Sex, 05 de Dezembro

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Nem 8, nem 80

Mirem na economia do audiovisual

Estudo reforça o dinamismo de um setor econômico emergente

Alfredo BertiniAlfredo Bertini - Jose Britto/Arquivo Folha

Simplesmente, irrefutável. Encomendado pela Motion Pictures Association (MPA), junto à Oxford Economics, acabou de ser divulgado um estudo que avalia o impacto do setor audiovisual na economia brasileira, no exercício de 2024. É a consagração científica de uma velha defesa, que se fazia pela intuição e pelo empirismo.

Num primeiro plano, cabe-me um esclarecimento e uma informação, ambos no contexto do bom senso profissional. Por um lado, tive acesso aos resultados, mas não pude ainda avaliar a metodologia aplicada no estudo, posto que se trata de um elemento importante, seja qual for o objeto da pesquisa acadêmica. Por outro lado, a experiência profissional como economista e produtor audiovisual, leva-me a crer que a extensão do estudo, de fato, veio consagrar a percepção empírica de tudo que pude arregimentar para análises próprias, que tenho difundido, em mais de 30 anos de envolvimento com o setor. 

Portanto, com uma biografia de quem se pautou como professor e analista econômico, perfil este agregado às experiências de quem também foi condutor da política pública e agente privado como realizador, sinto-me à vontade para opinar. Mais firme agora, como aquele velho otimista, que sempre acreditou no valor e potencial do setor, para a economia brasileira. Dito tudo isso, valerá à pena destacar os principais pontos do tal estudo. E uma lembrança importante a ser dita sobre a MPA. É que essa instituição representa a congregação dos 5 maiores estúdios de cinema e TV de Hollywood (Disney, Sony, Paramount, Warner e Universal), acrescidos das duas maiores plataformas de Streaming (Netflix e Amazon Prime). Embora meu olhar seja na perspectiva da defesa setorial, não deixa de ser  um reconhecimento à grandeza do mercado nacional.

Agora, sigo o ponto que interessa. Afinal, representar pouco mais que 0,5% do PIB é fato relevante, por mais que isso possa parecer pouco. Mas, não é nesmo, porque o mercado já projeta, para os próximos 3 anos, algo como R$ 200 a 250 bilhões, o que seria 1,5% do PIB. E se miro essa análise para o mercado de trabalho, o efeito social do setor tem muita expressão. Hoje, são 610 mil empregos diretos e indiretos, captados na amplitude da cadeia produtiva. Tudo isso promovido por quem faz, na ordem de significância, TV (aberta e por assinstura), VoD e cinema. É mais do que os postos de trabalho gerados pela tradicional indústria farmacêutica.

Diante do esforço que o setor tem protagonizado para causar tamanho impacto socioeconômico, é de se esperar que aquela parte da sociedade que duvidava dessa capacidade, reveja aquelas suas velhas percepções em 3 D: desconhecimento, desinformação e desleixo.

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