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João Campos: "A democracia precisa entregar resultados"

Prefeito do Recife e presidente nacional do PSB deu entrevista aos jornalistas Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde

Prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João CamposPrefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos - Foto: Reprodução do YouTube

Em entrevista que durou pouco mais de uma hora ao programa Reconversa, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), apontou falhas da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deu sugestões de como corrigi-las. Registrou que comunicação precisa estar integrada à gestão, sinalizou a necessidade de não deixar adversários desfrutarem de investimentos do governo federal e ilustrou como montou a equipe para ajudá-lo a governar a capital Pernambucana. Na conversa com os jornalistas Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde, exibida na terça-feira (24) e disponível no YouTube, traçou os caminhos para aproximar-se dos evangélicos, sendo católico praticante.

Engenheiro civil, o presidente nacional do PSB usou termos como elasticidade e plástica, para referir-se à democracia e autoritarismo em um proccesso de polarização. Fez vários alertas ao campo progressista e destacou a necessidade de entregas. "A democracia precisa entregar resultados, e se afirmar a cada dia. Ou não adianta a gente defender as nossas teses se no meio da rua as pessoas não compreendem como é que isso muda a vida delas".

Origem
Não adianta você ser filho de. Pode ser um orgulho ou não, você ser filho de alguém. Não é porque você é filho de um grande músico que será um grande músico. Tem que ter natureza e vocação para a coisa. Agora a chance de você ser um grande músico é muito maior. Porque você, certamente, viu seu pai, sua mãe tocando, teve curiosidade, teve um bom professor. Vejo com naturalidade. A partir do momento, no meu caso, em que você assume uma cidade, você é prefeito de uma cidade, pouco importa quem é seu pai, quem é sua mãe. O cidadão quer que você entregue, que você faça acontecer.

Duro no jogo político
Primeiro, acho que ser duro não significa ser arrogante, ser intransigente. E aí tem um lado muito que eu herdei da minha mãe. Quando você tem convicção das coisas, você escuta, formula e pensa. Você tem que ter clareza e dizer o que quer. Eu me considero uma pessoa generosa, mas uma pessoa que sabe ser dura na hora certa. E na política isso é preciso. Precisa muitas vezes se impor, colocar de forma mais altiva, até para ser levado a sério em determinadas circunstâncias. 

Leitura do jogo
E precisa fazer leitura do cenário. Eu digo sempre que não tem como acertar um prognóstico se não tiver um diagnóstico correto. E numa caminhada eleitoral, principalmente, não basta só acertar. Você pode fazer o dever de casa todo certo. Mas se seu adversário estiver em vantagem e fizer também um caminho correto, ele ganha de você, mesmo você tendo acertado tudo. O que é que isso significa? Que valem muito os erros que os outros cometem. Então, para cometer menos erros, precisa ter uma avaliação muito crítica das coisas. 

Combate digital
E acho que é um erro que o nosso campo político tem cometido de não fazer a leitura correta das coisas, de não parar para fazer uma autocrítica, uma avaliação, ou menosprezar. Então, por exemplo, o combate digital que a direita tem não só aqui, mas no mundo inteiro. Durante muito tempo isso foi negado. Se disse que não tem força, que o impacto disso é diminuto na eleição majoritária, porque tem televisão, porque tem outro tipo de repercussão. E é preciso ter a compreensão de que essas coisas existem. Você pode até não concordar com elas, pode até achar que são utilizadas de forma equivocada, que não tem um aparato legal sendo utilizado. Mas se existe, você tem que ter uma leitura. Como é que você combate? Como ganhar uma disputa num campo onde essa arma passa a valer? Essa capacidade de leitura é uma das coisas mais difíceis da política de hoje. E não só a esquerda, o campo progressista. Existe um status quo da política fazendo leitura errada.

 

Prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos, e os jornalistas Walfrido Warde e Reinaldo Azevedo

Esquerda analógica
Veja, não diria que é analógica. Agora existe um fenômeno de informação e desinformação que tem muito mais força na direita. Por alguns fatores. Um deles é você não ter compromisso com o técnico, com o científico, com o verdadeiro. E a desinformação é muito mais rápida do que a informação. Imagina, você é jornalista e vai soltar algo. Tem que apurar, dar direito ao contrário. Tem que ligar, esperar uma nota para poder formular. Passa por uma editoria, discute. Isso leva quanto tempo? Hoje em dia não. É eu acho que é isso, pronto. Botei, em 10, em 15 segundos faço ali duas linhas, dou enter e está publicado na rede social.

