Só pessoas, ideias e escolhas transformam
Humanizar as relações econômicas é o desafio maior da sustentabilidade
Diante dos desafios que a vida me impõe, costumo decidir por encará-los como se fossem degraus conquistáveis, em vez de obstáculos insuperáveis. Com isso em mente, fico a pensar sobre o peso do desafio que representa a importância de um mundo sustentável. Tento fazer a minha parte naquilo que me cabe. Todavia, a consciência coletiva, enquanto problema genérico da sociedade, insiste em desacreditar no que a ciência tem mostrado a respeito. Afinal, justo os humanos que "desumanizam", porque não consideram as lições econômicas sobre as chamadas "externalidades negativas", atuam como agentes que agridem a natureza e subestimam os seus custos sociais. Precisamente, os que recaem sobre os mais vulneráveis.
Enquanto palco das atenções que tratam das mudanças climáticas, a nossa querida Belém do Pará, através da realização em curso da COP 30, projeta a oportunidade histórica e urgente de promover discussões não apenas propositivas. A preservação ambiental tem pressa e exige rigor nas tomadas de decisões. Isso porque a importância de se preparar a população mundial, para se ter ao alcance das mãos o tal mundo sustentável, precisa ser levada mais a sério, ao invés de se manter esse problema, como refém de qualquer ideologia estéril. Que o esperado e provável "Acordo de Belém" não venha repetir o fracasso do que ocorreu anos atrás, no evento similar de Paris. É preciso decidir com efetividade.
Diante de tamanha urgência, por qual razão invoco o papel da humanização das relações econômicas, diante do que rola nesta COP 30, cujo foco maior é enfrentar o desafio de uma mudança climática tão evidente? A resposta que posso dar é imediata, embora não seja de execução simples. Quando mudanças no comportamento humano estão em jogo, o ofício se torna complexo, embora que factível.
Num plano inicial, não posso deixar de considerar que vários estudos já apontaram que as atividades humanas são responsáveis pelo ritmo das mudanças climáticas. Como um dos principais fatores é a elevação da temperatura por meio do efeito estufa, derivado de desmatamentos e queima de combustíveis fósseis, a ação humana triangular exercida por governos, empresas e sociedade, é mesmo fato. Nesse sentido, algo precisa ser feito para (re) humanizar procedimentos que permitam mitigar algumas consequências já irreversíveis e que atingem, sobretudo, a população que sobrevive na base da pirâmide social.
Num outro plano, essa recuperação do papel humano passa por uma visão qualificadora, na qual a valorização se dá em duas direções. No incentivo necessário ao avanço da ciência e na formação de pessoas mais conscientes sobre o que seja exequível e efetivo, na forma de ações sustentáveis. Por exemplo: um passo importante para isso seria o aperfeiçoamento do chamado "mercado de créditos de carbono". Aqui, é preciso tomadas de decisões que dêem robustez, transparência e agilidade nas respostas, enquanto instrumento operacional para reduzir as emissões de gases, preservar o ambiente e, sobretudo, reduzir a pobreza.
Eis aí a principal tarefa da COP de Belém.



