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Empresas pela equidade racial:MUDE com Elas lança compromisso para transformar ambientes de trabalho

Campanha de adesão já conta com empresas embaixadoras

Rede MultiAtores MUDE com Elas lança os Compromissos MUDE com Elas, um documento que reúne sete compromissos concretos para empresas e organizações empregadoras que desejam promover ambientes de trabalho mais equitativosRede MultiAtores MUDE com Elas lança os Compromissos MUDE com Elas, um documento que reúne sete compromissos concretos para empresas e organizações empregadoras que desejam promover ambientes de trabalho mais equitativos - Freepik

Jovens mulheres negras continuam enfrentando os maiores obstáculos para ingressar, permanecer e progredir em espaços profissionais qualificados no Brasil. Mesmo com avanços educacionais, elas seguem no grupo mais atingido pelo desemprego e pela informalidade. Segundo dados da PNAD Contínua (IBGE, 3º trimestre de 2024), 41,8% das jovens negras trabalham em condições informais, contra 32,8% das jovens brancas. No cuidado doméstico e familiar, a desigualdade é ainda mais acentuada: mais da metade das jovens negras entre 25 e 29 anos (51,9%) dedica, em média, 22 horas semanais a essas tarefas — quase o dobro do tempo gasto por jovens brancas.

Para enfrentar essa realidade, a Rede MultiAtores MUDE com Elas lança os Compromissos MUDE com Elas, um documento que reúne sete compromissos concretos para empresas e organizações empregadoras que desejam promover ambientes de trabalho mais equitativos. A campanha de adesão começa junto ao lançamento e já conta com empresas embaixadoras comprometidas com a iniciativa.

O documento foi construído coletivamente, entre maio e agosto de 2025, por um grupo diverso composto por organizações da sociedade civil, empresas, consultores, pesquisadores, jovens ativistas e educadores, reunidos no Grupo de Trabalho Diálogo com Empresas. O processo resultou em um conjunto de compromissos acompanhados de exemplos de boas práticas e indicadores que permitem monitorar avanços com transparência e efetividade.

Entre os compromissos, estão: promover equidade em processos seletivos; impulsionar o desenvolvimento profissional de jovens negras com mentorias e planos individuais; estabelecer políticas internas de diversidade e inclusão; implementar canais eficazes de denúncia contra discriminação e assédio; reconhecer a pluralidade de vivências das jovens negras; apoiar pesquisas baseadas em dados; e engajar a alta liderança para que a equidade racial e de gênero se torne um pilar estratégico.

A adesão ao documento público envolve um processo contínuo: as empresas que se comprometem devem apresentar um relatório de boas práticas, participar dos espaços de diálogo do grupo e prestar contas dos avanços em dez meses. As organizações participantes também passam a integrar uma rede de trocas e cooperação, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente aqueles relacionados à redução das desigualdades, equidade de gênero e trabalho digno.

Para Katiana Normandia, gestora de projetos ESG da Kinah Consultoria e uma das lideranças do GT Diálogo com Empresas, o objetivo é garantir que as ações tenham impacto real. “Não se trata apenas de abrir a porta da contratação, mas de sustentar trajetórias com condições reais de desenvolvimento e permanência. O desafio é que esses compromissos não se tornem apenas um checklist de ESG, mas uma mudança estrutural nos ambientes de trabalho”, afirma.

O documento completo e o formulário de adesão estão disponíveis em: https://acaoeducativa.org.br/compromissos-mude-com-elas/.

Sobre o MUDE com Elas
A Rede MultiAtores MUDE com Elas é uma iniciativa da Ação Educativa, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e da Terre des Hommes Alemanha, com apoio do BMZ – Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha. O projeto reúne organizações da sociedade civil, pesquisadores, educadores, comunicadores e jovens ativistas em um espaço de diálogo democrático voltado a enfrentar as múltiplas camadas de desigualdade que atinge jovens mulheres negras no mercado de trabalho.

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