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Obras de Antônio Poteiro são expostas na Caixa Cultural

Mostra do artista português radicado em Goiás, ícone do primitivismo brasileiro, reúne 37 telas a partir desta terça-feira (3)

Exposição Poteiro- Colorista do BrasilExposição Poteiro- Colorista do Brasil - Foto: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco

Primitivismo é um estilo de pintura que foge da arte acadêmica, valoriza o desconhecimento técnico, a simplicidade e as temáticas populares. Um ícone brasileiro desse movimento surgido no Modernismo é o artista português radicado em Goiás, Antônio Batista de Souza, o mais conhecido como Antônio Poteiro (1925-2010). 

Trinta e sete obras do artista - todas em óleo sobre tela - poderão ser vistas pelos pernambucanos, de 3 de outubro até 3 de dezembro, na Caixa Cultural, no Bairro do Recife, na exposição intitulada "Poteiro, o Colorista do Brasil".
São trabalhos da coleção particular do filho do artista, Américo Batista de Souza, que fará visita guiada, às 19h30, na abertura da mostra. Essas telas fazem parte de duas séries. Uma delas, "Brasiliana", pintada entre 1999 e 2000, presta uma homenagem ao Brasil, que na época comemorava 500 anos de "descobrimento".

"Descoberto", aliás, pelos portugueses, mesma origem dos pais de Antônio, que vieram ao Brasil trazendo o filho de 2 anos de idade para fugir do regime ditatorial de Salazar. "O governo queria levar meu avô para a África, para trabalhar na colonização dos países de lá. Então eles resolveram fugir pra cá", conta Américo.

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De família tradicionalmente ceramista, Poteiro foi muitos antes de ser artista: oleiro, ferreiro, cozinheiro, garçom, entregador de pães, pedreiro e cisterneiro. "Ele dizia que o mundo era uma bagunça", revela seu filho, enquanto mostra as telas do pai. Autodidata e de origem humilde, foi incentivado a pintar e ganhou telas e pincéis do também artista e goiano Siron Franco.

As variedade da cartela de cores e os tons fortes de suas telas exibem um Brasil de quem amava história e era um leitor inveterado. Sob a curadoria de Enock Sacramento, a mostra traz na série Brasiliana a visão do artista de fatos como a chegada dos portugueses e das duas missas celebradas aqui. Aliás, a temática religiosa é recorrente em seus trabalhos, assim como a menção aos índios, com quem conviveu durante dois anos na Ilha do Bananal, em Goiás, e ao folclore. 
Festas típicas como a Ciranda, o Fogaréu e a Carvalhada, o artista retratou de sua forma particular, sem profundidade na tela, apenas com as figuras humanas dispostas umas acima das outras, com direito aos seus apetrechos e seus traços identitários. E ainda criou novos signos em cima da tradição, herdada dos portugueses. "Ele inseriu a 'Tatuzada', 'Pavãozada', 'Peruada' e 'Tartarugada'", conta Américo.

 

Obras de Antônio Poteiro em exposição na Caixa Cultural

Obras de Antônio Poteiro em exposição na Caixa Cultural - Crédito: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco 

A outra série da exposição, batizada de "Via-Sacra 3000", de 1996, é a interpretação do artista sobre o caminho de Jesus. Não que fosse um religioso fervoroso. Apenas acreditava em Deus, mas não frequentava a missa e era receptivo a todas as religiões. 

Ao final do percurso de Cristo, eis que é retratado o terceiro milênio, com a destruição da Terra. 
Serviço:
Exposição "Poteiro, o Colorista do Brasil"
Caixa Cultural (avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
De 3 de outubro a 3 de dezembro
Entrada gratuita
Informações: (81) 3425-1915 

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