Pedro Mariano volta ao Recife com orquestra em nova turnê
"DNA", em que o músico se apresenta ao lado do conjunto do maestro Otávio de Moraes, é o show que ele apresenta nesta sexta-feira (20), no Teatro RioMar
"DNA", composto orgânico, intrínseco do corpo, que guarda as instruções genéticas de cada ser vivo, dá nome à turnê do músico Pedro Mariano, filho de Elis Regina e do pianista César Mariano. Ele apresenta novo show nesta sexta-feira (20), às 21h, no Teatro RioMar, no shopping RioMar, no Pina.
Sobe ao palco, com ele, o maestro Otávio de Moraes, regente da orquestra que acompanha o cantor. O maestro traz seu quarteto, composto por Conrado Goys (guitarra e violão), Leandro Matsumoto (baixo), Marcelo Elias (piano e teclado) e Thiago Rabello (bateria), além de 20 músicos integrantes de orquestras do Recife.
Seus pais lhe influenciaram de alguma maneira na tua carreira? O que é que você agrega deles?
Quando me perguntavam na escola o que eu queria ser, eu já dizia “músico”. Eles têm uma influência direta nisso, mas engraçado porque não é uma influência musical no sentido de eu seguir na mesma vertente musical que eles escolheram ou fazer o mesmo tipo de som que eles fazem.
É uma influência muito mais vocacional. Você crescer numa casa onde a música é o ganha pão de todo dia... Nunca passou outra coisa por minha cabeça, nunca pensei em uma carreira regular. Eu só demorei um pouquinho mais de tempo, pensando qual seria o meu papel dentro da música, mas fugir dela nunca foi uma opção - nem cogitado nem colocado no papel.
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Por boa parte da sua carreira você não fez uso de orquestra, mas - em 2013 - começou a colocar isso em prática. O que mudou?
A ideia de usar orquestra sempre esteve na minha cabeça. Muitas decisões artísticas e musicais você toma depois de uma maturação dessa ideia e de uma maturação profissional que você tenha que desenvolver. Cantar com orquestra sempre foi um desejo muito grande, até mesmo um objetivo de vida em algum momento. Talvez por influência direta de meu pai: sempre ouvi muito esse tipo de música, eu brinco que era o som do final de semana. Meu pai sempre escolhia um disco e mostrava o papel de cada instrumento, a intenção dos arranjos.
Era muito mais uma farra, uma coisa bem lúdica e brincalhona. Isso sempre me encantou muito. Mas eu sabia que é muito difícil cantar em orquestra, você precisa ter uma maturidade muito grande, porque, além de ser muito difícil, é uma postura completamente diferente do artista cantar com uma grande orquestra e cantar pro seu quarteto. Você tem que respeitar as nuances, a interpretação do arranjo, você tem que respirar.
Depois de fazer tantos discos e tantos projetos, e experimentar tantas coisas, meio que a vida foi me colocando de frente a esse desafio. Eu, como todo artista, sou inquieto, quero sempre me colocar um desafio novo, tentar uma coisa nova, vivenciar emoções novas. Não sou um artista que tenho a intenção de ficar me repetindo. A orquestra surgiu nesse momento, de me dar esse fôlego, a necessidade de experimentar coisas novas.
A última vez que você veio a Recife foi há dois anos. O Pedro que se apresenta nesta sexta-feira é diferente do que se apresentou naquela época?
O show é completamente novo, completamente diferente. O show de dois anos atrás no Recife me preparou, porque depois de fazer uma turnê com orquestra por dois anos, eu sou um artista completamente diferente. Às vezes, para quem está na plateia, pode ser uma mudança muito sutil, muito sensível, não é uma coisa tão latente à primeira vista. Mas, para mim, foi uma mudança muito radical.
A cada show da orquestra, quando eu volto para um formato que eu já tinha feito, eu sou completamente diferente, eu me ponho completamente diferente em frente àquela canção. Hoje eu sou um cara infinitamente mais seguro, não só desse formato, mas de encarar qualquer composição, qualquer arranjo. Para nós, que estamos executando, é uma mudança muito grande, eu me considero um músico infinitamente melhor, mais preparado.
Em que medida as músicas mudam quando são tocadas por uma orquestra?
A roupagem das canções muda bastante porque o arranjo é feito sob medida, como um alfaiate que prepara sua roupa. Às vezes, você tem uma canção em vários formatos e, quando você vai cantar com a orquestra, muda toda a interpretação em função de terem 25 pessoas tocando a mesma coisa com você. Automaticamente, cria uma nova sensação, cria uma nova interpretação, criam-se novos pontos de apoio.
É até curioso, nas primeiras vezes que você canta aquela mesma canção que você já está acostumado a orquestra quase te atrapalha - seu ouvido não está preparado para tanta interferência, tanta intervenção. Eu não posso ligar a chavinha do piloto automático, eu preciso ouvir, entender, para saber onde me posicionar melhor para que eu apresente uma interpretação clara daquela música, daquela história. Preciso descobrir qual o caminho das pedras para que o público interaja com a orquestra, para que ela não passe batido, para que se observe o que aqueles instrumentos mudam na canção.
Como é que está o setlist do show? Tem músicas inéditas?
Além de músicas conhecidas, eu trago músicas inéditas - inéditas, inéditas mesmo, muitas não foram gravadas por ninguém -, músicas preparadas para esse projeto. Essa escolha, diferentemente de uma orquestra de dois anos atrás, foi pela sonoridade, pelos arranjos, por uma releitura de sucessos em formato orquestra. Para esse eu comecei a preparar um repertório completamente novo, as músicas que eu comecei a selecionar começaram a ter uma característica muito pessoal e quase autobiográfica, canções que eu fui selecionando em relação à temática.
Eu sempre peguei músicas com histórias que eu gostasse, me apaixonasse. Eu ainda não tinha juntado em um projeto tantas canções que representam coisas, emoções, histórias que eu - ou pessoas muito próximas - estava vivendo naquele instante. O destino me jogava de frente com uma música.
No meio do caminho, o projeto de orquestra foi aprovado junto ao Ministério da Cultura, como projeto a ser executado esse ano e eu não quis perder a oportunidade. Ao contrário do que eu fiz nos outros projetos, estou saindo em turnê primeiro, para depois gravar e lançar disco e DVD no comecinho do ano que vem. O show é lindo, todo mundo vai gostar.

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