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Brasil é alvo de 84% dos ataques cibernéticos da América Latina

Apenas durante o primeiro semestre de 2025, país recebeu cerca de 315 bilhões de ataques cibernéticos

Levantamento também aponta os principais formatos dos ataques realizados no BrasilLevantamento também aponta os principais formatos dos ataques realizados no Brasil - Freepik/Reprodução

São Paulo (SP) - Divulgado nesta terça-feira (12), pelo FortiGuard Labs, laboratório de inteligência de ameaças da Fortinet, o novo relatório do Cenário Global de Ameaças aponta o Brasil como foco dos ataques cibernéticos realizados na América Latina. 

Durante o primeiro semestre deste ano, o país foi alvo de 314,8 bilhões de atividades maliciosas. O número representa 84% do total de 374 bilhões de tentativas de ataque registradas na América Latina durante o mesmo período.

Em seguida, o ranking aponta o México (10,8%), a Colômbia (1,89%) e o Chile (0,1%) como os países mais atingidos na região.

"Esse número mostrou que o Brasil virou um alvo prioritário, um destino dos ataques. Estamos trazendo esses números para que as pessoas vejam o que está acontecendo no mercado e o que podemos aprender com isso", comenta Frederico Tostes, country manager da Fortinet Brasil.

O relatório, que foi apresentado durante o Fortinet Cybersecurity Summit Brasil 2025 (FCS 2025), também revela que o Brasil concentrou 41,9 milhões de atividades de distribuição de malwares – software projetado para causar danos ou obter acesso não autorizado a sistemas digitais – e 52 milhões de ações relacionadas a botnets, que podem permitir o controle remoto de dispositivos infectados.

Evento do FortinetFortiGuard Labs, laboratório de inteligência de ameaças da Fortinet, divulgou relatório nesta terça (12) | Foto: Fortinet/Divulgação

“Ao apresentar, no Fortinet Cybersecurity Summit os principais dados de ameaças cibernéticas da América Latina, reforçamos nosso compromisso com a transparência, a colaboração e a preparação dos variados setores da indústria frente aos amplos riscos digitais. Transformar dados em conhecimento estratégico é o primeiro passo para criar uma cultura de segurança mais madura e eficaz no Brasil”, destaca Frederico.

Entre as possíveis motivações para o alto número de ataques direcionados ao Brasil, um dos pontos de relevância observado é a ampla transformação digital vivenciada no país ao longo dos últimos anos.

"Podem existir diversos cenários em que o Brasil se destaca. Mas o que nós entendemos é que a transformação digital no Brasil foi um pouco tardia. Assim, quando ela começa a acontecer na prática, existe o uso da tecnologia de forma massiva. A hiper conectividade traz uma brecha e uma vulnerabilidade para uma tentativa de ataque", observa o vice-presidente de Engenharia da Fortinet Brasil, Alexandre Bonatti. 

Detalhamento dos ataques realizados
O estudo foi elaborado utilizando a estrutura de segurança conhecida como “Cyber Kill Chain”, que analisa cada etapa de um ataque – do reconhecimento do ambiente à execução final.

No Brasil, os principais vetores detectados incluem 1 bilhão de ataques por força bruta e 2,4 bilhões de tentativas de exploração de vulnerabilidades.

Já na fase de reconhecimento, foram detectadas 2 bilhões de verificações ativas. Enquanto isso, a fase de entrega concentrou 4 milhões de tentativas de drive-by download (download não intencional de software) e 662 mil arquivos maliciosos do tipo ofice.

Na etapa de instalação do malware, destacam-se 12 milhões de trojans, malware que se disfarça de software legítimo para enganar o usuário, e 67 mil tentativas de mineração não autorizada de criptomoedas (CryptoMiner). 

Na fase final, de ação e objetivos, o país registrou 309 bilhões de tentativas de negação de serviço (DDoS) e 28,1 mil incidentes de ransomware, malware que sequestra e criptografa os dados da vítima e exige um resgate para restaurar o acesso.

Segundo Alexandre Bonatti, o ponto de destaque do relatório é o foco das ameaças na fase de impacto, o que revela uma maior especialização entre os criminosos e a necessidade de adaptação das empresas.

“No Brasil, 98,11% das atividades maliciosas identificadas estão diretamente ligadas a ações de impacto final. Apenas 1,01% correspondem à etapa de acesso inicial. Isso indica um cenário de ataques cada vez mais direcionados, rápidos e voltados à interrupção ou extorsão. Neste cenário, a atenção não deve estar apenas em evitar o ataque, mas como responder e conter rapidamente seus efeitos”, analisa o executivo.

* A repórter viajou a convite da Fortinet

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