Dom, 07 de Dezembro

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Economia

"Alívio chegar em casa": entregador baleado comemora prisão de agente penal

Além da prisão temporária de 30 dias, o agente penal José Rodrigo Ferrarini, é investigado por tentativa de homicídio

Agente penal José Rodrigo da Silva Ferrarini sendo preso após se apresentar na Cidade da Polícia Agente penal José Rodrigo da Silva Ferrarini sendo preso após se apresentar na Cidade da Polícia  - Foto: Reprodução

Um dia após ser baleado no pé pelo agente penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, o entregador Valério Júnior respirou aliviado. O atirador se apresentou à polícia neste domingo, após ter a prisão temporária decretada por 30 dias, e foi encaminhado à Penitenciária de Benfica. Informado da detenção, Valério afirmou estar mais tranquilo para se concentrar na recuperação.

— Ele era meu vizinho. A diferença entre os nossos condomínios era de 10 metros. Então, para mim, é um alívio chegar em casa hoje. Estou mais tranquilo por saber que ele não pode fazer maldade nenhuma. Enquanto foragido, poderia ter feito algo contra um familiar meu, mas agora a cabeça está mais calma e o foco é na recuperação — desabafou Valério.

O crime ocorreu na madrugada do último sábado. Ferrarini discutiu com Valério, que se recusava a levar um pedido além da portaria, seguindo as regras do aplicativo, e atirou no pé do entregador.

 

O agente foi autuado pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), ouvido na 32ª DP (Taquara) e liberado inicialmente. Em nota, a Seap afirmou que “a conduta atribuída ao servidor ocorreu fora do exercício de suas funções” e informou que a Corregedoria acompanharia o caso.

Horas depois, dezenas de entregadores se reuniram em protesto na porta do condomínio do agente, defendendo Valério e cobrando a prisão de Ferrarini.

— É uma categoria muito unida, mas não imaginava que teria tanta gente no protesto. Imagino que a repercussão tenha ajudado. O motivo mais grave deixou o pessoal mais indignado — comentou um participante.

Segundo o delegado titular da 32ª DP, Marcos Buss, a liberação inicial ocorreu porque os investigadores ainda não tinham ouvido a vítima nem analisado imagens que circulavam nas redes sociais.

— Quando ouvimos Valério e tivemos acesso às filmagens, representamos pela prisão temporária — explicou Buss, acrescentando que o acusado alegou ter atirado por acidente. — Segundo ele, anda sempre armado e, em dado momento, a arma disparou.

Após a prisão, a Seap anunciou o afastamento do policial por 90 dias, abertura de processo administrativo disciplinar e classificou sua conduta como “abominável”. Ferrarini é investigado por tentativa de homicídio qualificada por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.

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