Endividamento e inadimplência no Brasil batem recorde em setembro
13% das famílias não conseguem pagar suas dívidas
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em setembro pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), revelou um novo recorde de endividamento no país. Isso porque, o levantamento aponta que 13% das famílias brasileiras não tem condições de pagar suas dívidas, o maior percentual desde o início da série histórica da pesquisa.
A taxa de inadimplência no Brasil também renovou seu recorde, chegando a 30,5% no mês passado, o que reforça um quadro de crescente fragilidade financeira das famílias.
“Esses dados, combinados a um menor crescimento da projeção de vendas para o Dia das Crianças, por exemplo, justificam a preocupação da CNC com as famílias inadimplentes e com as altas taxas de juros praticadas ao longo de 2025 no Brasil”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
O percentual geral de famílias endividadas alcançou 79,2%, algo inédito desde outubro de 2022, evidenciando a escalada do endividamento e inadimplência no brasil. O comprometimento da renda também está em nível elevado: 18,8% dos consumidores têm mais da metade dos rendimentos mensais comprometidos com as dívidas.
Quando se observa o tempo de inadimplência, quase metade (48,7%) das famílias que não pagam suas dívidas já está nesta situação há mais de 90 dias, um sinal do agravamento dos prazos e do efeito corrosivo dos juros sobre o montante devido.
“Esses fatores corroboram que, mesmo com o lado positivo do endividamento considerado um aquecedor das vendas no comércio, a crescente inadimplência evidencia que o movimento é de frenagem desta dinâmica”, analisa Fabio Bentes, economista-chefe da CNC.
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A análise por faixas de renda revela que a expansão do endividamento é mais intensa entre as famílias com até três salários mínimos (o percentual subiu de 81,1% em agosto para 82% em setembro). Em contraste, mesmo com crescimento da inadimplência entre as famílias com renda superior a dez salários, elas seguem sendo as menos endividadas.
Os dados da CNC reforçam o alerta para um ciclo de endividamento prolongado, com projeção de um cenário crítico até o final de 2025. A entidade prevê um aumento de 3,3 pontos percentuais no número de famílias endividadas e de 1,7 ponto percentual nas inadimplentes em comparação com os números registrados no fim de 2024, mantendo a pressão sobre o endividamento e inadimplência brasil.



