Museu do IAHGP lança catálogo que revela parte do acervo
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano abriga antiguidades, entre documentos históricos, mobiliários e obras de arte
Mais antigo museu de Pernambuco, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) guarda um precioso e eclético tesouro há 155 anos: móveis, pinturas, armas brancas e de fogo, vestuário, bandeiras, artefatos indígenas, documentos... Há documentação até do século 17. E a maioria dos recifenses sequer sabe disso. Instalado e imprensado na Rua do Hospício, no sobrado de número 130, onde mal há espaço para tráfego de carros e pessoas, o IAHGP é símbolo de resistência diante do desprezo pela cultura e preservação da memória.
Justamente em nome dessa conservação e ainda da democratização do acervo, será lançado, na terça-feira (19) e na quarta-feira (20), na Livraria Jaqueira e no auditório do IAHGP, respectivamente, o Catálogo do Museu do Instituto. A publicação de 140 páginas, que tem apoio do Funcultura e é assinada pelo arquiteto e pesquisador José Luiz Mota Menezes, traz em ilustrações e textos explicativos uma pequena parte do acervo do espaço.
E não só isso. Trata-se de um compêndio histórico do mais antigo museu de Pernambuco, concebido na então capitania pelo governador da Companhia das Índias Ocidentais, o alemão Maurício de Nassau. "Quando Maurício de Nassau ocupava o palácio, ele instalou um museu de curiosidades", revela Menezes, que se debruçou na elaboração do material durante um ano. Começou aí a ideia de colecionismo em Pernambuco, interrompida com a expulsão de Nassau das terras locais.
De lá para cá, o acervo foi construído inteiramente graças a doações. "Com a demolição de solares e com as famílias se mudando para apartamentos em Boa Viagem, não havia mais espaço para as grandes mobílias, mais de 200 retratos pintados a óleo e outras obras de artes", explica o pesquisador, acrescentando que outro doador importante foi o Palácio do Campo das Princesas, que também cedeu mobiliário após reformas.
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Para se ter uma ideia da importância do IAHGP, sua fundação, que é de 1862, é anterior à do Arquivo Público de Pernambuco, que é do século 20, assim como o Museu do Estado, fundado em 1930. "Temos todo o acervo da antiga Câmara Municipal, onde foi assinado por exemplo, o ato de enforcamento de Frei Caneca. Somos também guardadores de um quadro de Dom Pedro II quando jovem, que deve ser único em Pernambuco", conta José Luiz. De acordo com ele, em antiguidade, o IAHGP só perde para o museu do Instituto Histórico do Rio de Janeiro.
O catálogo é o primeiro de um museu local a contar com audiodescrição - a edição impressa conta com um audiolivro - , um avanço significativo em nome da inclusão, principalmente das pessoas cegas. Uma parte dos exemplares também será distribuída gratuitamente em escolas, bibliotecas públicas e universidades.
Atualmente, o fluxo anual de visitantes do museu é de cinco mil pessoas. Durante os dois lançamentos, o pesquisador José Luiz Mota Menezes fará palestra sobre a importância da obra para a memória do Estado.
Serviço:
Lançamento de Catálogo
Terça-feira (19), na Livraria Jaqueira (Rua Antenor Navarro, 138, Jaqueira), às 18h
Quarta-feira (20), no IAHGP (Rua do Hospício, 130, Boa Vista), às 19h
Preço: R$ 30

