Sex, 19 de Dezembro

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Nem 8, nem 80

Qual o segredo para o desenvolvimento (3)?

Um desenvolvimento focado na educação e no meio-ambiente

Alfredo BertiniAlfredo Bertini - Acácio Pinheiro/MinC

Nos dois textos anteriores, descrevi sobre as premissas básicas para um modelo de desenvolvimento diferenciado, que estivesse apoiado nas prioridades da educação e do meio-ambiente. 

Antes, porém, tratei de relevar a questão identitária, que faz do Brasil uma nação peculiar, pela riqueza e pluralidade da sua cultura. Fiz disso uma forte convicção que pudesse resistir, reativamente, a um dado "colonialismo mental", aplicado numa tese já insustentável, de tentar reproduzir nesse universo particular chamado Brasil, padrões de um desenvolvimento alheio à nossa identidade.

Visto isso, chamei a atenção para a urgência de superação de um quadro social ainda adverso. Nesse ambiente desfavorável, realcei uma sociedade, secularmente, constituída de modo desigual, que insiste numa convivência, sem que um mínimo de dignidade humana prevaleça. Ou seja, uma situação inaceitável.

Assim, mesmo com a crença de que minha utopia é tangível, até porque o pessimista já começa errado na sua largada, assumo a tese da possibilidade deste país encontrar seu processo civilizatório, num modelo feito em nome de um desenvolvimento, que seja desvinculado de tudo que se impõe de fora para dentro. Nessa introspecção, renovo aqui os papéis cruciais da educação e do meio-ambiente. 

Na semana passada, dei a devida ênfase à educação, pela necessidade de mexer na estrutura que dá sustentação frágil à importância do ensino básico. Hoje, trato aqui, do papel que cabe à preservação ambiental.

De pronto, o que se pode dizer de um ativo ambiental como o projetado pelo Brasil, que precisa ser valorizado e ainda mais fortalecido pela pesquisa e inovação científica e tecnológica? Parece-me que o ponto relevante que considera tamanha riqueza, dependerá - e muito - de decisões firmes, sérias e competentes sobre o tratamento a ser dispensado para esse  "patrimônio planetário", aqui representado pela essência dos recursos naturais e da biodiversidade. Com tamanha disposição, ter-se-á em conta um aspecto relevante daquele desejado padrão próprio de desenvolvimento. Vale dizer que, agora, bem representado por uma valorização econômica estruturada, de tudo aquilo que se possa extrair, de modo sustentável e interessante, do meio ambiente. Encarar a realidade hoje dada pelos eventos climáticos, operar os mecanismos de proteção e saber conduzir a gestão, de forma equilibrada, de todo esse patrimônio ambiental, é garantir o complemento político por um compromisso diferente. Justo o de afirmar que o Brasil têm como manejar um caminho socioeconômico, que o liberte do equívoco de ser uma espécie de "cópia fracassada" de um modelo submetido ao padrão do "american way of life".

Enfim, o velho "complexo de vira-latas", do pensamento rodrigueano, exauriu-se no seu limite, com o sentido do despertar uma capacidade recolhida por reagir em circunstâncias adversas. Fora disso, a originalidade e espontaneidade que dão essência à nossa identidade cultural, fazem-nos entender que assumir, sem medo de ser feliz, o ser vira-lata faz toda diferença. E para melhor.

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