Geopolítica, nova ordem mundial. Ou STF x Trump
A partir do século XX, as guerras têm sentido geopolítico. Guerra, no século XXI, é geopolítica
“Problemas globais exigem respostas globais”.
Yuval Harari, em 21 lições para o século 21.
Até o século XIX, as guerras visavam tomada de território. Como fazia o Império Romano. A partir do século XX, as guerras têm sentido geopolítico. Seja ocupando o poder de outro país com aliado político. Ou obtendo vantagem econômica com minerais raros.
Guerra, no século XXI, é geopolítica. Porque envolve influência comercial, uso de tecnologias digitais ou apropriação de recursos estratégicos. Nesse contexto, a formação de blocos econômicos é iniciativa importante. Porque potencializa seu poder. Abrangendo o esforço conjunto de dezenas de países.
O primeiro exemplo é o da União Europeia. Que vem do Tratado de Roma, nos anos de 1950. Entre Itália, Alemanha e França. O segundo exemplo é o do BRICS. Que hoje incorpora a participação de uma dezena de nações. Tais blocos elegeram uma nova realidade no século XXI: a geopolítica. É isso que incomoda o presidente Trump.
O presidente norte-americano vive dois temores: o primeiro é a criação de uma moeda concorrente ao dólar. No âmbito da União Europeia. E no do BRICS. Uma frase do presidente Lula sobre esta possibilidade incomodou especialmente o americano.
O segundo temor do presidente americano é o fortalecimento comercial, estratégico, geopolítico, do BRICS. Porque o bloco reúne, no mesmo grupo, a China, segunda maior economia do mundo; a Índia, nação emergente na Ásia; o Brasil, economia poderosa na América Latina; e economias médias, como a Arábia Saudita. Ou seja, grandes potências estão sendo substituídas por blocos econômicos.
Na prática, o tarifaço, sem negociação nem diálogo, é uma sanção. E atende pedido da família Bolsonaro. Mas, o presidente Trump exagerou. Ele aproveitou a solicitação da família Bolsonaro para pressionar o governo brasileiro. Em razão das posições assumidas pelo presidente Lula no BRICS. Deixou de ser assunto familiar. Encaminhado por via patrimonialista, ao modo bolsonarista de resolver questões do clã. Sendo tratado, agora, como questão geopolítica, de Estado. Que é.
Na ponta estadunidense, o deputado Eduardo Bolsonaro desenvolveu atividades: contra o processo do pai, contra a imagem do Brasil no exterior e contra o Supremo Tribunal Federal. A esse esforço se somou correspondência de Trump para Bolsonaro. Fazendo, em insólita interferência externa, a defesa do brasileiro.
Na verdade, o problema não é tarifa comercial, nem é processo judicial contra o ex-presidente. O problema é o BRICS, é a postura do presidente Lula. É o novo teatro geopolítico. Cenário contemporâneo no qual os países se movem. Com o profissionalismo diplomático de uns. A ameaça de uso do poder econômico de outros. E a sábia paciência dos que sabem que o espírito sempre vence a espada.



