Meio do Céu volta ao Recife na Bienal do Livro
A tragicomédia brasileira em debate com Ubiratan Muarrek e Fernanda Pessoa
Depois do lançamento histórico de Meio do Céu (Assírio & Alvim) — seu mais novo trabalho de ficção — na Livraria do Jardim, que reuniu mais de 300 pessoas, o escritor Ubiratan Muarrek volta ao Recife para a XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no dia 12 de outubro, às 18h, no Palco Petrobras, em conversa com a educadora Fernanda Pessoa.
O público recifense já testemunhou a força de Meio do Céu, que Tatiana Eskenazi chamou de “uma mistura entre Esperando Godot e O Auto da Compadecida”, e que Angélica de Moraes definiu como “uma visão ácida entre dois mundos […] inquietação garantida”.
Em Meio do Céu, Muarrek constrói uma narrativa em forma de peça teatral, ambientada em Londres no dia da queda do Concorde, em 2000. No centro da trama estão Sofitel e Greta, duas amigas recifenses — uma negra, outra branca — que se reencontram longe da cidade natal, mas carregam as marcas da herança colonial, do racismo e das tensões sociais do Recife. É essa fala recifense, com sua cadência e sua história, que dá o tom do livro, transformando a cidade em protagonista e em chave para pensar o Brasil de hoje.
Na Bienal, Muarrek amplia o horizonte desse diálogo, trazendo dois novos projetos em andamento. O primeiro é a série documental Crianças do Cariri, realizada com a Miração Filmes para a TV Brasil, que entra em produção no início de 2026. Filmada no coração da Chapada do Araripe, a série revela um Cariri inédito: suas crianças como guardiãs da memória, seu repertório cultural como força de futuro e sua riqueza arqueológica como chave para compreender a história do mundo .
O segundo projeto é a peça teatral Mãe Coragem em Canudos, adaptação do clássico de Brecht para o sertão baiano. Escrita especialmente para a atriz Fátima Patrício, a montagem transporta a saga da vendedora de guerra alemã para o campo de batalha de Canudos, cruzando a potência do teatro épico com a memória trágica do Brasil.
Esse triplo movimento — Meio do Céu em Londres, Crianças do Cariri no sertão cearense e Mãe Coragem no sertão baiano — marca o mergulho do autor paulista no Nordeste, visto por ele como berço cultural e horizonte para repensar o Brasil contemporâneo. “Esses projetos são a minha forma de contribuir para a formação de uma nova sensibilidade cultural e histórica, que parte do Nordeste e se abre ao comum do Brasil”, diz Muarrek.
Ao lado de Fernanda Pessoa — que há anos transforma a educação em prática de emancipação e juventude —, esse será um encontro de literatura, teatro, educação e futuro, na Bienal do Livro de Pernambuco.
Serviço
Ubiratan Muarrek em conversa com Fernanda Pessoa
Palco Petrobras – Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
12 de outubro, às 18h
Mais sobre Ubiratan Muarrek
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em Mídia e Comunicação pela London School of Economics e em Dramaturgia pelo Célia Helena, Ubiratan Muarrek é escritor, jornalista e produtor de cinema. É colunista do jornal Público Brasil (Lisboa). Autor dos romances Corrida do Membro (2007) e Um Nazista em Copacabana (2016) — semifinalista do Prêmio Oceanos de 2017 —, Muarrek aposta na tragicomédia como chave para interpretar o Brasil contemporâneo.
FICHA
Título: Meio do Céu
Autor: Ubiratan Muarrek
Edição: 2024
Editor: Assírio & Alvim
Páginas: 210



