Quando o Carnaval chegar. A vida normal
As tarifas estarão dentro de parâmetros habituais. Fruto de negociações
Primeiro, foi tentativa de golpe. Na rua. Agora, é golpismo. Continuado. No Congresso Nacional. Com busca de troca inaceitável. Com interrupção dos trabalhos na Câmara. Ameaças aos presidentes das duas Casas do Congresso. E aplicação a juízes de lei estrangeira para malfeitores. A tal ponto impensável chegou o método inconsciente de trabalhar.
O tarifaço terá sido negócio particular. De clã. Acalorado. Colocado em mesa imperial. Configurando o Latinotrumpismo. Inconformado com a nova geopolítica mundial. Que sucede à era das superpotências. A vez é dos blocos econômicos. União Europeia, BRICS e Mercosul. Poder mais distribuído. Mais equilíbrio global. E realinhamento de parcerias comerciais.
O Latinotrumpismo é o propósito de instalar nas três Américas a extrema direita. Sem o Brasil, isto seria improvável. As consequências do Latinotrumpismo do lado norte-americano serão: aumento de inflação por causa do feito fiscal do tarifaço nos preços internos; menor crescimento em face da diminuição dos negócios onerados na tarifação; menor espaço comercial de bens por conta da maior fiscalidade; menor dimensão estratégica no cenário global pela postura agressiva do império.
As consequências do Latinotrumpismo do lado brasileiro serão: custo fiscal de R$ 30 bilhões para apoiar empresas atingidas pela tarifação; realinhamento da política comercial; novas / antigas parcerias comerciais dentro da nova geopolítica de blocos; redução de tarifas aplicadas pelo Brasil para ensejar mais competitividade aos produtos de exportação.
O ex-presidente Bolsonaro vai ser julgado. E a vida vai continuar. Com uma diferença: as tarifas vão ser diminuídas; as relações entre Brasil e Estados Unidos vão ser regularizadas. Porque o presidente Trump é poderista ideologizado. Mas é mais pragmático do que ideólogo. Além de tudo isso, as empresas querem continuar produzindo. E faturando. Trata-se de prosseguir com os negócios. No padrão histórico. Que completa duzentos anos. Os insurgentes, distraídos, vão enfrentar o normal das coisas. Fora de seu planeta familiar.
Quando o Carnaval chegar. 16 de fevereiro de 2026. As tarifas estarão dentro de parâmetros habituais. Fruto de negociações. Os contratos comerciais e de câmbio estarão firmados. As empresas estarão reestruturando suas linhas de produção. Os empregos estarão sendo retomados. E o desvio, privado, conluio desavisado, estará ultrapassado. Porque a vida tem uma lei de gravidade. Um eixo de equilíbrio. Fruto de trilha civilizatória. Que obedece a um dado real chamado senso comum. É só ler Thomas Paine (1737-1809). Na sua obra Senso Comum.
Como cantou Chico Buarque: “Quem me vê sempre parado, garante que eu não sei sambar. Tou me guardando pra quando o carnaval chegar. Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando. E não posso falar. Tou me guardando pra quando o carnaval chegar”.



