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Ministério da Cultura

Após corte de 84% na Aldir Blanc, governo diz que R$ 3 bilhões previstos serão pagos em 2025

Secretário-executivo do Minc, Márcio Tavares diz que valor poderá ser garantido por uma portaria de suplementação de orçamento; fórum de secretários de Cultura vai a Brasília para lutar pela PNAB como uma "política permanente"

Plenário do Senado durante sessão extraordinária para aprovação do Orçamento de 2025Plenário do Senado durante sessão extraordinária para aprovação do Orçamento de 2025 - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Após o temor que a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) tivesse quase a totalidade de seus recursos limitada, com a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025 com um corte de 84% dos recursos inicialmente previstos em R$ 3 bilhões, segundo a proposta do relator na Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Ângelo Coronel (PSD-BA), nesta quinta-feira (20), o Ministério da Cultura (MinC) garantiu que os repasses serão feitos integralmente a estados e municípios.

Em nota assinada em conjunto pelo MinC e a Casa Civil ainda na noite de quinta, as pastas "reafirmam seu compromisso com o setor cultural e asseguram a continuidade dos investimentos" da PNAB.

"A aplicação dos recursos da Aldir Blanc é obrigatória e o Governo Federal irá transferir integralmente os valores dos estados e municípios que cumprirem com o disposto no Decreto nº 12.409", destacou o comunicado.

A redução de R$ 3 bilhões para R$ 478 milhões para a execução da PNAB pegou o governo de surpresa, segundo o MinC, e assustou produtores culturais, gestores e parlamentares ligados à área.

Secretário-executivo do Minc, Márcio Tavares disse que o valor integral poderá ser garantido por uma portaria de suplementação de orçamento, já que a PNAB é uma despesa obrigatória e o relatório garante ao governo o direito de fazer sua recomposição, não sendo necessário recorrer a um veto do presidente Lula.

A Aldir Blanc é um mecanismo de fomento cultural que prevê a transferência de recursos federais a estados e municípios, para que implementam a política de forma descentralizada.

A portaria deverá ser publicada em julho, após o MinC fazer a aferição da execução da primeira parcela dos recursos da PNAB de 2023/2024, liberando a parcela seguinte para estados e municípios que tiverem executado 60% dos recursos disponíveis.

— Não foi apenas o MinC, mas todo o governo foi surpreendido com o relatório final. Não foi uma solicitação do governo, veio da relatoria mesmo. A partir do momento que o relatório passou, já passamos a trabalhar criativamente para ver o que seria possível — diz Márcio Tavares.

— Mas foi uma tensão que durou horas, uma vez que o relator retornou o direito de recomposição das despesas obrigatórias no orçamento, permitindo que o governo possa fazer as correções. Então, o governo garante os repasses de todos aqueles que cumprirem com o regramento da lei, até o limite dos R$ 3 bilhões disponíveis para serem aplicados no ano de 2025. Queremos tranquilizar a comunidade cultural de que integralidade dos recursos será garantida, mesmo com o corte no Congresso.

Em meio à notícia de que a PNAB pudesse perder 84% de seus recursos, produtores e entidades se pronunciaram contrariamente ao corte e pedindo o seu veto a Lula.

O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura publicou agora uma nota oficial "manifestando seu profundo estarrecimento" com o contigenciamento e anunciando que estarão em Brasília em 27 "para buscar soluções junto ao Congresso e Governo Federal que garantam a reversão desse corte e a plena alocação dos recursos necessários à efetiva execução da política".

Presidente do Fórum, Fabrício Noronha diz que, mesmo com a promessa de que a PNAB terá os R$ 3 bilhões garantidos no orçamento de 2025, a agenta na capital federal estará mantida.

— Na segunda-feira (24) faremos uma live, às 17h, convidando o MinC, parlamentares, gestores, para colocar todas essas questões, as dúvidas, os posicionamentos. Na quinta, vamos a Brasília para entender junto ao ministério e ao Congresso como reverter essa situação — adianta Noronha.

— Mesmo com a promessa de que os recursos serão pagos integralmente, precisamos fazer com que a PNAB se transforme realmente numa política permanente, como é o SUS (Sistema Único de Saúde) ou o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Não podemos fazer o planejamento de estados e municípios contando com recursos de uma lei com despesa obrigatória e correr o risco de ela ser esvaziada numa disputa de orçamento.

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