Testamos o Nissan Ariya: laboratório da marca no Brasil mostra tecnologias inéditas
SUV elétrico não tem previsão de vendas no Brasil, mas antecipa tendências em segurança e condução
A Nissan nos convidou para um test drive exclusivo do Ariya, SUV 100% elétrico que chegou ao Brasil não para ser comercializado, mas como parte de um projeto de pesquisa avançada sobre eletrificação e novas tecnologias.
A proposta da marca é usar o modelo como laboratório, avaliando desempenho, segurança, conectividade e tecnologias de assistência em condições reais de rodagem no país.
Impressões ao volante
Dirigir o Ariya é mergulhar em uma experiência de nova geração. O silêncio absoluto a bordo e o isolamento acústico refinado reforçam o caráter premium do SUV.
A direção é leve, mas precisa, e a aceleração imediata típica dos elétricos impressiona nas retomadas.
Em curvas e trechos sinuosos, o sistema de tração integral inteligente e-4ORCE mostrou-se eficiente, distribuindo torque instantaneamente entre os eixos e garantindo máxima estabilidade, mesmo em pisos irregulares.
Design externo e interno
O design do Nissan Ariya traduz a proposta futurista da marca, com linhas fluidas e uma frente marcada pela grade em formato de escudo iluminado por luzes de LED, que substitui a tradicional grade frontal dos carros a combustão. As rodas de até 20 polegadas e a silhueta de SUV coupé dão imponência ao modelo.
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Já no interior, o ambiente transmite sofisticação minimalista. O painel de linhas limpas, dois displays de 12,3 polegadas integrados e comandos sensíveis ao toque embutidos na madeira do console central criam uma atmosfera tecnológica e aconchegante.
Entre os destaques, estão o teto solar panorâmico, que amplia a sensação de espaço, os bancos com ajustes elétricos, que garantem conforto em longas viagens, e o retrovisor interno com câmera, solução que melhora a visibilidade e traz mais segurança.
O espaço interno de 2,77 metros de entre-eixos também é favorecido pela ausência do túnel central, oferecendo mais comodidade para todos os ocupantes.
Já o porta-malas tem 466 litros e garante versatilidade no uso urbano e em viagens.

Tecnologia e inovação
O Ariya vem equipado com um pacote robusto de tecnologias, entre elas o Nissan ProPILOT, que já oferece condução semiautônoma.
Mas o destaque vai para o ProPILOT 2.0, recurso ainda mais avançado que permite dirigir em rodovias com as mãos fora do volante por determinados trechos e até realizar ultrapassagens automáticas.
Esse sistema, no entanto, permanece desativado no Brasil devido à ausência de regulamentação para esse nível de automação.
Durante a apresentação, pudemos conhecer as funções que já estão liberadas, como controle adaptativo de velocidade, assistente de permanência em faixa e monitoramento do tráfego à frente.
Mesmo sem o ProPILOT 2.0 ativo, a sensação é de que o Ariya está pronto para oferecer mais do que a legislação atual permite.

Segurança é destaque
O SUV conta com recursos como frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, alerta de ponto cego, monitoramento de tráfego cruzado traseiro e assistente de manutenção de faixa.
A solidez estrutural também merece destaque: com baterias posicionadas no assoalho, o Ariya ganha centro de gravidade baixo, o que aumenta a estabilidade e a segurança em curvas ou situações de risco.
Laboratório em quatro versões
Para o projeto de pesquisa, a Nissan trouxe quatro versões distintas do Ariya: Engage (tração dianteira), Engage e-4ORCE (tração integral), Engage+ e-4ORCE e a topo de linha Platinum e-4ORCE.
Essa variedade de configurações permitirá à marca entender melhor como cada conjunto se comporta em condições típicas do Brasil, desde asfalto irregular até diferentes estilos de condução.
O modelo ainda conta com duas opções de propulsão: motor elétrico de 217 cv e 30,5 kgfm de torque no eixo dianteiro, ou dois motores elétricos combinados de 394 cv, 61,2 kgfm.

Autonomia: grande trunfo do Aryia
Na configuração de tração dianteira, o Nissan Ariya oferece autonomia que varia de 450 km a 610 km, de acordo com a bateria selecionada.
Já as versões com tração integral têm alcance estimado entre 430 km e 580 km, conforme o ciclo de testes WLTP.
Quando o assunto é desempenho, o SUV elétrico também impressiona: na configuração mais potente, é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 5,1 segundos, marca digna de modelos esportivos.
Concorrentes diretos
Mesmo sem previsão de venda, é inevitável comparar o Ariya com alguns rivais que já estão disponíveis no Brasil. O mais próximo é o Hyundai Ioniq 5, que aposta em recarga ultrarrápida de 800V e aceleração vigorosa, além de autonomia homologada em 374 km pelo Inmetro.
O Ariya, por sua vez, se diferencia pelo ProPILOT 2.0, recurso que o coloca um passo à frente em direção à condução autônoma, ainda que desativado por questões legais.
Além do coreano, o BYD Tang EV aparece como alternativa, oferecendo espaço para sete lugares e preços competitivos.
O Volkswagen ID.4 promete um pacote equilibrado entre design, eficiência e tecnologia, mirando consumidores que desejam migrar para a eletrificação sem abrir mão da praticidade.
E, em escala global, o Tesla Model Y é referência pela performance e conectividade, embora ainda dependa da infraestrutura para se consolidar por aqui.

O futuro da mobilidade
Ao final do test drive, a sensação é que, de fato, fica claro que o Ariya não chegou ao Brasil para disputar vendas, mas para preparar o caminho, como um tipo de laboratório de tecnologia para agregar inovação, talvez, nos próximos anos, a outros modelos já conhecidos da marca no país, servindo como uma prévia do que está por vir em termos de eletrificação.
O caminho da eletrificação no país ainda tem desafios, mas, com projetos como esse, a marca acaba abrindo um grande leque de possibilidades tecnológicas que teremos chances de testemunhar quando o mercado e a infraestrutura nacionais estiverem prontos para a redefinição da mobilidade no Brasil.



