"Justiça está cumprindo seu dever de casa", diz Luciana Santos sobre julgamento de Bolsonaro
Ministra também comentou sobre a interferência de Trump na política brasileira
A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que participa do Fórum Nordeste 2025, no Mirante do Paço, no Bairro do Recife, na manhã desta segunda-feira (1º), comentou sobre o julgamento de Jair Bolsonaro e a preocupação do governo com a intensificação das sanções de Trump.
"O presidente Donald Trump quando publicou aquela carta do anúncio do tarifaço de 50% [aos produtos brasileiros], abriu a carta dizendo que isso tinha a ver com essa situação do julgamento de Bolsonaro. Primeiro que isso é uma ingerência completamente indevida. Imagina-se aquele acontecimento do Capitólio, que no caso foi contra Obama e que o próprio Trump incentivou, talvez ele se veja nesse espelho. No espelho de alguém que fez o que ele fez quando perdeu as eleições", comentou a ministra.
Julgamento de Bolsonaro
"O que o julgamento vai fazer e tá fazendo é comprovar o plano que houve de golpe de Estado. Não foi só uma atitude de pessoas alopradas ou desavisadas. Existia um plano que foi totalmente comprovado com todo o processo das provas, dos diálogos, das cartas, dos bilhetes que comprovaram não só a intenção de reverter através da força o resultado democrático e a escolha democrática do povo brasileiro, como até plano de assassinato de do presidente Lula, do Alckmin, do Alexandre Moraes, revelando algo inaceitável, muito grave, que se fosse só uma tentativa de golpe já seria, imagine com um plano de assassinato", avaliou Luciana Santos.
"Essas questões dizem respeito à justiça brasileira, que está cumprindo o seu dever de casa, está cumprindo o que tem que cumprir, que é defender a Constituição brasileira e defender o direito do povo de escolher os seus representantes. Então, não tem que Trump interferir sobre isso, isso é inegociável, ataca a soberania nacional. E o Brasil é dos brasileiros, não pode alguém dizer como deve, como deve agir. É a justiça brasileira. E o tarifaço nós estamos negociando, isso sim é negociável", destacou.
Medidas econômicas
Nós e claro, é, recorremos já a Organização Mundial do Comércio, já fizemos uma operação de salvação das cadeias produtivas que estão sendo impactadas. É, eles anunciaram que são 700 itens que ficaram fora. O que é positivo é que esses itens são exatamente os itens de maior valor agregado. Estranhamente eles, eles aumentaram as taxações exatamente da parte de commodities. Isso é completamente fora de qualquer lógica, um negócio meio irracional. Mas que nós estamos procurando dar passos numa perspectiva de reagir à altura", frisou Luciana.
"Nós não vamos nos submeter a qualquer tipo de interferência do interesse nacional. Vamos abrir novos mercados, como o presidente Lula tem feito desde o início. A nossa relação comercial com os Estados Unidos ao longo dos anos, ela foi diminuindo. Hoje ela representa 12% da relação comercial brasileira, mas nós queremos manter porque são 200 anos de relação diplomática em que não não não há nenhum interesse do nosso país de isso de isso que isso se interrompa", pontuou.
Penso que e o nosso governo tem tido uma atitude correta, altiva, ativa e o julgamento de Bolsonaro é uma responsabilidade da justiça e deles próprios que precisam é explicar o que fizeram durante esse durante aquele período, de não respeitar o resultado das urnas. Mas é uma preocupação de que as sanções sejam intensificadas porque Trump ele não faz essa distinção, de separação de poder, de nada, ele acha que tudo é uma coisa só. Há essa preocupação, já tem uma ação, um plano do governo de tentar mitigar, antecipar essas medidas. Isso é sempre uma coisa imprevisível, porque o Trump age de maneira errática também", criticou.
Efeitos do tarifaço nos EUA
A ministra ponderou que as ações de Donald Trump estão repercutindo em seu próprio país. "Nós não sabemos até que ponto o Donald Trump vai, isso também tem a ver com a reação interna deles. Porque, por exemplo, nem mesmo ele tá achando algumas commodities como é a carne, os americanos continuam comprando a carne brasileira, apesar de estar mais cara. Isso, de certa maneira, ajudou uma deflação brasileira desses produtos", disse.
"Não sei até que ponto a engrenagem própria interna norte-americana vai aguentar os rompantes de Trump. Porque isso pode prejudicar a própria economia norte-americana. É claro que a relação com o Brasil comercial diante do que é a economia norte-americana e com tudo que eles são ou não tem um impacto e é decisivo para eles.
Reação do Brasil
Luciana Santos detalhou as ações do governo para responder aos ataques comerciais dos Estados Unidos. "Assim como também a gente tem 12% da relação comercial, nós temos outras relações com outros países e vamos abrir mais mercados. Só nesse período a gente abriu 379 novos mercados, com essa atitude altiva e ativa do presidente Lula. Então, é imprevisível, nós não sabemos, mas temos que estar preparados".
"Nós conseguimos aprovar por unanimidade a lei da reciprocidade, ou seja, nós estamos com algumas medidas que são de curto prazo, outras medidas são de médio longo prazo, por exemplo, uma questão de soberania é a superação da nossa dependência. Nós temos que ter o nossos próprios satélites que tenham mais capacidade de prever a meteorologia. Nós temos que ter mais satélites de telecomunicações que entra a minha pasta junto com o Ministério das Comunicações. Ou seja, nós estamos preparando. Agora, tudo isso são coisas de médio e longo prazo, porque essas tecnologias você não vira a chave assim rapidamente", avaliou.
Interesses das big techs
"Grande parte da economia norte-americana vem das big techs, que são essas grandes empresas de tecnologia que dominam mercados. Suas receitas correspondem a vários países do mundo e isso é o que mexe com o interesse deles, como agora o que a gente fez no Congresso Nacional que garantiu uma recomendação para combater os crimes contra a criança adolescente. Tudo isso são medidas que incomodam, mas nós não vamos deixar de fazê-las, porque isso é um interesse do Brasil", avaliou.
Soberania
"Não pode uma família se organizar vestido de patriota atacar o Brasil. Eu acho que também ele [Eduardo Bolsonaro] acabou, paradoxalmente, ajudando a desmascarar o papel nefasto que tem esses falsos patriotas que agridem o Brasil", criticou.
O Fórum Nordeste 2025 tem o patrocínio do Banco do Nordeste, Suape, FMC, Sudene, Copergás e Neoenergia. Apoio do Governo de Pernambuco, Prefeitura do Recife, Fertine e NovaBio. Como apoio técnico conta com o Sindaçúcar-PE. O evento é uma realização do Grupo EQM.
*Com informações de Carol Brito