O oportunista
E ainda existe um tempo de transição, de transformação. Ele é muito mais desafiador. Porque você convive com mundos diversos. Tem o campo tradicional da imprensa e a rede social desenfreada, e essas duas coexistem. E não é um privilégio do Brasil nem é um privilégio da esquerda. O próprio centrão é muitas vezes dissociado do que a população espera. Muitas pautas corporativistas ou sem apelo popular, não tem compreensão na ponta. Não é algo apenas de campo ideológico, mas é algo de desconexão com o sentimento da rua. E isso é muito grave porque vem pelo oportunismo. Então quem coloca o antiestablishment, quem enfrenta isso, normalmente é um grande oportunista. Um exemplo grotesco para explicar isso: você diagnostica uma infestação de ratos na casa e toca fogo na casa. Não vai acabar com os ratos. Acaba com a casa e com tudo que há dentro. Soluções como essas são, normalmente, de vias autoritárias. A casa seria um ambiente democrático.

Elasticidade e plástica
A demcracia tem uma linha elástica. Muitas vezes as pessoas acham que essa elasticidade democrática é infinita. Tem um um momento que você vai tendo, o que seria na engenharia, uma deformação plástica. A deformação elástica ela vai e volta. A plástica fica. Essa linha democrática vai ficando mais fina e mais deformada. O grande corte que eu colocaria num ambiente tão polarizado é que você tivesse um corte democrático. Não dá para tolerar atitudes autoritárias e antidemocráticas. Porque isso é contra a própria essência de um sistema que elege as pessoas, que dá o direito ao contraditório, às minorias. É muito grave. O grande problema é que se vai relativizando, Você dá dois passos à frente e um atrás. É muito grave essa permissividade dada a um viés autoritário. O mais grave é que isso mostra uma falência do próprio sistema, o sistema partidário, o sistema eleitoral. Porque isso é gestado no ventre da democracia, dos partidos políticos, dos mandatos eletivos.

Desvirtuação
Você tem uma desvirtuação plena da democracia. Eu lembro que há uns cinco anos eu tava vendo uma manifestação democrática, bem à direita, pedindo  intervenção militar. Disse: Meu Deus, que contraditório. Pedir isso só é possível numa democracia. Isso chega a ser, com todo o respeito, burro. Você está usando o direito que você tem para pedir algo que não permitirá você fazer aqui. É um tempo difícil.

Como sair disso
Primeiro, não pode retroalimentar. É um erro. Tem uma parte de democratas que retroalimentam esses discursos porque tem um bom viés de repercussão eleitoral, principalmente nas eleições proporcionais. Você alimenta isso, porque esses nichos se retroalimentam. Mas qual o problema? A maioria dos problemas e das soluções não estão nessas pontas, nem na ponta da esquerda, nem na da direita. E a governabilidade também não está nessas pontas. Você não tem maioria para governar com a direita radical, nem com a esquerda radical.

Esquerda radical
Seriam posições mais extremadas. Gente que não compreende que às vezes é preciso ceder de um lado para garantir uma conquista do outro. É a posição de alguns partidos, a exemplo do PSOL. Tudo bem ter uma posição. Mas não é o que eles defendem, é o que eles constroem, tem todo o direito e legitimidade de fazer. Você imagina governar uma cidade, um país ou um grande estado a partir de uma posição dessas? Vai ter que ceder de alguma forma. Essa tese não se sustentará numa governabilidade prática no sistema de hoje do Brasil. E esse é o grande desafio.

Sem enfrentamento
A minha tese mais pro curto prazo é que se o Brasil fosse tratado como se governasse uma cidade, talvez você tivesse uma capacidade maior de enfrentar discursos ideologizados de forma extrema ou autoritário. Porque você consegue mostrar resultado concreto. E é isso que eu acho que o governo tem que fazer. Não adianta o governo entrar nessa tese de disputar narrativas, por mais que você tenha a posição contrária. Você não pode disputar uma narrativa ideologizada, porque a maioria da população tende para um caminho mais conservador. Isso pode mudar, mas hoje o fato é esse.

