Seg, 15 de Dezembro

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Quem tem glaucoma deve evitar exercícios intensos: entenda os riscos à visão

Descubra por que treinos como o crossfit podem elevar a pressão intraocular dos olhos

Quem tem glaucoma deve pegar mais leve nos treinosQuem tem glaucoma deve pegar mais leve nos treinos - Canva
Exercícios de alta intensidade devem ser evitados por quem tem glaucoma. Atividades como o crossfit, que envolvem levantamento de peso, ou que deixam a pessoa de cabeça para baixo, como a yoga, podem elevar a pressão intraocular de forma secundária e colocar a visão em risco. Quem faz o alerta é o oftalmologista Michel Bittencourt
Foto: Divulgação

O glaucoma é uma doença neurodegenerativa que atinge a camada de células ganglionares da retina, responsáveis por transmitir as informações visuais ao cérebro por meio do nervo óptico, para que sejam interpretadas. A doença afeta mais de 1,7 milhão de pessoas em todo o país, de acordo com estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), e pode causar perda de visão irreversível se deixar de ser tratada a tempo. Michel Bittencourt, médico oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), explica que “o glaucoma está frequentemente associado ao aumento da pressão intraocular e geralmente é bilateral, ou seja, ocorre nos dois olhos. Essa elevação da pressão dentro do olho causa danos às células ganglionares e ao nervo óptico, de forma lenta e progressiva”.

“Infelizmente, na maioria das vezes, os primeiros sinais do glaucoma só são percebidos quando o quadro já está avançado e os danos são irrecuperáveis. Por isso, a doença é chamada de ladrão silencioso da visão. Para garantir o diagnóstico precoce e interromper a progressão, é muito importante realizar exames oftalmológicos de rotina, principalmente a partir dos 40 anos de idade”, alerta  Bittencourt.

A pressão intraocular elevada é causada por um desequilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso, líquido que preenche o olho. Isso pode ser causado por diferentes condições, sendo o risco maior em pessoas com histórico familiar da doença, de origem africana ou asiática; em idosos; em pessoas com diabetes; em quem apresenta miopia alta; ou em usuários de corticoides por longo período.


De acordo com o especialista, existem diferentes tipos de glaucoma:
ângulo aberto – é o mais comum e representa quase 90% dos diagnósticos. Costuma não apresentar sintomas nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce;
ângulo fechado – geralmente está relacionado à presença de catarata, com consequente aumento secundário da pressão intraocular. Na forma aguda, em que os sintomas são mais intensos, é considerado uma emergência médica e pode resultar em perda permanente da visão;
secundário – decorrente de traumas, cirurgias prévias ou outras condições oculares. Também pode estar relacionado ao uso de alguns medicamentos ou a doenças sistêmicas.

“Um cuidado importante para quem recebe o diagnóstico de glaucoma é evitar exercícios de alta intensidade, pois eles podem causar aumento temporário da pressão intraocular de forma secundária e colocar a visão em risco”, orienta  Bittencourt. Entre as atividades não recomendadas estão as que envolvem levantamento de peso ou exigem força, como crossfit e musculação; as que colocam a pessoa em posição invertida, com a cabeça para baixo, como a yoga; ou as que demandam grande esforço respiratório, como tocar instrumentos de sopro.

Por outro lado, atividades como caminhada, corrida e ciclismo podem trazer benefícios. “É importante destacar que pacientes com glaucoma, em todos os estágios, podem se beneficiar de exercícios aeróbicos, que melhoram a oxigenação do corpo e podem favorecer o fluxo sanguíneo ao redor do nervo óptico, potencialmente reduzindo a progressão da doença”, complementa o médico oftalmologista. O tratamento do glaucoma varia de acordo com o subtipo e pode envolver laserterapia ou o uso de colírios. Se essas opções não forem suficientes, o médico poderá optar pela cirurgia minimamente invasiva. Já nos casos mais graves, pode ser considerada a cirurgia fistulizante, procedimento cirúrgico em que é criada uma nova via que permita drenar o líquido de dentro do olho para um local onde possa ser absorvido.

O principal sinal do glaucoma é a perda da visão periférica, como se a pessoa estivesse vendo por um túnel. Outros sintomas incluem visão embaçada ou turva, dificuldade para enxergar em ambientes escuros e sensação de pressão nos olhos. Com o agravamento da doença, podem surgir dor ocular intensa e forte dor de cabeça, vermelhidão, halos coloridos ao redor das luzes, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz. Se você faz parte do grupo de maior risco para desenvolver a doença ocular ou percebeu algum dos sinais acima, procure um médico oftalmologista para realizar exames e obter um diagnóstico. O glaucoma não tem cura e, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores serão as chances de evitar a progressão da doença e preservar a visão.


Ative o seu modo fit e viva mais leve
A coluna Modo Fit é escrita pelo jornalista Jademilson Silva, que traz, a cada semana, um tema discutido com um especialista diferente. Publicada no portal da Folha de Pernambuco, a coluna é voltada para quem busca bem-estar e qualidade de vida. Os assuntos incluem dicas de treino, nutrição, suplementação, equilíbrio emocional, movimento consciente, terapias integrativas, além de novidades e eventos do universo fitness e wellness. Contato: [email protected] | Instagram: @jademilsonsilva
 

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