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Estudantes de Igarassu são selecionados para etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia

Projeto desenvolvido no Laboratório da Escola Evangelina Delgado transforma o céu em sala de aula

Vitor Caldeira

De Igarassu para o Rio de Janeiro. Pela primeira vez na história, a Escola Evangelina Delgado de Albuquerque, no distrito de Três Ladeiras, vai representar o município na Jornada de Foguetes, uma das fases mais aguardadas da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). O evento, que acontece entre os dias 6 e 11 de novembro, reunirá estudantes de todo o país que se destacaram na construção e lançamento de foguetes artesanais. Entre eles estarão Albert Rafael e Edelly Nayane, do 8º ano, e Olavo Candido, do 7º ano, nomes que agora entram para a galeria de jovens cientistas da Região Metropolitana do Recife.

A seleção veio após o excelente desempenho das três equipes que obtiveram as maiores distâncias de lançamento durante os testes realizados no pátio da escola. Mas não foi só isso. O que levou a Evangelina Delgado à etapa nacional foi, principalmente, o projeto técnico apresentado pelos estudantes no Laboratório 7.0, criado pelo Sistema de Ensino Dulino: um dispositivo automatizado de lançamento de foguetes, desenvolvido com o objetivo de garantir precisão, segurança e padronização nas experiências.

“Eu nunca pensei que um foguete feito com garrafa PET pudesse me levar tão longe. Agora é sério: quero ser engenheiro aeroespacial”, conta com entusiasmo Albert, de 13 anos. A colega Edelly, de 14, relembra a dedicação do grupo: “A gente construiu o lançador, automatizou o botão de disparo, testou os ângulos... tudo foi planejado. Quando soube que ia para o Rio, chorei de emoção.” Já Olavo, o mais novo da equipe, resume com simplicidade: “Quero mostrar que a gente de escola pública também pode chegar lá.”

Durante a preparação, os estudantes projetaram entre 10 e 15 foguetes, utilizando materiais recicláveis como papelão, garrafas PET, fita adesiva e contrapesos. Todos os lançamentos foram documentados com vídeos, medições e anotações técnicas. Esse material compõe o dossiê que será apresentado na etapa nacional, e inclui detalhes do funcionamento do sistema automatizado de lançamento, desenvolvido com microcontroladores e acionamento elétrico.

Para a coordenadora do Laboratório 7.0, Cibele Reis, a experiência vai muito além do desafio técnico. “Aqui, os estudantes são incentivados a pensar, criar e resolver problemas de forma colaborativa. O foguete é só a ponta do iceberg. Por trás dele, existe trabalho em equipe, pensamento crítico e um encantamento genuíno pela ciência.”

Mais do que uma competição, a Jornada de Foguetes se revela como um rito de passagem: uma travessia simbólica em que o saber se transforma em impulso e a curiosidade vira combustível. Em Igarassu, o céu não é o limite. É o ponto de partida.

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