Progressistas e factoides
Trace uma linha na Bahia. Da Bahia para cima, com exceção de alguns estados do Norte, você tem uma posição mais para a esquerda. Vai para baixo, mais para a direita. Eu acho que hoje você tem uma diferença que são as regiões metropolitanas. Os rincões do Nordeste estão mais para a esquerda. Os rincões do Sul mais à direita. Mas as regiões metropolitanas têm uma posição muito parecida. Porque têm problemas urbanos muito parecidos. A violência é um grande problema de qualquer metrópole brasileira. E qual é a pauta que a esquerda tá oferecendo à segurança? A direita também não oferece. As pautas que tem são factoides, no discurso de redução da menoridade, porte de arma, nada disso é política estruturada de segurança, mas tem que ser enfrentado.

Mais entregas
A grande defesa da democracia hoje não é você apenas falar o que é democracia. Até porque se a gente perguntar à maioria da população brasileira o que é a democracia, ou de que vale a democracia ou qual o significado dela na sua vida, as pessoas não estão preocupadas com isso. Elas querem saber como é que a vida melhora, como é que tem alguém governando que cuida da vida dela. A gente precisa fazer com que a democracia entregue mais.

Sem enfrentamento
O campo progressista precisa ter a capacidade de fazer essa leitura, e não ir por esse discurso do enfrentamento, que é o que eles querem, porque têm vantagem nas redes. Quando tiveram a oportunidade de governar o Brasil, o que eles fizeram de estruturante, de política de transformação digital, de capacidade de desenvolvimento regional, de pesquisa e desenvolvimento, de fortalecimento da academia brasileira? Nada. Então, a gente tem que ir para esse campo do concreto e muitas vezes não se está indo.

Aliança ampla
Fui eleito em 2020, com 56% dos votos no segundo turno. Recife não é uma terra que dá muito voto a alguém. O recorde era 56%, eu tive 78%. Na primeira eleição, eu tive 56% dos votos válidos no segundo turno e tive 30% dos votos totais. Todo dia eu acordava e lembrava que não tinha tido o voto da maioria. Quem quer constituir maioria trabalha para juntar e não para dividir. Trabalhar para trazer quem pensa diferente, para acolher quem não votou em você e que pode passar a votar. Eu gastei minha energia, muito tempo, trazendo pessoas que não concordavam, que não votavam, que tinham desconfiança para trazer para perto.

Primeiro a população
Na semana final da eleição, no nosso último track, eu tinha 80% dos votos, na pesquisa. 80% do voto dos evangélicos, 94% dos votos dos eleitores de Lula e 65% dos eleitores de Bolsonaro, eu disputando pelo PSB e meu vice pelo PCdoB. Então, tem como fazer. Se eu tivesse adotado uma postura de não querer fazer aliança ampla, não trazer o centro da população para perto, porque não é trazer os partidos do centro primeiro, eles vêm. Tem muitos quadros bons, tem partidos bons. Mas você precisa fazer uma aliança com a população, depois a política vem. Eu não teria conseguido construir esse resultado.

Convicção e votos
O que está se passando hoje no Brasil, inclusive com o próprio governo do presidente Lula, é não entrar na pauta dos outros, é fazer a sua pauta. E a pauta tem que está num ambiente mais amplo, porque o dever de construir a maioria é primordial para ganhar a eleição. Você pode ser a pessoa mais convicta do mundo. Se você não tiver a maioria dos votos, você não ganha a eleição.

Conversa com a direita
Clarco que conversei com a direita. Eu falei a minha pauta que sei ter convergência com a pauta da direita. Mas eu não fiz a cartilha puro-sangue que a direita faz, porque não precisa. E porque também acho que a imensa maioria dela não deve ser plataforma eleitoral. A puro-sangue, se você for fazer um debate ideologicizado, são todas as pautas de gênero, de costume. 

Evangélicos
O que eu tenho é uma relação de contato e de amizade com diversos líderes evangélicos. Vou a aniversário, a celebração de Natal, a ação solidária que eles fazem. Recebo na prefeitura, tenho um grupo na prefeitura para cuidar de questões administrativas (das igrejas evangélicas). Tem igreja com 500 unidades em Recife. Nenhuma empresa da cidade tem 500 unidades, filiais, franquias dentro de uma cidade. Você tem um entrave burocrático gigante de licenciamento, cobrança de PTU, taxa de lixo, regularização desses equipamentos. O simples fato de você sentar e falar, você está tratando uma entidade de forma digna e criando relação de proximidade com correção, com decência. Isso gera confiança.

