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Obesidade pet: tutores usam a alimentação para resolver tristeza, tédio e solidão dos animais

Além disso, muitos tutores brasileiros (36,2%) alimentam seus pets com comida humana para agradar

Cachorro realizando atividade física para combater a obesidadeCachorro realizando atividade física para combater a obesidade - Divulgação / Royal Canin

Na relação entre tutor e pet, a alimentação não representa apenas uma obrigação nutricional. Ela realiza o papel também de demonstração de cuidado e carinho com o animal. Infelizmente, por conta disso, muitos tutores "perdem a mão" com a oferta de comida para o cão ou gato e podem estar prejudicando a saúde do animal.

Uma pesquisa da Censuswide encomendada pela Royal Canin, realizada em março deste ano, revelou que 60,15% dos entrevistados alimentam os pets quando eles parecem tristes, entediados ou solitários. 

"Sabe-se que oferecer alimentos como forma de agrado e demonstração de carinho faz parte da construção do vínculo entre tutores e pets e negar essa prática é, na verdade, pouco realista. No entanto, para que isso não traga prejuízos à saúde, é fundamental que a escolha dos alimentos e o cálculo das quantidades sejam feitos com orientação profissional, de forma que esse gesto de afeto não comprometa o equilíbrio nutricional nem contribua para o desenvolvimento da obesidade. Por isso, uma alimentação equilibrada e bem planejada, associada a outros hábitos de cuidado com o pet, é fundamental para garantir sua saúde e bem-estar" explicou a médica-veterinária Priscila Rizelo.

O estudo foi realizado com 2.000 tutores de gatos e cães, com 18 anos ou mais, e 250 profissionais veterinários (clínicos e nutricionistas).

Além da questão com a oferta de alimentos por agrado, a pesquisa ainda identificou uma tendência a alimentar o pet com comida humana. Sendo quando estão cozinhando ou quando estão comendo, alguns tutores não resistem aos encantos de seu animais e oferecem um pouco da comida humana. 

Dentre os entrevistados, 48,60% já ofereceram comida humana aos seus pets. Entre os alimentos mais fornecidos estão os cozidos (50,62%), vegetais (40,95%) e até carne crua (35,60%). 

Essa ação de carinho não é arriscada apenas por aumentar o risco de obesidade para o pet, mas principalmente por conta dos alimentos que podem ser venenosos para os animais ou até por contaminação (no caso dos alimentos crus). 

Alimentos fora do balanceamento correto, fornecido de forma eficaz em rações oferecidas num intervalo de tempo padronizado, fornecem calorias adicionais que podem contribuir diretamente para o ganho de peso pelo animal. 

Quando a comida humana contém cebola, alho, uva, chocolate, café, noz-moscada, cravo-da-índia e alho-poró ela pode levar o animal a uma emergência em saúde. Esses ingredientes são tóxicos para pets. 

Já quando o tutor oferece uma proteína crua (inclusive ossos, que comumente são oferecidos para que os cães fiquem roendo), ele pode estar facilitando a contaminação com Salmonella, E.coli e Clostridium difficile. 

Quando questionados sobre os motivos para oferecer comida humana aos seus animais, 39,51% dos tutores afirmaram acreditar que a prática não causa danos à saúde, enquanto 36,52% disseram fazê-lo para agradar. Esses dados reforçam a importância da orientação nutricional adequada e de incluir esse tema de forma constante nas conversas com o Médico-Veterinário, mesmo quando, aparentemente, a saúde do pet não apresenta alterações. 

Obesidade
A pesquisa também investigou a percepção dos tutores sobre os problemas de saúde associados à obesidade em pets. Os resultados mostram que muitos já reconhecem alguns dos principais riscos: 56,95% associam o excesso de peso a doenças cardíacas e pressão alta, 47,85% relacionam à ocorrência de diabetes tipo-2, e 42,30% apontam problemas respiratórios como consequência. 

Essas associações reforçam o impacto sistêmico da obesidade, que pode comprometer o funcionamento de diversos órgãos e reduzir significativamente a qualidade e a expectativa de vida dos animais. Outras condições, como doenças articulares, problemas ortopédicos, pancreatite e doenças hepatobiliares, também podem acometer pets obesos, ampliando ainda mais os riscos à saúde. 

Alimentos oferecidos por fora da dieta do animal contribuem bastante para o ganho de peso, mesmo com a obesidade sendo ainda associada à predisposição genética e baixa atividade física. 

Mesmo oferecendo comida fora da dieta ou recomendação para o pet, tutores compreendem o impacto da obesidade na vida do animal. 

A rotina de atividades físicas com pets também foi questionada: 41,95% apontam a falta de atividade física como o principal fator que contribui para a obesidade em pets. Além disso, 50,90% acreditam que a dificuldade em manter os animais fisicamente ativos é um dos maiores desafios no controle do peso. Com relação a resolver o problema do pet com a obesidade, 75,75% dos entrevistados buscam orientações veterinárias para lidar com o problema. 

Entre os 250 profissionais veterinários ouvidos na pesquisa — médicos-veterinários clínicos e especializados em nutrição —, 94,8% relataram um aumento significativo nos casos de obesidade em pets nos últimos anos. Além disso, 58% observaram que esse número cresceu ainda mais desde a pandemia da Covid-19. 

Apesar da preocupação dos tutores com a saúde do animal, 57,60% dos médicos-veterinários relatam que muitos tutores subestimam os riscos do excesso de peso, o que compromete a adesão às recomendações e se torna uma barreira para o tratamento eficaz. Esse comportamento reduz a efetividade das orientações receitadas e compromete a saúde do animal. 

 

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