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Convívio com pets ajuda a retardar o declínio cognitivo em pessoas de idade avançada

Apesar de não substiturem tratamentos médicos, os animais podem representar um papel importante

A companhia de animais também pode reduzir o estresse, a ansiedade, e a solidão, que é, infelizmente, mais comum para pessoas de idade avançadaA companhia de animais também pode reduzir o estresse, a ansiedade, e a solidão, que é, infelizmente, mais comum para pessoas de idade avançada - Canva

O convívio com pets pode ser muito mais do que uma companhia. Um estudo revelou que ter animais, em particular cães e gatos, está associado a um declínio cognitivo mais lento em adultos com 50 anos ou mais. 

Com a idade, ocorre uma redução progressiva no volume da substância cinzenta e da substância branca do cérebro, comprometendo tanto os corpos neuronais quanto as conexões entre diferentes áreas cerebrais. Essa atrofia é particularmente visível no hipocampo, região cerebral ligada à memória, e no córtex pré-frontal, responsável por funções executivas como planejamento e atenção.

Essa mudança biológica, que começa por volta dos 50 anos, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge, compromete a cognição. 

Publicada na Scientific Reports em maio de 2025, a pesquisa "Longitudinal relationships between pet ownership and cognitive functioning in later adulthood across pet types and individuals’ ages", identificou que a relação entre pets e seus tutores tem um reflexo na redução desse declínio cognitivo. 

O estudo analisou dados de mais de 16.500 indivíduos de 11 países europeus ao longo dos últimos 18 anos. 

Convívio com petsA responsabilidade e cuidado com pets estimula o funcionamento cerebral  - Pexels 

Um dos pontos apontados como causador desse efeito positivo é o contato diário com animais. Cuidar de um cãozinho ou gatinho exige interação, cuidados e rotina. É como se o tutor tivesse um “treino contínuo” para o cérebro apenas por conviver com seu animalzinho.

A pesquisa analisou a vida dessas pessoas ao longo dos últimos 18 anos. Os domínios cognitivos investigados foram a função executiva, medida pela fluência verbal e a memória episódica, avaliada por tarefas de recordação imediata e tardia de palavras. 

Os resultados gerais indicaram que, embora os tutores pudessem apresentar resultados de memória episódica ligeiramente menores em algumas tarefas de recordação, eles demonstraram uma taxa de declínio cognitivo geral mais lenta em todas as três medidas ao longo do tempo, em comparação com quem não tem essa convivência. O declínio na fluência verbal, recordação imediata e recordação tardia foi menor para todos os participantes que possuíam pets. 

Uma das principais novidades desta pesquisa foi a análise do papel de diferentes espécies de animais de estimação:

• Tutores de cães experimentaram um declínio mais lento na memória episódica, especificamente na recordação imediata e tardia;

• Tutores de gatos apresentaram um declínio mais lento na fluência verbal e na recordação tardia;

• Em contraste, tutores de pássaros e peixes não apresentaram associação significativa com o declínio cognitivo. 

Os pesquisadores especulam que a interação com cães e gatos pode proporcionar uma estimulação cognitiva única, possivelmente graças ao seu temperamento imprevisível e maior nível de interação. Além disso, a posse desses animais pode aumentar a atividade física (especialmente no caso de cães) e promover a interação social, fatores já conhecidos por estarem relacionados à redução do risco e à desaceleração do declínio cognitivo. 

A companhia desses animais também pode reduzir o estresse, a ansiedade, e a solidão, que é, infelizmente, mais comum para pessoas de idade avançada.  

Curiosamente, o estudo não encontrou evidências de que a idade do tutor influenciasse a queda na cognição. A queda do declínio cognitivo foi igual tanto em grupos de tutores mais jovens (50-62 anos) quanto em grupos mais velhos (63 anos ou mais). 

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