Ações
Ninguém é só evangélico. O evangélico mora em algum local, tem uma praça, tem família, seu parente estuda. Então vamos lá. Eu tive 93% dos votos no bairro do Ibura, local do Recife que tem mais evangélico. Lá, eu fiz um Compaz, um centro comunitário da paz, que por sinal o nome é Paulo Freire. Fizemos mais de 50 milhões de investimento em proteção de encosta na área. Construímos a segunda praça da infância da cidade, uma praça supermoderna. Oferecemos mais de 2 mil vagas de creche na região. Expandimos a cobertura de saúde, reformamos as unidades. Fizemos mais de 300 escadarias na área.

Voto selado
Quando chegar perto da eleição, o pastor vai dizer: 'pode votar em quem quiser. Só não vote em quem é contra Deus ou quem é contra a igreja ou quem vai acabar com a igreja'. Você tem que ter feito uma trajetória para que a pessoa não tenha dúvida e diga: "Ele não é evangélico, não é da minha igreja, mas tenho certeza de que é amigo da gente'. Isso para mim é o que sela o voto. Dá trabalho fazer isso, mas é a única forma em que acredito ter conseguido chegar a 80% do voto da população evangélica, sem fazer a cartilha clássica e tendo a confiança deles.

Renda como recorte
Quando eu olho, por exemplo, o maior recorte da minha votação no Recife, eu ainda diria que é renda. Há um reconhecimento muito maior da baixa renda no trabalho que eu faço. Por quê? Porque 70% do que eu investi foi na periferia. Estou aqui para para defender e cuidar de todo mundo, mas tenho que fazer mais por quem precisa de mais. Ponto. Mas isso não me impede de conversar e de fazer por todo mundo e trazer também quem não estava no primeiro momento.

O símbólo e o concreto
Vai parecer um pouco contraditório, mas a gente vive um tempo do símbolo e do concreto. O símbolo vale muito e o ato concreto também. E na minha visão, muitas vezes o governo federal tem um sinal trocado. Vocês tem dúvida de que o presidente que mais abriu o mercado global para o agro brasileiro foi o presidente Lula? Isso é concreto. Aí, ele faz o mais difícil que é o concreto, mas manda o símbolo pro agro errado. Ele vai e fala mal do agro, pontual. Mas esse simbólico, derrete o concreto que foi feito. Isso tem atrapalhado muito. Na minha visão, tinha que fazer uma agenda direcionada para esse público.

Amenizando o detrator
Você vai disputar uma eleição. Você consolida o que você tem, vai atrás do indeciso e depois atrás de quem não está com você. Mas no tempo de hoje, você tem que amenizar o detrator. A população evangélica e o agro são detratores do presidente ou não? Então, você precisa ter uma pauta para amenizar isso. Não é você converter, para eles serem seus eleitores. Mas só o fato de ele não ter um gosto ruim, um ranço, já ajuda. Mas uma democracia não é um totalitarismo. Não é para ninguém ser unânime. A oposição é fundamental em uma democracia, mas é preciso ter capacidade de construir maioria. E é preciso quem está na cadeira do governo construir isso.

As obras no PAC
Imagina o que seria se você pegasse das 27 capitais do estado, as três principais obras dessas cidade. Digamos que uma ou duas você tivesse uma ação direta e fosse uma obra do presidente Lula. Tem dúvida de que a narrativa era outra do governo? Eu botaria obra em andamento ou obra que estava para ser licitada. O que acontece? Ele chega com um prefeito, pergunta quais são as três obras mais importantes. Aí o cara pensa nos sonhos. Daqui que ele tire do papel são três anos, acabou o governo. Qual é a obra que você está fazendo que é importante para a cidade? Essa obra. Pronto, o governo federal vai entrar. E ele entrava mesmo que no meio da obra, mas ele entrava com a coparticipação e aquela obra sairia. E não era uma coisa que você ia desenhar, fazer projeto, licitar.

