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Mostra revela a força poética de Conchita Brennand

Pela primeira vez em uma exposição individual, artista plástica apresenta suas obras em "O prazer do olhar"

Mostra reúne 30 trabalhos inspirados na naturezaMostra reúne 30 trabalhos inspirados na natureza - Foto: Brenda Alcântara/Folha de Pernambuco

Nascida numa das famílias mais proeminentes da sociedade pernambucana, Conchita Brennand sempre se manteve longe dos holofotes. Ao contrário do irmão mais velho, Francisco, nunca encarou como carreira sua inclinação para as artes. A personalidade discreta, no entanto, esconde uma força poética contida num número variado de pinturas e desenhos nunca expostos.

Parte dessas obras será apresentada ao público na primeira exposição individual da artista em galeria, aos 85 anos, batizada de "O prazer do olhar", cuja vernissagem ocorre nesta terça-feira (9), às 19h, na Arte Plural Galeria. As visitas podem ser feitas a partir da quarta-feira (10).

Quem assina a curadoria da mostra é o artista plástico Raul Córdula, que tomou conhecimento do trabalho de Conchita por intermédio de um amigo em comum, o chef Leandro Ricardo. "Conhecia pouca coisa sobre a produção dela, só algumas imagens. Sabia de sua existência, tinha muita curiosidade, mas nunca havia tido o prazer de ser apresentado a ela. Quando isso finalmente aconteceu, fiquei muito impressionado, por ver uma pessoa na idade dela com tanto vigor, ainda criando", afirma o curador, que conseguiu driblar a resistência da criadora em divulgar sua produção. Os trabalhos da pernambucana só haviam sido expostos uma vez, em 2015, dentro de uma loja de móveis, a pedido do arquiteto Romero Duarte.

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O amor pelo universo da arte acompanha Conchita há muito tempo. Começou a pintar ainda aos 15 anos, por vezes contrariando convenções familiares. "Comecei a pintar quadros eróticos na década de 1970, quando morava em Londres. Eu achava uma coisa completamente normal, mas muita gente da família ficava chocada com isso", conta a pintora, que desde cedo gostava de desafiar as regras. Na juventude, foi levada pelos pais para viver num internato da Suíça, onde aprenderia, entre outras coisas, noções artísticas. Insatisfeita com o lugar e com o que era ensinado, fez as malas e fugiu da instituição.


Para Córdula, os trabalhos de Conchita e Francisco compartilham algumas similaridades. "Há muita identidade, por serem irmãos e por terem dividido a vivência no bairro da Várzea, que surge nas obras de ambos", aponta. Para a artista, no entanto, não cabem comparações com o irmão. "Adoro Francisco, sou realmente fascinada por ele. Claro que temos semelhanças, pois fomos criados juntos, na mesma casa, mas acredito que não tenho nada dele. Longe de mim querer me comparar", diz.

O acervo exposto ao público conta com 30 obras em papel canson. Nas telas, salta aos olhos a inspiração na natureza, seja na presença de animais fantásticos, nos frutos e folhagens ou na representação do corpo feminino desnudo. Outra percepção imediata é o colorido vibrante das pinturas, que contrasta com a sobriedade adotada por Conchita no seu vestuário. "Desde muita nova, sempre me vesti de preto. Digo que o colorido vem de dentro, das tripas", brinca.

Serviço:
Exposição "O prazer do olhar", de Conchita Brennand
Quando: Aberto ao público até 2 de fevereiro
Onde: Arte Plural Galeria (rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Entrada gratuita
Informações: (81) 3424-4431

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