Segunda temporada de "Wandinha" destaca o sombrio e acerta no tom
Novos episódios dão espaço à Família Addams e se afasta dos clichês adolescentes
“Wandinha” voltou à Netflix para provar que não era apenas um fenômeno passageiro. A primeira temporada, lançada em 2022, bateu recordes globais, transformou Jenna Ortega em estrela e colocou a franquia Addams em evidência para uma nova geração, mas também recebeu críticas.
Pesava contra a produção o excesso de clichês adolescentes e o afastamento do tom que sempre marcou os Addams. O segundo ano, dividido em duas partes, corrige parte desses deslizes. É mais sombrio, mais ácido e menos preocupado em agradar com romances escolares.
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A série ainda se permite ousar nas adições ao elenco. O destaque evidente é Lady Gaga, que não veio como a tão especulada tia Ophelia, mas sim como Rosaline Rotwood, uma professora antiga de Nunca Mais.
Sua entrada poderia ter sido mais explorada desde o início da temporada, mas a cantora-atriz não desperdiça a chance. Sua performance, ao mesmo tempo excêntrica e fantasmagórica, dialoga bem com o espírito do projeto. Gaga ainda assina “The Dead Dance”, canção inédita que já nasceu como peça da identidade da temporada.
A sensação, no entanto, é de que a produção preferiu guardar sua personagem como um trunfo em vez de integrá-la de fato à narrativa, desperdiçando o potencial de alguém que tem tanto a ver com o grotesco divertido dos Addams.
The end?
A presença mais constante de Agnes (Evie Templeton) e Enid (Emma Myers), agora envolvidas diretamente em um arco ao lado de Mortícia e do novo diretor vivido por Steve Buscemi, reforça o esforço dos criadores Alfred Gough e Miles Millar em ouvir críticas e refinar a trama.
A segunda temporada de “Wandinha” se aproxima mais do que se esperava desde o início, uma mistura equilibrada de humor sombrio, bizarrices familiares e uma trama policial cheia de reviravoltas. Ainda não é o retrato definitivo que os fãs da Família Addams esperam, mas pelo menos sinaliza que a série encontrou o rumo certo, rir do macabro sem se desculpar por isso. Deixando alguns arcos abertos, sabemos que, por ora, “Wandinha” termina por aqui, justo quando parece ter entrado no tom ideal.
*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
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