"Tem sido um pântano para a gente", diz Dani Portela sobre a bancada independente da Alepe
Deputada estadual foi a entrevistada desta quinta-feira (9) da Rádio Folha FM 96,7
A deputada estadual Dani Portela (PSOL) afirmou, em entrevista ao Programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7, que os parlamentares ainda estão tentando entender como vão se 'localizar' na bancada independente da Assembleia Legislativa de Pernambuoo (Alepe), que surge nesta legislatura a partir de uma alteração no regime interno da casa. “Isso é tão novo, tem sido um pântano para a gente”, comparou ela.
Segundo a deputada, a independente se trata de uma bancada de uma guarda-chuva amplo que abriga setores de direita e de esquerda, como o PL e o PT, por exemplo. “Olha só o desafio de organizar essa bancada. A gente ainda não compreendeu se essa bancada vai precisar ter um líder só ou se vai ter líderes de blocos diferentes na mesma bancada”, acrescentou.
Dani lembrou que o comum é que nas casas legislativas haja a divisão em apenas dois blocos: governo e oposição. “Esses blocos indicam líderes e vice-líderes e ali são distribuídas as comissões, são tomadas as decisões, orientações de votos para os principais projetos. Agora, você vai ter que ouvir um corpo coletivo maior que ainda está um pouco difuso”, esclareceu.
A deputada acredita que só com o tempo a Alepe vai estar com uma compreensão maior sobre essa nova bancada. “A gente ainda está compreendendo essa mudança, essa localização, embora na minha avaliação essa bancada fragilize a oposição, que é o lugar onde eu me localizo, mas fragiliza principalmente base do governo Raquel Lyra”, analisou.
Quanto ao fato de o PSOL ser oposição ao PSB e agora ambos estarem na mesma bancada, desta vez fazendo oposição ao governo Raquel Lyra, Dani disse que a atual conjuntura coloca um desafio para a sigla da qual faz parte. De acordo com a parlamentar, o campo que apoiou a governadora vai de centro à centro-direita e trouxe também a extrema-direita fundamentalista religiosa.
“É um palanque amplo do centro à extrema-direita, um campo oposto ao que estamos. Tendo em vista que aqui em Pernambuco a gente precisa fazer uma oposição à esquerda à governadora Raquel Lyra, em muitos momentos vai haver uma composição nossa com o PSB. Acredito que o diálogo com o PSB será mais fácil do que foi com o PL na Câmara dos Vereadores”, lembrou.
Comissão de Direitos Humanos
Quanto ao pleito de Dani de presidir a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, que agora a bancada evangélica, tendo à frente o deputado Joel da Harpa (PL), também tem interesse, a deputada fez alguns esclarecimentos antes de justificar o nome dela para o cargo. “A bancada evangélica que a gente está se referindo é uma bancada evangélica de direita. Quando eu chamo de fundamentalista religiosa, é porque traz essas questões para o campo ideológico. A disputa pelo que a gente chama de direitos humanos não pode se dar por esse viés”, esclareceu.
De acordo com Dani, umas das finalidades da comissão é aproximar as pessoas do Poder Legislativo, é também a que mais sai das paredes Alepe e que deve ir aos territórios. “Essa comissão abriga a defesa das pessoas que não têm acesso a todos os direitos, que historicamente são invisibilizadas, menos favorecidas”, acrescentou.
A parlamentar esclareceu que é a comissão que acompanha sistema prisional, as violências não só por parte da polícia com o cidadão, mas as sofridas por esses profissionais também; pessoas idosas, com deficiência, casos de racismo, violência contra as mulheres etc.
“O guarda-chuva dos direitos humanos não pode ser colocado numa caixinha ideológica. A bancada religiosa ou a bancada cristã acha que é importante que não estejam (em discussão) as pautas da esquerda. O que é pauta da esquerda? Falar da população LGBTQIA+ é pauta de esquerda? São vidas, existências e direitos que são violados cotidianamente, que essa comissão deve acompanhar”, detalhou.



