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CINEMA

James Gunn: "Superman é um personagem que ressalta muitas coisas das quais a Humanidade sente falta"

Diretor e protagonistas, David Corenswet e Rachel Brosnahan, falam sobre nova aventura do Homem de Aço nas teles de cinema

Filme Filme  - Foto: Warner Bros/Divulgação

A história de origem do Homem de Aço — o nativo de Krypton que vem para a Terra e vira Clark Kent, trabalhando como repórter ao mesmo tempo que salva o mundo na pele do alter ego Superman — já foi vista inúmeras vezes nos cinemas, nas séries e nos quadrinhos. Mas não é vista em “Superman”, longa de James Gunn que inaugura um novo universo cinematográfico da DC Comics e que chega aos cinemas nesta quinta-feira (10).

— Quando eu comecei a ler quadrinhos, muito cedo, entrei na história do Superman não pelo início. Ele já aparecia em meio a vários super-humanos, monstros, robôs, cachorros voadores — lembra Gunn, em entrevista ao Globo durante passagem pelo Rio de Janeiro, em junho. — Quis recriar da melhor forma possível aquele sentimento que tinha quando ainda menino, para adultos e crianças que forem entrar neste universo pela primeira vez.

Livremente inspirado na saga de quadrinhos “Grandes Astros: Superman”, do início dos anos 2000, o longa vem sendo alvo de polêmicas nos Estados Unidos após o diretor lembrar ao público que o herói é um imigrante na Terra, num momento em que o tema da imigração está particularmente aquecido em meio ao segundo mandato de Donald Trump na presidência norte-americana. Gunn entende que o novo filme chega aos cinemas no momento ideal.

— Acho que foi mais fácil fazer “Superman” hoje do que seria alguns anos atrás. O Superman sempre foi muito puro, muito sensível, era visto como um personagem ultrapassado. Mas, como estamos num mundo que claramente não é nada disso, acaba funcionando bem — completa Gunn. — É um personagem que ressalta muitas coisas de que as pessoas e a Humanidade sentem falta.

Clark & Lois
Para dar vida aos protagonistas Clark Kent/Superman e Lois Lane, Gunn convocou os atores David Corenswet, de “Twisters” (2024), e Rachel Brosnahan, vencedora do Emmy pela série “Maravilhosa Sra. Maisel” (2017-2023). A dupla foi selecionada após um processo exaustivo de testes.

— Fizemos centenas de testes para o Superman. Tivemos muita sorte, porque David foi o segundo teste que fiz. Então, desde o início do processo eu sentia que tinha uma grande opção. E acabou sendo a única escolha possível — conta o diretor. — Lois foi mais difícil. Tínhamos várias boas Lois, foi uma corrida bem mais apertada. No final, amei o que Rachel trazia para a personagem.

Os dois protagonistas, que acompanharam Gunn em visita ao Rio, lembram a emoção de fazer testes para papéis icônicos.

— Mesmo que você nunca tenha visto um filme do “Superman” ou lido quadrinhos na vida, você sabe o que aquele “S” significa. Não cresci lendo quadrinhos, só assisti ao primeiro filme com Christopher Reeve, mas sei quem Lois Lane é — conta Rachel Brosnahan, que consultou repórteres investigativos para se preparar para o papel.

Já Corenswet, sem poder consultar outros alienígenas super-poderosos, foi atrás da ajuda de outros profissionais.

— Dois tipos que me inspiraram foram levantadores de peso e fisiculturistas. Me aproximei deles, assisti a muitos vídeos no YouTube enquanto estava treinando para o filme. Existe um foco e uma vontade muito específica quando você explora os limites do seu corpo, especialmente quando move objetos pesados, que acho central para a determinação do Superman e sua força física e espiritual — diz o ator. — Também fiz aulas de voo e tive contato com pilotos. A responsabilidade que eles assumem com a vida das pessoas, a atenção aos detalhes... Você quer que seu piloto seja calmo e bom diante de uma crise, o que são características importantes para o Superman e o que ele quer apresentar para o mundo.

Super-cachorro
Além do super-herói e da repórter, o novo longa traz personagens marcantes como o super-doguinho Krypto, o Lanterna Verde (Nathan Fillion), a Mulher-Gavião (Isabela Merced), o Sr. Incrível (Edi Gathegi), entre outros. E, é claro, Lex Luthor, vivido pelo ator Nicholas Hoult.

— Nick fez testes para o Superman. Foi um dos finalistas para o papel. Amei trabalhar com ele e seu processo, senti que era um ator incrível, mas não achei que funcionava para este Superman. Liguei para ele e perguntei se consideraria ser Lex Luthor, e ele me contou que, quando leu o roteiro, sempre achou que seria um melhor Lex, mas que tinha medo de dizer para não arruinar suas chances como Superman — revela Gunn.


Além de diretor, James Gunn é roteirista e produtor do novo “Superman”. E também é o responsável direto por pensar o novo universo cinematográfico da DC Comics após assumir a função de CEO do estúdio ao lado de Peter Safran. Para Gunn, não foi difícil a decisão de inaugurar a nova leva de produções com o Superman.

— Ele é o primeiro super-herói da história. O legado dele é ser um personagem pelo qual as pessoas sempre se atraíram e se interessaram. Teve seus altos e baixos, mas sobreviveu a tudo isso e é tão popular quanto sempre foi. Na hora de escolher a pedra fundamental do DCU, nenhum outro personagem fez tanto sentido quanto o Superman — defende Gunn.

Bradley Cooper e cia.

Conhecido pelo trabalho em filmes como “Guardiões da galáxia” (2014) e “O esquadrão suicida” (2021), Gunn tem o costume de trabalhar muitas vezes com a mesma equipe e o mesmo elenco. No novo trabalho, reencontra parceiros de longa data como Bradley Cooper, Alan Tudyk, Pom Klementieff, Nathan Fillion, John Cena e, é claro, o irmão Sean Gunn, a maioria em participações simbólicas. Trabalhando pela primeira vez com o cineasta, Corenswet e Brosnahan destacam o ambiente de “trabalho em família”.

— Fala-se muito sobre a pressão de fazer um filme como este e a responsabilidade de assumir papéis icônicos. Claro que isso existe. São filmes enormes. É preciso centenas e mais centenas de pessoas para fazer algo assim. Mas, de alguma forma, mesmo quando trabalhávamos nas cenas mais insanas e elaboradas, tudo parecia muito íntimo com essa família do elenco e da equipe que James criou — diz a atriz. — Ele une pessoas apaixonadas por fazer o que fazem, então é mais fácil deixar a pressão de lado. Estávamos todos lá com nossos pés fincados no chão, na maioria do tempo.


Corenswet demonstra ter ficado feliz com o fato de encontrar um diretor disposto a responder a suas inúmeras perguntas sobre o personagem e o universo em que se passa a história. Ele também se lembra do clima leve no set, com a mesa de Gunn sempre recheada de brinquedos e guloseimas à disposição da equipe.

— Foi uma alegria perceber o quanto James foi fundo para capturar a essência desses personagens. E o frescor do universo que ele estava criando — diz o ator. — Eu não sabia que o Superman existia num mundo com robôs, cachorros voadores, kaijus e universos paralelos. Foi tudo novidade para mim ao ler o roteiro.

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