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Black Fraude: aprenda a se prevenir dos golpes durante a temporada de promoções

Economista explica como os consumidores podem garantir seus direitos

Consumidor na Black FridayConsumidor na Black Friday - Júnior Soares/Folha de Pernambuco

A edição deste ano da Black Friday deve movimentar R$15 bilhões, segundo pesquisa do instituto Datafolha encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A temporada de descontos também acende um alerta para armadilhas, envolvendo os descontos, taxas abusivas e golpes, principalmente para os consumidores mais vulneráveis a decisões impulsivas.

Segundo o economista Fernando Sette Junior, o ambiente criado pelas empresas nessa época é estrategicamente planejado para estimular decisões rápidas, nem sempre racionais.

“A combinação de aparente escassez, urgência artificial e anúncios agressivos ativa mecanismos emocionais que fazem o consumidor sentir que está diante de uma oportunidade imperdível”, explica. A isso se soma um “desejo reprimido” acumulado ao longo do ano e o fácil acesso ao crédito, que ampliam a sensação de permissão para gastar, muitas vezes mais do que o orçamento permite.

Entre as práticas mais comuns está a manipulação de preços, a famosa “metade do dobro”. Segundo Sette, um sinal claro de fraude é quando o preço de referência do produto aumenta dias antes, apenas para ser reduzido novamente no dia da promoção. Descontos muito superiores à média do mercado, especialmente quando concentrados em apenas um site, também merecem desconfiança.

Para escapar das armadilhas, o especialista recomenda acompanhar o histórico de preços com antecedência e definir um preço-alvo. “Monitorar valores por semanas ou meses permite identificar rapidamente se a promoção da Black Friday é real ou apenas maquiagem”, afirma.

Ainda segundo o economista, a temporada também atrai criminosos que se aproveitam da pressa do consumidor. Sites falsos que imitam grandes varejistas, perfis fraudulentos nas redes sociais, links de phishing e QR Codes maliciosos estão entre os golpes mais frequentes.

“Antes de finalizar uma compra, é fundamental verificar cuidadosamente o endereço do site, checar o CNPJ, consultar avaliações e confirmar a existência de canais de atendimento reais”. Em promoções muito discrepantes, diz Sette, o melhor é desconfiar.

O professor também alerta para a importância de cartão virtual, senhas fortes, autenticação em duas etapas e evitar compras em redes Wi-Fi públicas. “Essas medidas reduzem drasticamente o risco de roubo de dados financeiros”, reforça.

Outro ponto de atenção são cobranças acrescentadas no final do processo de compra, sem aviso prévio ou justificativa. Embora taxas como frete e serviços adicionais solicitados pelo cliente possam ser cobradas, valores não destacados claramente configuram prática abusiva.

Situações de venda casada também aumentam na Black Friday. Garantias estendidas oferecidas como obrigatórias ou pacotes que impedem a compra do item principal pelo preço anunciado são exemplos comuns. “Se não for possível adquirir o produto sem os adicionais, trata-se de irregularidade prevista pelo Código de Defesa do Consumidor”, alerta.

Cobranças incorretas

Se o consumidor perceber taxas indevidas ou valores diferentes do anunciado, deve guardar todos os registros, como prints, e-mails, notas fiscais e comprovantes de pagamento. Com as provas em mãos, o primeiro passo é contatar a loja.

Se o problema persistir, é possível solicitar chargeback ao banco ou recorrer ao Procon. Em cobranças indevidas sem engano justificável, a lei prevê devolução em dobro.

“Os direitos do consumidor durante a Black Friday são os mesmos de qualquer período do ano. Compras online contam com direito de arrependimento de sete dias, e lojas físicas que oferecem política de troca devem cumpri-la mesmo para itens promocionais”, explica Fernando.

Por fim, o especialista reforça que para aproveitar a data sem comprometer o orçamento, é importante ter objetivos claros, lista definida e limite máximo de gasto.

“Em um cenário econômico ainda marcado por juros altos, o consumidor deve evitar parcelamentos longos, que reduzem a margem de segurança financeira. O cartão de crédito não pode ser tratado como extensão da renda”, alerta acrescentando que o segredo é transformar a Black Friday em uma oportunidade — e não em um risco: “Quem compra de forma estratégica, informada e planejada faz bons negócios. Já quem age pela emoção acaba pagando caro por um desconto que não existia”.

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