Sáb, 06 de Dezembro

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Um Ponto de vista do Marco Zero

É Carnaval, meu bem

As origens do frevo são populares. Nasceram com os carvoeiros do Bloco das Pás de carvão. Em 1888

As origens do frevo são populares. Nasceram com os carvoeiros do Bloco das Pás de carvão. Em 1888As origens do frevo são populares. Nasceram com os carvoeiros do Bloco das Pás de carvão. Em 1888 - Ed Machado

“E frevo ainda, apesar da quarta-feira, no cordão da saideira, vendo a noite se enfeitar”

                Edu Lobo, no Cordão da Saideira, frevo.

Praça do Arsenal. Segunda de Carnaval. Tardezinha. Esquina com rua do Bom Jesus. Gente à beça. Mesas distribuídas nas calçadas. Famílias animadas. Senhoras e senhores. Crianças e arlequins. E o desfile de blocos, maracatus, metais e batuqueiros. Tenho ido. Digo que é para levar meu neto. Talvez seja. De certo modo.

De outro modo, é um passeio ao passado. E ao presente-futuro. À alma de minha terra. Ao âmago de nossa gente. Às cores de nossa cultura. Pois a paisagem é desfile de figuras e sons, construídas nos fazeres da história. Enriquecidas no tempo e no talento. Na imaginação criadora de povo insurgente. Logo ali, pertinho, no Marco Zero, estão a rosa dos ventos de Cícero Dias, a torre de cristal de Francisco Brennand e a percussão campeã de Naná Vasconcelos. Quem há de comparar?

As origens do frevo são populares. Nasceram com os carvoeiros do Bloco das Pás de carvão. Em 1888. Depois transformado no Clube Carnavalesco Misto das Pás. Hoje, com mais de cem anos. Depois, em janeiro de 1889, trabalhadores e miudeiros, no bairro do Arruda, era fundado o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas.  

Na história do frevo, os capoeiras do Recife têm lugar relevante. Eles exibiam jogo de marca angolense. No qual os integrantes mostravam habilidades, de ataque e defesa, movimentando pernas, braços e cabeças. Autêntico malabarismo cênico. Sem atingir o outro. Ao fundo, ouvia-se a polca, dobrados e outros gêneros musicais. Fanfarras. Ali estava o berço dos passistas.

O nome frevo apareceu, na imprensa, pela primeira vez, em 22 de fevereiro de 1909. No Jornal Pequeno. Atribuída a Osvaldo da Silva Almeida Lisboa, conhecido como Paulo Judeu. Na sequência, Câmara Cascudo falar em ferver. Para designar a música. Então, nos anos 30, o termo frevo foi adotado. Fervido. E eternizado.

A Bahia tem a preguiça inspiradora de Caymmi. E a brisa de Itapoã. Os cariocas têm o maestro soberano, Antônio Brasileiro. E a garota de Ipanema.  Pernambuco tem Evocações e Edu Lobo. Arrastão, Ponteio e Cordão da Saideira. Praia, moda-de-viola e frevo. Voo e chão. Lirismo e percussão. Poema sinfônico e cordão.

Por isso, canta: “Das noites de lua, dos blocos de rua, do bum-meu-boi, que tanto foi do susto e a carreira na caramboleira, agulha frita, munguzá, cravo e canela, serenata eu fiz pra ela, cada noite de luar”.

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