Sáb, 06 de Dezembro

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Paolla Oliveira analisa trajetória e diz: 'Heleninha virou meu mundo de cabeça pra baixo'

Intérprete de mocinhas fortes ao longo de sua carreira, atriz conta como foi encontrar dentro de si a vulnerabilidade que precisava para acessar na frequência frágil da alcoolista de 'Vale tudo'

Paolla Oliveira é Heleninha no remake de 'Vale Tudo'Paolla Oliveira é Heleninha no remake de 'Vale Tudo' - Foto: Manoella Mello/Globo

Heleninha Roitman chacoalhou as emoções de Paolla Oliveira. A intensidade com desbrava a própria vulnerabilidade para acessar a frequência frágil da alcoolista de “Vale tudo” tem deixado a atriz de 43 anos à flor da pele.

O choro é livre e irrompeu duas vezes durante sua participação no ‘Conversa vai conversa vem’, videocast do OGLOBO, no ar no Youtube e no Spotify. Mas não é só (só?) isso. Heleninha provocou virada de chave em sua intérprete sobre que atriz (e mulher) deseja ser.

Leia abaixo:

Como foi encontrar em você a vulnerabilidade de que Heleninha precisava?

Foi lindo. Falou sobre o meu artístico. Me redescobri. Quando me perguntavam sobre as mocinhas que eu fazia, a primeira coisa que eu falava era: “Ela é uma mulher muito forte, não é boba, não”. Por que tinha que afirmar isso? Hoje, olhando para trás, vejo que era a Paolla falando. Agora, vou atrás de uma mulher que vira meu mundo de cabeça para baixo, me vira do avesso. Me vejo através dela. Essa mulher como a gente é num relacionamento, o quanto a gente se entrega, é obsessiva, frágil, tentando a busca pelo outro e esquecendo da gente. Foi interessante me olhar por esse lado. Há oito meses, todos os dias busco isso em mim. Acho que a gente tá muito mais perto de descobrir as nossas vulnerabilidades pra crescer, pra progredir, do que encontrar as nossas forças. O tempo inteiro a vida tá falando "seja forte". Agora, onde está nossa vulnerabilidade que a gente pode dar um acalanto e seguir em frente?

Heleninha te deu um reconhecimento que não tinha? Entendeu que tipo de atriz quer ser?

Acho que ainda estou na esfera da ousada, da corajosa. Tenho feito mudanças na vida para não me acomodar com conquistas. Quando vou atrás da Heleninha sabendo o desafio psicológico, emocional e mudo coisas, estou me modificando como artista. Meu desejo era subir degraus. Estou na escada. São perguntas que tenho feito: que tipo de mulher quero ser? Que coisas quero aceitar ou não? Artisticamente também. Minha arte merecia espaço com meu emocional tranquilo. Por isso, abri mão do carnaval. Detesto a história de a mulher ter que equilibrar pratos, onde a gente consegue se dar um aconchego?

As críticas, no início, foram pesadas, como lidou?

A gente escolhe coisas ousadas e depois pensa: "gente, por que fui fazer isso, me meter numa coisa que pode me levar pra um lugar não tão bom? Então, ela aparece com essa complexidade toda. E se mostra para mim através da minha maturidade como atriz. Fiz, estudei, mergulhei, me entreguei. Em nenhum momento achei que não ia ter críticas. É um trabalho que já nasceu da expectativa e das críticas. E crítica é para a gente ouvir. Na hora que a novela foi ao ar, senti uma suspensão. Não falaram nada e num segundo momento, começaram a falar, as pessoas se sentindo incomodadas, eram críticas intuitivas. "Ai, muito desconfortável", "tá exagerada", "não gostei". Fui ouvindo.

Invés de ficar vulnerável, mantive o posicionamento do que tinha escolhido, fui fazendo igual, sem mudar nada. Depois de um tempo, as críticas passaram a ser outras, as pessoas começaram a se identificar, a abrir um precedente de empatia pra Heleninha. A mesma mulher que era chata, que riquinha, desconfortável, mimada, abraçaram a Heleninha. Acho isso sublime. A gente ter a confiança nas escolhas artísticas, não sair do seu caminho. Nunca mudei em nenhuma vírgula. A gente estava um mês na frente. O que as pessoas viam já estava feito. Foi interessante de ver as pessoas entendendo o vazio dela, que ela vai de acordo com a onda com que ela tá vivendo. Passando do ponto, sendo excessiva, obsessiva. Esse é o poder do trabalho, da arte. Heleninha é chata, mimada, mas isso não tira oa tributos dela. Como ser inteligente e sofrer de uma doença como essa. As críticas são importantes, mas às vezes, questionáveis.

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