Entre tragédias e literatura, escritor Mia Couto palestra na Unicap
Durante o encontro, Mia Couto relembrou a importância da língua, da contação de histórias e da memória que trazem os livros
Apreensivo em deixar seu país, Moçambique, após a tragédia do Ciclone Idai, Mia Couto decidiu vir ao Brasil para dividir forças com os brasileiros, que, segundo ele, também enfrentam tantas tragédias. Trazendo valorização à literatura brasileira, o autor chegou, nesta terça-feira, às 19h, ao evento da Universidade Católica de Pernambuco e volta na quarta-feira (17), no Auditório G2, para mais uma conversa sobre literatura.
A palestra, segundo o jornalista e mediador do evento, Schneider Carpeggiani, “é essencial em um momento de desmonte da cultura”. Diante disso, durante todo o encontro, Mia relembrava a importância da língua, da contação de histórias e da memória que trazem os livros. O autor moçambicano revelou, “quando eu li João Guimarães Rosa, eu fui brasileiro”.
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Em referência ao turbulento momento político vivido pelo Brasil, Schneider Carpeggiani recitou Guimarães Rosa com “o diabo na rua, no meio do redemoinho”. Para Mia, “o sentimento de apocalipse tem sido vivido no mundo inteiro”, mas o autor decidiu dividir forças com a história brasileira que foi tantas vezes amputada: "amputada do racismo, amputada do genocídio indígena, da violência contra as mulheres e, agora, vem sendo amputada da ditadura militar”.
Grande Sertão:Veredas
Comemorando 63 anos de publicação, a nova edição do célebre livro de Guimarães Rosa foi produzida pela Companhia das Letras, trazendo o resgate da história e regionalidade através de produções exclusivas com capas bordadas a mão pelas artesãs da linha nobre, da Vila Leopoldina, em São Paulo.

