Jarbas Vasconcelos: a cara do povo, a cara da democracia e a história de um legado dividido
Os 40 anos da 1ª eleição no Recife após a ditadura revelam o desgaste e a fragilidade do MDB
“Jarbas é a cara do povo” foi o slogan da campanha do então candidato a prefeito do Recife, em 1985, Jarbas de Andrade Vasconcelos.
Era a primeira eleição direta, pós-ditadura militar, e ocorreu em 201 municípios, incluindo as 23 capitais, na época, e as cidades onde os gestores ainda eram nomeados pelo governo federal.
Quatro décadas depois, “Esse cara é a cara da democracia” foi o mote do ato que celebrou, ontem, o início da redemocratização do país, reunindo amigos e líderes políticos.
Cofundador do MDB, Jarbas Vasconcelos é também a cara do partido, embora tenha disputado aquela eleição histórica pelo PSB. Alegenda estava dividida e lançou Sérgio Murilo como concorrente e candidato favorito.
Mas foi Jarbas, “a voz do oprimido”, quem venceu o pleito com 33% dos votos contra 29% do principal adversário. João Coelho (PDT) e Roberto Freire (PCB) também estavam na disputa.
Quarenta anos depois, a sigla enfrenta situação semelhante. Só para citar alguns nomes, o presidente estadual e fiel escudeiro, Raul Henry, e a filha Adriana Vasconcelos não participaram do evento. As ausências expõem um MDB dividido.
Do outro lado, o deputado estadual Jarbas Filho e o senador Fernando Dueire, que assumiu a vaga de Jarbas, afastado por problemas de saúde, em setembro de 2023.
O grupo de Henry defende o nome do prefeito João Campos (PSB) ao governo. Jarbas Filho e Dueire, a reeleição de Raquel Lyra (PSD).
Desgastado por brigas judiciais, o MDB é um partido fragilizado, com dificuldades de formar chapa competitiva para 2026. Sobrevive hoje da história que Jarbas Vasconcelos ajudou a construir.
Rompimento mais próximo
Só falta definir a data. O prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros, está de malas prontas para o PSD da governadora Raquel Lyra. Sai do PL de André e Anderson Ferreira, de quem foi vice-prefeito, assumindo a gestão em 2022, quando Anderson disputou o governo do estado. A mudança sinaliza o distanciamento do grupo.
Sucessor do “insubstituível”
Presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto disse à Rádio Folha que o presidente Lula é “insubstituível”. “Ele é uma dádiva de Deus. É mais que uma pessoa, é uma ideia.” E afirmou não preocupar-se em ser João Campos, do PSB, um provável sucessor. “Gostaria que houvesse, Brasil afora, centenas de prefeitos como João. Ele pensa na melhoria da vida do povo.”
Falta justificada
A ex-deputada federal Marília Arraes, aliada do presidente Lula, não participou de nenhuma das agendas do petista em Pernambuco, na terça. Estava em maratona de eventos com o marido, André Cacau, formando em Medicina. Anteontem foi a colação de grau.
Sustentável
A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara aprovou ontem projeto do deputado Pedro Campos (PSB), que permite a redução do valor do IPTU para imóveis que reaproveitam água da chuva para reúso não potáveis. Vai agora à Comissão de Finanças.



