BRASIL

Apenas 6,3% de grandes empresas do país têm ações para incluir PCDs em cargos de direção

Maior parte das companhias não mensura quantidade de funcionários LGBTI+

Pessoas com deficiência representam apenas 3,3% do total de empregados nas maiores empresas do Brasil Pessoas com deficiência representam apenas 3,3% do total de empregados nas maiores empresas do Brasil  - Foto: Freepik

Embora a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/1991), estabelecida há mais de 30 anos, tenha sido um dos primeiros movimentos legais de inclusão e diversidade nas empresas, o número de pessoas com deficiência (PCDs) nas maiores companhias do país ainda não condiz com sua porcentagem na população brasileira. As medidas para garantir PCDs nesses espaços ainda não mostram tantos resultados, principalmente as voltadas para cargos de direção. O mesmo acontece com a população LGBTI+.

De acordo com dados da pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024", divulgada nesta quarta pelo Instituto Ethos, pessoas com deficiência representam apenas 3,3% do total de empregados nas maiores empresas do Brasil. Esse número não é proporcional aos 8,9% de PCDs existentes na população brasileira, de acordo com o Censo de 2022, pelo IBGE.

 

— A previsão legal é muito importante, mas as empresas precisam entender que não se trata apenas de inserir esses profissionais com deficiência, mas também dar qualidade a esse processo de inclusão. Só isso pode garantir para essas empresas a superação da cota prevista na lei. E há a necessidade de mais empresas entenderem que a deficiência não é um limitador da capacidade profissional — diz Ana Lúcia Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos.

Isso mostra que, embora 84,2% das empresas participantes estabeleçam um programa específico para a contratação de pessoas com deficiência, essas medidas ainda não estão sendo tão efetivas. Por outro lado, quando se fala desses profissionais em posições que estão no topo da hierarquia, como cargos executivos, os esforços são ainda menores: apenas 6,3% das companhias possuem ações e metas para garantir a representatividade de PCDs em cargos de direção.

O número é ainda mais alarmante para pessoas LGBTI+. Apenas 3,2% das empresas tem ações voltadas para incluí-las em posições de destaque. Isso se soma ao fato de que a maior parte das companhias que participaram da pesquisa ainda nem mensuram quantas pessoas desse grupo existem nos quadros de funcionários, cenário que representa mais um desafio para a diversidade no mercado de trabalho.

Ana Lúcia explica que dados dessa população só começaram a ser calculados pelo IBGE a partir do último Censo, em 2022, mas que ainda não coletam informações de pessoas trans, por exemplo. De acordo com ela, há uma reivindicação dos movimentos, tanto de orientação sexual como identidade de gênero, para que haja coleta desse tipo de dado.

— O que acontece na questão LGBTI+ é que, diferentemente dos outros recortes, não há um respaldo jurídico pra fazer esse tipo de coleta de dados. Então, há uma falta de referência e de segurança jurídica. Ao mesmo tempo, é importante que as empresas desenvolvam ações que garantam tanto a promoção dos direitos dessas pessoas, assim como de sua inclusão, em um contexto de uma sociedade muito violenta com pessoas LGBTI+ — explica ela.

A pesquisa contou com as respostas de 131 empresas presentes na lista das 1100 maiores companhias e instituições financeiras do país, publicada pelo Valor Econômico. Foram observadas empresas com faturamento a partir de 300 milhões, sendo mais de 80% delas com faturamento acima de um bilhão, e cerca de 77% com mais de 3 mil funcionários.

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