Filme "Kingsman: O Círculo Dourado" se revela competente, cativante e agradável
Sequência, que estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas, não decepciona, mas também não avança em relação ao primeiro filme
Foi uma boa surpresa a estreia de "Kingsman: Serviço Secreto" (2014). Baseado no quadrinho homônimo escrito por Mark Millar e ilustrado por Dave Gibbons, a adaptação para o cinema impressionou pela mistura instigante de ação, suspense, humor, espionagem e referências da cultura pop. Uma caricatura do universo de 007, com violência, regras de etiqueta e hábitos do comportamento britânico levados para o caminho da adrenalina e da comédia - ternos que são armaduras, guarda-chuvas que são escudos, canetas que são armas letais.
A estreia do segundo filme, "Kingsman: O Círculo Dourado", que entra nesta quinta-feira (28) em cartaz no circuito nacional (veja as sessões aqui), vem então cercada de uma carga de interesse e curiosidade que não existia em torno do lançamento do primeiro longa-metragem. Novamente dirigido por Matthew Vaughn, o filme parece competente de um jeito previsível, cativante de uma maneira óbvia, agradável de uma forma esperada. É difícil se decepcionar tendo apreciado o primeiro filme, assim como é pouco provável notar algum tipo de avanço ou êxtase surpreendente.
Vaughn aplica o que deu certo em seus filmes anteriores, "Kick-Ass: Quebrando Tudo" (2010) e "X-Men: Primeira Classe" (2011): a maneira como a ação parece atrelada a uma ideia pop de violência e humor. Cães mecânicos, vilão com um plano exageradamente cômico e excêntrico, personagens de estilo e hábitos afetados. No enredo, Charlie (Edward Holcroft), que no primeiro filme falhou ao entrar para o Kingsman, grupo seleto de espiões britânicos, busca vingança ao atacar Eggsy (Taron Egerton), jovem que ficou com sua vaga.
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A primeira cena tem quase 15 minutos de uma grande quantidade de clichês do gênero ação: perseguição de carros, explosões, tiroteios. Charlie, agora integrante do Círculo Dourado, coletivo de bandidagem criado pela traficante Poppy (Julianne Moore), ganha acesso aos bastidores dos Kingsman e no processo elimina todos menos Eggsy e Merlin (Mark Strong).
A dupla sobrevivente segue o protocolo apocalipse do Kingsman e descobre uma agência secreta nos Estados Unidos, a Statesman, que tem, entre outros integrantes, Tequila (Channing Tatum), Champ (Jeff Bridges) e Ginger (Halle Berry). O retorno de Galahad (Colin Firth) marca um elenco de estrelas afinado e em sintonia com os excessos cômicos do filme. Destaque também para a humorada participação de Elton John.
"Kingsman: O Círculo Dourado" - Crédito: Fox Film do Brasil/Divulgação
O plano de Poppy é colocar uma substância letal em suas drogas, de forma que quem consumir vai morrer em poucos dias. Para evitar a tragédia mundial, o presidente dos Estados Unidos deve tornar as drogas legais. O roteiro repete boa parte da premissa do filme anterior: um vilão excêntrico, um plano comicamente improvável, acessos frenéticos de tiros e bombas - dessa vez, com bem menos violência gráfica.
Talvez o único ponto realmente novo e desafiador por sua natureza crítica é a figura do presidente dos Estados Unidos. Se em filmes anteriores esse era um papel geralmente interpretado por atores negros, normalmente um personagem carismático e humanista, em referência a Barack Obama, agora, na Era Trump, o presidente (interpretado por Bruce Greenwood) é mesquinho e autoritário, propagando um discurso de ódio e separação. As cenas com Greenwood são cômicas de um jeito cínico, parecem indicar uma certa realidade nas brechas do exagero.
Cotação: bom

