escola Sigismundo Gonçalves, em Olinda

Muitos santinhos espalhados no chão em frente à Escola Sigismundo Gonçalves, em Olinda - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Veja também

Newsletter