Belém: referenciar e reverenciar
A força amazônida de Belém segue firme depois da COP 30
Se a capacidade brasileira de não entender o bom sentido do ser "vira-lata" é algo tão presente na sociedade, quero aqui realçar o quanto isso tem sido uma verdade exponencial, em se tratando das críticas dirigidas para Belém, anfitriã da COP 30. De fato, alguns brasileiros não conseguem disfarçar seus preconceitos arraigados. Todos acobertados por uma falsa ideia de que nossa nação, com tanta riqueza e diversidade identitária, não assimila aquilo que julgam ser necessário como padrão de desenvolvimento, concebido ao estilo do "american way of life".
Penso que cabem referência e reverência à brava e resistente Belém, que contou com sua força amazônida para honrar a COP 30. Digo isso, da mesma maneira com a qual enxerguei a relevância do evento e as conquistas que dele foram possiveis extrair, em nome de uma sustentabilidade, que precisa ser encarada com obstinação.
Para começo de conversa, insisto num despertar que passou do tempo. Estou convicto de que o fenômeno das mudanças climáticas, por mais que seja hoje uma questão civilizatória que compromete a humanidade, já deve ser visto como uma extensão dos problemas existenciais impregnados nos indivíduos. Estamos diante do maior desafio deste século: inverter os resquícios de negacionismos sobre as questões ambientais. Daí, fortalecer os princípios que regem as políticas sustentáveis para o desenvolvimento socioeconômico.
A partir desse conceito geral, a escolha de Belém para ser palco das discussões do principal evento mundial sobre preservação ambiental teve enorme significado. Primeiro, pela referência de estar instalada na região amazônica e que, a partir dela, como polo das discussões, traduzir toda sua biodiversidade como oportunidade econômica. Em segundo, cabe uma reverência aos esforços da população paraense, em poder receber bem tanta gente de fora, para disso fazer uma difusão relevante de outros valores, que vão além da riqueza natural. Afinal, os encantos culturais puderam dar consistência ao que também se espera de outros valores econômicos. Um exemplo de casamento perfeito entre o cultural e o turístico, com efeitos nas cadeias produtivas.
Dessa visão, não me aproprio apenas dos resultados do evento em si, não obstante a dimensão econômica do que advém do enfrentamento das diferentes adversidades ambientais. A questão relevante que se impõe é a percepção de que a humanidade está diante de uma nova era, ditada pelos impactos sobre o meio ambiente.
Ou seja, essa hipótese entendida como antropoceno, está marcada pelas mudanças climáticas, extinções de espécies e registros de poluições variadas. Embora o mundo passe por esse estágio, ainda que sem grandes formalidades operadas pela comunidade científica, creio que tudo isso decorre do domínio da influência humana sobre os processos que ditam os recursos naturais do planeta. O Brasil tem muito o que avançar.
Enfim, penso que a referência e a reverência à Belém, mantém acesa a certeza de que o Brasil possui um patrimônio ambiental, que impõe a necessidade de saber como preservá-lo e valorizá-lo Com ciência e tecnologia aplicadas, para que desse compromisso se obtenha o sumo de um desenvolvimento socioeconômico sustentável.



