Dentro da ArtRio, obra discute a relativização do crime
Evento começa nesta quarta-feira (13/9 e destaca a a obra "Um e Três menos Um Crimes", em que artistas ressaltam que o crime só o é quando o criminoso não tem poder político ou econômico
As principais galerias do País estão reunidas na sétima edição da Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro. A ArtRio começa nesta quarta-feira (13), na Marina da Glória, e segue até o próximo dia 17. A ideia é servir como vitrine para novas galerias, estimular o colecionismo, além de formar público e jovens artistas.
Assim como aconteceu com o Ready Made de Marcel Duchamp. O artista coloca uma cadeira em 3D ao lado da fotografia da mesma cadeira e de um quadro com a definição da palavra 'cadeira'.
Leia também
Maria do Carmo Nino inaugura exposição de fotografias e pinturas, na Galeria Arte Plural
Cinecão promove arte na floresta
Livro aprofunda os significados da performance nas artes
O trabalho é assinado pelos pernambucanos Joana Amador, Mariana Lacerda, Lourival Cuquinha e pela paulistana Mariana Sgarioni. Na obra deles, a consumação de crime vem associada não somente ao porte de substâncias consideradas ilícitas pelo código penal, mas também por quem as porta.
Dessa forma, percebe-se o quanto a lei elastece como chiclete, a depender do quanto possibilita favorecer poderes econômicos ou políticos. E assim surge o crime social, que costuma acusar quem não é economicamente favorecido.
No quadro, a definição: "helicoca. s.m. de helicóptero e cocaína; aparelho de aviação de propriedade do senador e do deputado estadual, pai e filho Zezé e Gustavo Perrella, empresários em Minas Gerais; o helicoca foi apreendido em novembro de 2013 com 445 kg de pasta base de cocaína, na cidade de Afonso Cláudio, no Espírito Santo; antes, o helicóptero fez uma escala para abastecimento em Minas Gerais, em uma pista de pouso e decolagem na cidade de Claudio, construída durante o governo de Aécio Neves em terreno que pertenceu à fazenda do seu tio-avô".
Leia também:
Exposição 'Carimbos', no Mamam, revela faceta menos conhecida do pernambucano José Cláudio
Quihoma Isaac mostra suas musas em exposição no Centro Cultural dos Correios
Exposição sobre Santos Dumont chega ao Recife neste sábado
Colocar um helicóptero carregado de cocaína para voar é outro crime cometido. "Mas que nunca foi julgado. Justamente o mais grave deles e cometido pelo acusado com maior poder sócio-econômico, que é transportar 445 quilos de cocaína num helicóptero", declaram os artistas.
Para representar esse episódio, há um helicóptero de madeira pequeno e coberto por um pó branco, voando com náilons ou em uma prateleira. Em outra prateleira, um Pinho Sol e uma água sanitária, produtos de limpeza que causaram a primeira prisão do carioca negro, pobre, catador de material reciclado Rafael Braga.
Ele foi acusado de portar as garrafas para fazer material explosivo. "Caso vendamos a obra, nós doaremos para Rafael Braga a parte da grana que seria para os artistas".

