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MÚSICA

Scalene leva faixas de ''Éter'' ao Recife em celebração aos 10 anos do álbum: 'o calor é metafórico'

Vocalista da banda concedeu uma entrevista à Folha de Pernambuco, antes de subir no palco do Estelita neste sábado (28)

Gustavo Bertoni (C), Tomás Bertoni (D) e Lucas Furtado (E) do Scalene Gustavo Bertoni (C), Tomás Bertoni (D) e Lucas Furtado (E) do Scalene  - Foto: Divulgação

Motivados pela vontade de voltar a ser uma banda, Scalene retornou aos palcos com a turnê comemorativa de dez anos do disco ''Éter'' (2015), vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa de 2016. O grupo brasiliense desembarca no Recife para uma apresentação única no Estelita, às 22h, neste sábado (28), com ingressos a partir de R$ 70, no Sympla

Com previsão de uma hora e meia de show, Scalene promote revisitar as doze faixas de ''Éter'', remetendo a sonoridade estética do stoner rock, hardcore e rock alternativo, gêneros característicos do disco, como ''Sublimação'', ''Gravidade'', ''Furacão'', ''Tiro Cego'' e ''Terra''. Os clássicos da banda completam a apresentação, como ''Danse Macabre'', ''Entrelaços'', ''Discórdia'' e ''Phi'', atravessando todas as fases do grupo. 

E não, o hit ''Surreal'' não entrou na setlist do show, mas sabemos que o público vai pedir essa de qualquer jeito, né?

Em 2022, logo após o lançamento de ''Labirinto'' (2022), quinto álbum de estúdio do grupo, Scalene entrou num hiato, retornando somente em 2024 para um show único em Brasília, cidade natal da banda. Em 2025, eles decidem celebrar os dez anos de ''Éter'', segundo disco do conjunto, com uma turnê pelo Brasil. 

Revisitando o repertório de ''Éter'', Gustavo Bertoni (vocalista e guitarrista) encontrou em HDs (ou Discos Rígidos) demos de músicas que ficaram de fora do disco, pois na época a banda não desejava fazer um álbum muito grande, depois da estreia de ''Real/Surreal'' (2013), com 18 faixas. Nesse emaranhado de canções postergadas, surgiu o mais novo single ''Quimera'', lançado em 29 de maio deste ano. 

''A gente queria agitar os fãs e, de certa forma, até celebrar o momento retribuindo ao trazer um gostinho novo para uma setlist de 10 anos atrás. Então, eu busquei, literalmente, em HDs perdidos em casa. Fui abrindo e escutando, tinham umas demos muito toscas (mal gravadas) e achei essa ('Quimera') que tinha algumas ideias boas. Eu falei: 'Hum. Tem algo aqui que a gente pode utilizar''', revela Gustavo Bertoni em entrevista à Folha de Pernambuco. 

Para o vocalista, a nova música ficou mais ''crua'' na intenção de soar mais como parte  do ''Éter'', sendo uma celebração, mas também é uma ''provocação'' do que os fãs podem esperar do futuro projeto da banda. Agora, focados na turnê comemorativa, Gustavo expressa o sentimento de retornar aos palcos com a banda. 

''Voltar fazendo a turnê dos dez anos do 'Éter' tem sido muito especial, porque a gente está se reconectando com outra época nossa e dos nossos fãs. A gente sabe da importância que a banda tem para muitas pessoas e a relevância do trabalho que foi construído, mas, de certa forma, você fecha um pouco os seus ouvidos para isso, para que você não fique deslumbrado, ou que seu ego não inche'', ressalta o vocalista. 

Quando o grupo começou a formação original tinha entre 15 a 18 anos, tornando-se, logo cedo, uma grande prioridade para eles, sendo assim, a pausa também serviu para cada um crescer individualmente e trabalhar com outras coisas. Atualmente, o Scalene deixou de ser a única renda da banda, o que ajudou eles a encontrar um prazer maior nesse retorno, segundo Gustavo.
 
''Com a maturidade a gente está conseguindo abraçar mais isso, num lugar mais aterrado, de curtir, sentir uma gratidão e ter orgulho do que a banda fez. Então, tem sido interessante voltar com uma nova mentalidade'', explica o brasiliense.  

Além disso, outra novidade na formação composta por Gustavo Bertoni (vocal e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra) e Lucas Furtado (baixo), é o baterista Maick Souza que assume a bateria da banda depois da saída de Philipe 'Makako' Nogueira. 

''O Maick na bateria está sendo uma coisa muito legal. Ele é um novo elemento, que tem um astral e uma linguagem muito maneira que desafia a gente também. Tem sido revigorante'', salienta. 

Antes da banda alcançar a brasilidade de ''Magnetite'' (2017), a bossa nova de ''Respiro'' (2019) e a melancolia de ''Labirinto'', Scalene trouxe um dos seus trabalhos mais concisos em ''Éter''. 

O álbum foi um ''divisor de águas'' para a banda. Scalene estava se consolidando na cena independente depois do sucesso de ''Real/Surreal'' e a participação no programa da TV Globo, o Superstar, que garantiu um segundo lugar para o grupo na segunda edição do reality show musical. 

''O 'Éter' foi o primeiro disco com uma identidade mais consistente, que a gente falou 'opa, é por aqui'. (O álbum) levou a gente para mais lugares, certamente, foi o primeiro que teve um alcance grande e boa parte dele envelheceu muito bem, vendo hoje nos palcos, as músicas ainda fazem sentido. Isso é muito interessante'', pontua Gustavo Bertoni. 

No ''Éter'', a gravação da voz e bateria foi realizada em estúdio, diferente de ''Real/Surreal'', que contou com uma gravação completamente caseira e sem verba. Em 2016, Scalene ganha com o disco o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, o que não teve muito impacto na carreira, mas foi um uma passo importante para o grupo.  

''Não mudou em relação à carreira. Naquela época, o Grammy Latino ainda era uma coisa pouco divulgada no Brasil, mas isso felizmente mudou hoje em dia, porque a galera começou a levar a sério e ver quão importante é. (...) A banda ficou extremamente feliz porque tirou um peso dos ombros e foi uma formalidade importante para mim. Era um indicativo que o sonho se tornou realidade'', expõe Gustavo que tinha abandonado a faculdade naquele período.   

Scalene voltou ao Grammy Latino em 2021 com o EP "Fôlego", na categoria de Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa, gravado durante a pandemia e produzido de forma remota. 

Antes de seguir com a turnê para Brasília (05/07), Juiz de Fora (23/08) e Rio de Janeiro (24/08), Gustavo comentou a expectativa da banda com o Show em Recife. ''É inegável, não é um clichê, a energia é diferente, o calor é metafórico, não é só físico. Vocês realmente abraçam a gente. Eu costumo lembrar de vários momentos específicos (dos shows em Recife)''. Gustavo disse que no último show, antes de entrar no palco, os fãs já estavam cantando muito alto algumas músicas no Estelita.  

''Eu nunca esqueci isso. Eu já vou subir no palco de sorriso aberto'', finaliza Gustavo.

SERVIÇO
Scalene - Turnê 10 anos ''Éter''

Quando: 28 de junho, 22h
Onde: Estelita
Ingressos: a partir de R$ 70, no Sympla
Informações: @estelita.recife

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