Comunicação e integração
Já conversei com Sidônio (Palmeira, ministro-chefe da Comunicação), são muito mais conversas informais. Mas eu diria que o desafio não é só comunicação, é integração. Você tem a política de comunicação e gestão, é a base de qualquer governo. Tem que ter, além de uma base, uma integração. Por exemplo, eu tenho um núcleo de gestão, e faço monitoramento regular das ações, das metas prioritárias. Nesses monitoramentos, eu tenho sempre a presença da comunicação, acompanhando a reunião também. E aí eu digo: quando fizer isso, a gente vai anunciar, depois a gente vai fazer dois ou três atos desse tipo daqui para as pessoas entenderem. Isso faz diferença.

Prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos

Benefício para adversáros
Outro exemplo, e eu falei isso pra Sidônio e pra Padilha (Alexandre Padilha, ministro da Saúde). Você vai ter um programa da saúde muito grande. Agora tem especialistas. Ele é muito bem desenhado. São 10 eixos. Mas eu disse: em quantos equipamentos federais o paciente vai fazer algum tipo de atendimento? Praticamente nenhum. Quantos hospitais federais do Brasil tem? Alguns poucos universitários. O que vai acontecer? Ele vai mandar para São Paulo x milhões de reais para um mutirão de exame, vai doar três máquinas de radioterapia de não sei quantos milhões, vai fazer um pacote de muitos milhões de reais. O prefeito vai pegar aquilo dali e vai lançar como iniciativa dele. Tem dúvida de que vai acontecer isso? Não vai nem citar o governo federal, que preparou toda a estrutura, e quem vai ofertar é o adversário dele.

Experiência do usuário
Então, o que é que eu faria? Você tem que ter um profissional de UX, de experiência do usuário, para fazer isso. Eu fiz isso, porque entendi quando fui fazer os mutirões de cirurgia e exames. A gente vai fazer isso tudo, gastar 35 milhões e ele vai para um hospital da Santa Casa, um hospital filantrópico. Ele não sabe que que ele está fazendo pela prefeitura.  Aí você tem que dizer: "Você vai fazer parte de um mutirão que graças a um investimento de 35 milhões da prefeitura, você vai ter acesso". A pessoa vai dizer: "Caramba, eu tava muito tempo esperando, mas agora lembraram de mim". Então, muda a percepção+ das pessoas. Isso é transparência, isso é você informar o que é que tá acontecendo. Se não tiver uma equipe de UX, experiência do usuário, pensando nisso, as pessoas não vão saber que foi o presidente Lula que fez.

Equilíbrio
Eu tenho uma equipe que tem pessoas com experiência e pessoas jovens. Fiz um time equilibrado,. Você pode equilibrar em um extremo e no outro extremo. Eu peguei pessoas pessoas com muita experiência e certa tradição na gestão e pessoas muito ousadas. E a média disso dá equilíbrio. E disse à minha equipe: "Não quero inventar a roda". Eu quero que vocês olhem aqui 10 governos de capital, bem-sucedidos e mal-sucedidos. Quem ganhou com 70% ou mais. O que essa turma fez em comum.

Erros e acertos dos outros
Eu quero aprender com o erro dos outros e com o acerto dos outros. E vi duas coisas, do ponto de vista de gestão fiscal: equilibrar a despesa com pessoal e aumentar a capacidade de endividamento para fazer a operação de crédito de longo prazo. No primeiro ano, fiz um contingenciamento grande, subi a nota de crédito do município e rodei um plano de investimento de longo prazo. Vi isso com 30 dias de gestão. Se eu não tivesse feito isso no início, não ia ter dado tempo de fazer.

Dá para fazer
Quero dizer que estou animado. Acho que esse momento tão diferente que o mundo está passando, ruim por um lado, mas isso está gerando oportunidade para o Brasil. E na política, como diria a minha mãe, tem que ter juízo, fazer o dever de casa bem feito, ter a capacidade de compreender aquilo em que a gente falha. A democracia precisa entregar resultado, e se afirmar a cada dia, ou não adianta a gente defender as nossas teses se no meio da rua as pessoas não compreendem como é que isso muda a vida delas. A gente precisa ter um senso de praticidade grande para resolver. Quem está no executivo. seja de uma cidade, um estado ou no país, precisa fazer isso, dá para fazer.

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