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Discursos da Alepe repercutem operação nas favelas do RJ 

Operação Contenção vitimou ao menos 120 pessoas e é considera a mais letal do estado  

Plenário da Assembleia Legislativa de PernambucoPlenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco - Foto: Jarbas Araújo / Alepe

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A operação que culminou em mais de 130 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, foi tema dos discursos da tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta quarta-feira (29). Durante o pequeno expediente, o deputado João Paulo (PT) abriu os trabalhos da Casa criticando a atuação do governo de Cláudio Castro (PL) na chamada Operação Contenção, ocorrida ontem (28). 

De acordo com informações dadas pelo secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, foram confirmados ao menos 120 mortos. Entre eles, 116 civis e quatro policiais.

“A pretexto de combater o crime, o Estado não pode promover um massacre que culminou com a morte de mais de 110 pessoas. Isso não é política de segurança, é uma declaração de guerra contra comunidades pobres”, afirmou o deputado. 

O foco da operação era cumprir 100 mandados de prisão de integrantes do Comando Vermelho, principal facção criminosa presente nas regiões onde ocorreu o conflito. Os 120 corpos deixados na Praça São Lucas, no Complexo da Penha, que recolhidos por moradores das áreas de mata da região, ainda não tiveram ligação confirmada com o tráfico.

Segurança

O deputado, que também é membro da Comissão de Direitos Humanos da casa, criticou a condução da segurança pública no Rio de Janeiro, sob o comando do governador Cláudio Castro (PL), a quem classificou como “um dos governantes mais sanguinários do país”. Para ele, a operação revela falta de planejamento, de inteligência e de respeito à vida humana.

“Política de segurança exige inteligência, preservação do território e planejamento real. O que vimos foi o oposto, um atestado de incompetência e de desprezo pela vida”, disse.

João Paulo ainda comparou as execuções ocorridas nas favelas a uma “pena de morte informal”, já que foi aplicada a pessoas sem julgamento ou direito à defesa, e nem certeza de envolvimento com o crime. 

Guerra

Em contra-partida, o deputado Joel da Harpa (PL), aproveitou o tempo de tribuna para dar os parabéns ao seu correligionário, o governador do Rio de Janeiro. Para ele, o que aconteceu ontem nas favelas do Rio é o resultado de um estado forte, que tem coragem de enfrentar a crise. 

“Eu prefiro que morram os criminosos, mas que fiquem vivos os cidadãos de bem e os policiais. Isso é defender a sociedade”, completou.

Ele afirmou que as imagens das favelas “são cenas de guerra” e criticou parlamentares e lideranças que, segundo ele, “defendem bandidos travestidos de vítimas sociais”. 

Dos corpos, que ainda estão em processo de contagem, nem todos foram devidamente identificados. Além das mortes, a operação apreendeu 93 fuzis.  

Política

Ainda sobre a repercussão na casa, o pronunciamento da deputada Dani Portela (PSOL) deu continuidade à crítica à ação policial. No discurso proferido no plenário, Dani classificou a ação como parte de “uma política de extermínio”. “Em uma política de extermínio, não se enfrenta as causas estruturais do problema da violência”, afirmou a deputada.

Dani Portela criticou a falta de ações como o corte de fornecimento de armas, o bloqueio de movimentações financeiras e de lavagem de dinheiro, e a punição dos financiadores do crime organizado, que, segundo ela, muitas vezes moram em “áreas altas”.

A parlamentar relatou ainda casos individuais para ilustrar o que classifica como erros de inteligência e execução da operação. “Não há vitória numa operação que mata 132 pessoas. Mães perdem filhos, filhos perdem pais, a sociedade perde o Estado democrático de direito”, discursou.

No pronunciamento, a deputada defendeu alternativas à escalada militarizada, citando a proposta de um Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) que integre esferas municipais, estaduais e federais, e criticou a ausência de urgência e serenidade do Legislativo para discutir uma PEC que trate segurança pública com profundidade. 

Com as perdas da operação, é discutido que os investimentos em inteligência mais eficazes e menos danosos do que operações com alto número de mortos.

 

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