Dom, 14 de Dezembro

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Kanye West: Ministério Público pede que artista seja preso se fizer discurso nazista em São Paulo

Recomendação é que Policiamento de Choque mantenha policiais no local do evento; pedido de prisão também enquadraria produtores do show

Nesta foto de arquivo tirada em 11 de outubro de 2018, Kanye West se encontra com o presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DCNesta foto de arquivo tirada em 11 de outubro de 2018, Kanye West se encontra com o presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DC - Foto: Saul Loeb / AFP

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acompanha, desde outubro, a anunciada vinda de Kanye West ao Brasil. Desde o mês passado, a instituição estabeleceu um inquérito civil público tendo em vista o histórico de discursos nazistas e discriminatórios do rapper, que tem um show marcado na capital paulista para o dia 29 de novembro. Considerando o histórico, o MPSP recomendou que West e os produtores do evento sejam presos caso ocorra discurso nazista na apresentação.

A função do inquérito é "não permitir que o cantor Kanye West cujo nome artístico é “YE”, no recinto do Autódromo de Interlagos ou qualquer outro lugar no território brasileiro, promova, cante, divulgue ao público música intitulada “Heil Hitler” ou qualquer outra música que faça alusão ao nazismo, utilize camiseta com suástica, símbolo ampla e historicamente associado ao nazismo, ou qualquer outro símbolo nazista, dirigido ao público, em mídias sociais ou qualquer outro veículo de comunicação ou exposição ao público", diz o despacho da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos.

O documento oficia ao Comandante do Comando de Policiamento de Choque, Coronel-PM Racorti, que mantenha " um policial ou equipe de policiais de prontidão durante o show e com orientações especificas para prender o cantor em flagrante, conduzindo-o para a Delegacia de Polícia, juntamente com seus produtores, caso ele cante uma música ou faça qualquer apologia ao Nazismo".

O show de Kanye West em São Paulo, inicialmente, estava marcado para ocorrer no Autódromo de Interlagos, mas a gestão de Ricardo Nunes vetou a realização do evento considerando posicionamentos discriminatórios do rapper, que coleciona polêmicas e controvérsias e que recentemente declarou, com orgulho, ser um homem "racista, nazista e gordofóbico". Neste ano, ele lançou uma música chamada "Heil Hitler", banida de plataformas como o YouTube e o Spotify.

Por meio de nota, a prefeitura afirmou que "a atual gestão não compactua com qualquer conduta criminosa de apologia ao nazismo e/ou racismo e, por isso, não permitirá eventos com essa conotação em equipamentos municipais". No mesmo comunicado, administração diz que não foi informada pela produtora sobre qual artista seria contratado para o evento no momento em que a empresa solicitou o uso do espaço.

Com a impossibilidade de realização do show em Interlagos, os produtores do evento sob o nome de Holding Entretenimento & Networking afirmaram que a data de 29 de novembro para presença de Kanye West no Brasil está mantida, mas não deu novas informações sobre onde seria o novo local para a apresentação.

O GLOBO tentou contato com os produtores e com a Q2 eventos, responsável pela venda de ingressos nos últimos dias. Mas não recebeu resposta. Jean Fabrício Ramos (cujo nome profissional é Fabulouz Fabz) respondeu à reportagem afirmando que não é produtor do evento, conforme citado no documento do MP. Afirmou que faz um trabalho de "intermediário" entre contratantes e artistas internacionais. Também disse que seu advogado está em contato com o MP.

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