Sex, 05 de Dezembro

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Nem 8, nem 80

Que valor é dispensado à educação?

Brincar com a escola é um inestimável desperdício econômico

Pixabay

Vivo um tempo de brutais contrastes. Se minhas netas adoram brincar DE escola, há muita "gente grande" por aí que teima em brincar COM a escola. O tema não é tão objetivo, palatável e pragmático como deveria ser.

Bem, no "reino encantado" da infância, não surpreendem os casos de crianças, que traduzem em suas casas uma experiência lúdica, ao "brincarem de escolinha". Algo capaz de  transformar os ensinamentos absorvidos nas salas de aulas nessas brincadeiras tão motivantes. Por sua vez, na realidade comum dos pacatos cidadãos, o que se constata é a triste evidência dos que ainda tratam, politicamente, a educação, sem o devido compromisso com a responsabilidade social. Desse jeito, "brincam" com a sorte e põem o futuro da nação numa ambiente fragilizado, inerte e sob riscos.

Para retomar esse tema tão essencial, contei com uma motivação extra. Nesta semana, recebi do escritor e professor Flávio Brayner mais um brilhante artigo dele, no qual ficou evidenciada a carta de uma professora, que relata o desprezo político de dado município com os serviços prestados pelos docentes. O danado hoje é que o tratamento reservado aos professores, além de uma carga ideológica inebriante que só enaltece conflitos, retira de muitos mestres o interesse de cumprir seus reais "sacerdócios". Um bom extrato desse contraponto pude realçar, recentemente, pelo que acompanhei numa escola pública integral do Jaboatão dos Guararapes, que aqui na coluna já destaquei. 

Noutras palavras, mesmo que diante das adversidades políticas, há ainda entre os "trabalhadores da educação", muitos que se vêem 100% envolvidos com seus ofícios. No caso dessa escola, tão relevante quanto o talento dos seus alunos, há o reconhecimento do compromisso dos dirigentes, professores e servidores de fazerem valer o papel da educação, em particular, para o que representa o ensino integral. Assim, se exemplos de engajamento existem, mesmo que, no geral, o modelo praticado nas escolas públicas seja desfavorável, o fato relevante está em manter a crítica, diante de políticas públicas desconectadas com o maior desafio da educação: dar sentido ao desenvolvimento socioeconômico.

Enfatizo que esse foco não pode abrir mão da qualificação de recursos humanos. Por isso mesmo, sigo resilente com minha ideia de que a missão política está em evitar o abismo entre o discurso e a prática, nessa exaustiva cantilena de relevar a educação como prioridade. O objeto do ensino não é brincadeira e nem deve seguir como elemento para o desperdício econômico.

Em síntese, há muito tempo que o sistema educacional carece de ações efetivas, capazes de valorizá-lo o suficente para transformar o mundo. Através de conceitos e práticas econômicas. Tal e qual, pela essência de uma sociedade, que precisa estar mais preparada para o futuro.

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