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NOVELA

Em ''Três Graças'', Dira Paes aguarda uma série de surpresas no decorrer da trama

Na novela das nove, a atriz exalta a força da tevê aberta e vínculo com público

Dira Paes contracena com Sophie Charlotte e Alana Cabral em ''Três Graças''Dira Paes contracena com Sophie Charlotte e Alana Cabral em ''Três Graças'' - Foto: Divulgação/Globo

Um dos pilares da trajetória de Dira Paes sempre foi se comunicar com o Brasil. Por isso mesmo, as novelas, mesmo que tenham chegado um tanto tarde à sua carreira, representam uma parcela importante de seu caminho pessoal e profissional.

Vivendo os dramas de um ciclo de maternidade solo na trama de ''Três Graças'', a intérprete de Lígia ressalta a comunicação direta com o público desde o início do enredo do horário nobre.

“A novela tem esse poder único de se comunicar com um público amplo e diverso. Nada alcança tanta gente como uma novela. Sabemos da responsabilidade que isso carrega, e por isso entregamos momentos intensos, dramáticos, mas também cheios de humor, afeto e leveza – do jeito que o Aguinaldo gosta, surpreendendo e tocando o coração de quem assiste”, afirma.

Na história das nove, Lígia é mãe de Gerluce, papel de Sophie Charlotte, e avó de Joélly, de Alana Cabral. É uma mulher resiliente, que enfrentou desafios desde cedo ao engravidar na adolescência e criar sua filha sozinha. Teve Gerluce com Joaquim, vivido por Marcos Palmeira, que nunca assumiu a filha e com quem ela mantém uma animosidade até hoje.

“O Joaquim, vivido pelo Marcos Palmeira, representa um momento malresolvido na vida dela. Porque você não pode amar quem não ama sua filha e sua neta. Há uma tentativa de resgate dessa relação até para Lígia poder se libertar dela”, defende.

P – Você interpreta Lígia, uma mulher que inicia sua trajetória sozinha e constrói uma família marcada por vínculos profundos. O que mais a tocou nessa jornada de solidão e força feminina?
R – A Lígia me trouxe muitas reflexões. Ela começa a vida sozinha na Chacrinha e constrói uma amizade com a filha, como se amadurecessem juntas. É uma mulher que abriu caminhos, que foi a primeira das “Três Graças”. A casa delas é o coração da história, e só é possível viver num ambiente com tantas faltas quando há muita troca emocional. Isso me emociona profundamente.
P – A novela aborda o ciclo da gravidez na adolescência. Como essa temática ressoa em você e na construção da personagem?
R – É um tema urgente. A gravidez indesejada interrompe sonhos, como aconteceu com a Lígia e depois com a filha. E o mais forte é que esse ciclo não se quebra. A Lígia acolhe, mas também carrega frustrações. Ela talvez tenha sido uma mãe melhor para a neta do que para a filha. A maturidade traz isso. E mesmo com orgulho da filha, há um desejo de que ela tivesse vivido outras experiências.
P – Você já interpretou muitas mães. Agora, vive uma avó. Como foi esse salto geracional na sua carreira e na sua vivência pessoal?
R – Eu já fui mãe do Brasil inteiro (risos). E avó também, como a Lucimar de “Salve Jorge”, que era uma jovem avó. Não convivi com minhas avós, mas elegi a Tia Vidinha como minha avó do coração. Ela tinha um tempo diferente, um olhar que me marcou. Então, essa transição não me estranha. Está no meu DNA.
P – Você fala com carinho sobre suas colegas de cena. Como tem sido contracenar com essas mulheres e viver essa sororidade em cena?
R – É lindo. Há uma verdadeira rede de apoio entre nós. A gente depende das amigas, das primas, das tias, das avós. Essa interseção feminina é o que faz a vida dar certo. E isso está na novela. Trabalhar com a Alana, com quem estive quando ela tinha 12 anos, e com a Sophie, que vi crescer, é um presente. É como se a vida e a arte se entrelaçassem.
P – A novela também toca em temas sociais e de gênero. Qual é o papel da arte, na sua visão, nesse debate?
R – A arte tem de ser voz. A desigualdade de gênero ainda é uma realidade e precisamos falar sobre isso. A novela alcança muita gente e é uma ferramenta poderosa para provocar reflexão. A gente faz isso com drama, com comédia, com o jeito do Aguinaldo, que surpreende. E é assim que a gente planta sementes de mudança.
P – Apesar de estar com uma ampla frente de capítulos, você ressaltou como tudo ainda é muito incerto sobre o futuro da personagem. Como é viver esse processo criativo em tempo real?
R – É como teatro. A gente faz sem se observar. Quando as chamadas começam a ir ao ar, a gente começa a ter uma ideia do que estamos construindo. Acho um momento especial para o ator. E vou aproveitando cada segundo desse processo vivo. além disso, o Aguinaldo é um autor que surpreende do começo ao fim.
P – De que forma?
R – O Aguinaldo não é um autor de ideias fechadas ou previsíveis. Ele surpreende, provoca, reinventa. Por isso, estamos todos curiosos e felizes, com essa vontade genuína de fazer o melhor e compartilhar essa alegria com o público.
P – Você mencionou que Lígia começa a novela fragilizada por uma doença. Como essa vulnerabilidade transforma a dinâmica familiar?
R – A doença desequilibra tudo. Quando a matriarca adoece, a estrutura da casa balança. E isso revela quem está ali de verdade. A novela mostra que, na hora da dor, é a família – ou quem você escolhe como família – que segura sua mão. É um convite à reflexão: com quem podemos contar? Temos de saber escolher nossos parceiros. Às vezes, não é nem o seu cônjuge que é o seu parceiro em uma hora que você precisa da sua saúde.

"Três Graças" – Globo – Segunda a sábado, às 21h30.

Outros carnavais
A trama de “Três Graças” pode até revelar uma série de surpresas para Dira Paes até o dia do último capítulo, que acontecerá apenas no ano que vem. Ela, porém, tem tido um sentimento muito familiar ao encarnar a história de Aguinaldo Silva ao lado de Marcos Palmeira. “Ah, o Marquinhos é meu parceiro, parceiro de vida mesmo. Hoje em dia, a gente já pode falar de muitos trabalhos juntos. Acho que já no meu primeiro filme brasileiro a gente estava no mesmo elenco. Não contracenamos, mas dividimos o mesmo projeto”, explica.

Dira volta a contracenar com Marcos Palmeira após “Pantanal”, em que viveram Filó e José Leôncio. “Quando me contaram isso, achei maravilhoso. Porque, como a gente já se conhece bem, dá para ir para outras camadas na atuação. A gente já foi até irmão em ‘Irmãos Coragem’”, afirma.

Fase pueril
Os últimos meses foram bastante intensos para Dira Paes. Antes de se dedicar ao folhetim das nove, a atriz gravou a primeira temporada da série “Pablo & Luisão”, original Globoplay. Além disso, a produção já tem uma segunda temporada confirmada na plataforma de streaming. “A série ‘Pablo e Luizão’ tem despertado muito carinho por onde eu passo. Eu costumo dizer que são várias bocas banguelas sorrindo para mim. E quando uma boquinha tem uns 10 anos, geralmente é por causa de ‘Pablo e Luizão’. Isso me deixa muito feliz, porque me sinto conectada com o público jovem, um público que se renova com uma série como essa, que tem sido simplesmente incrível”, valoriza.

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