Nova Ativação para o "Sobrenatural de Almeida"
O "Fantasma" da Ideologia Muito Acima dos Reais Interesses Econômicos
Tenho nas boas recordações os velhos tempos, onde as melhores sacadas e ironias partiam de crônicas instigantes de autores geniais, como nosso conterrâneo Nelson Rodrigues. É consequência da paixão que tinha pelo futebol, alguns dos seus textos brilhantes. Mesmo que o amor ao seu clube falasse tão alto, que não lhe permitisse senso de equilíbrio e imparcialidade. Isso não importava. Afinal, qualquer sinal de ameaça às conquistas, um tal "Sobrenatural de Almeida" surgiria na parada. Justo para ser responsabilizado por tudo de errado e extravagante.
Esse contexto fictício do futebol, criado pela genialidade rodrigueana, permite-me um claro entendimento da realidade. Do que tanto hoje acontece como fato improvável, daquele tipo que causa espanto. Fenômeno moderno que só comprova uma realidade distópica, na qual seres mais humanos e conscientes, evitam levar em conta. O que se assiste, de modo avassalador, é a propagação de ambientes surreais. Algo favorável para fazer acontecer a presença de "velhos fantasmas", que agora rondam o entorno do racional, para difundir o extravagante, o absurdo. É uma espécie de retorno do "Sobrenatural de Almeida", agora espalhado por todas as áreas da sociedade.
A questão estarrecedora, considerada aqui uma histórica e perene relação comercial entre EUA e Brasil, está no ineditismo da aplicação de um tarifa de 50%, direcionada para os produtos brasileiros. Se razões econômicas não são suficientes para explicar a decisão pelo viés técnico, considerar a motivação político-ideológica é um absurdo ainda maior. A intenção de se promover uma intromissão em decisões judiciais é outro equívoco. E, mais ainda, quando a essência de toda essa aberração age como se fosse o preço do resgate de um parceiro político, já criminalizado pelos ideais autoritários, mas despreocupado com os interesses do seu próprio país.
O tamanho desse surrealismo parece mesmo não ter limites. Houve de tudo um pouco, mesmo que muitos teimem em não enxergar o malefício de uma política comercial externa que agride a soberania e promove a queima de milhares de postos de trabalho. Houve o gesto inacreditável do desfraldar de uma bandeira com o nome daquele Presidente que, no seu supremacismo, trata o Brasil com desrespeito e menosprezo. Houve ainda o ultraje de todo um exercício de complacência dissimulada, promovida por Governadores, aliados na mesma ideologia. E, como cereja do bolo, uma sucessão de manifestações de familiares e amigos, que no objeto de salvar a pele do líder, sacrifica milhões de brasileiros. E acabou a incredulidade? Ainda não, porque amigos parlamentares querem fazer do "falso exilado", um inusitado "parlamentar virtual", que assume seu papel de defender os interesses do "monarca americano". Enfim, um quadro apocalíptico que, ao fazer o fantasma do "Sobrenatural de Almeida" rondar fora dos campos de futebol, permite-me passar a compreendê-lo como um "ser" do surreal.
Sigo na linha rodrigueana, para constatar que os idiotas tomaram mesmo conta do mundo, não apenas pela capacidade, mas pela quantidade que só se avoluma.



