Sáb, 06 de Dezembro

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BC: inflação não atinge meta do Focus até 2028 e classifica cenário como incômodo, diz Galípolo

Presidente do Banco Central esteve em evento organizado pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (FHC)

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse, no entanto, que 45,1% dos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentam inflação acima de 3%, contra 78,4% em abrilO presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse, no entanto, que 45,1% dos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentam inflação acima de 3%, contra 78,4% em abril - Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira que a inflação não coincide com a meta em nenhuma projeção do Boletim Focus, que reúne expectativas do mercado, até 2028.

Ele esteve em evento organizado pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (FHC) em São Paulo (SP).

No boletim desta semana, o mercado reduziu a expectativa para a inflação de 2025 para 4,8% — ainda acima da meta de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

— A gente não vê a inflação na meta em nenhum dos horizontes, nem até 2028, pelas expectativas do Focus. É óbvio que o Banco Central tem suas próprias projeções, há toda uma cultura e uma institucionalidade na forma como a gente incorpora essas projeções, mas esse é um indicativo de bastante incômodo para a gente.

O presidente do BC disse, no entanto, que 45,1% dos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentam inflação acima de 3%, contra 78,4% em abril, indicando uma redução da dispersão dos preços. Isso mostra que, embora a inflação geral ainda esteja elevada, os aumentos de preços estão mais concentrados em determinados segmentos.

— A gente vê um cenário de redução dessa dispersão da inflação, bastante concentrada em bens, o que dialoga com o processo de reversão da desvalorização do real. Mas ainda a gente enxerga uma inflação de serviços e daqueles componentes que respondem a componentes mais cíclicos e não conseguem se beneficiar da concorrência com o mercado internacional, num patamar que está incompatível com o atendimento da meta.

Apesar da taxa Selic em 15%, Galípolo ressaltou que a economia segue resiliente, mas com crescimento mais moderado. Ele também destacou a força do mercado de capitais, com emissões primárias acumuladas superando as expectativas em 2024.

Galípolo observou também que parte do crescimento recente se deve ao aquecimento do mercado de trabalho, com níveis de desemprego historicamente baixos e aumento da renda, o que amplia o consumo. Ele ressaltou que esse crescimento não decorre majoritariamente de ganhos de produtividade, mas do aumento da demanda por insumos de produção.

— É difícil a gente dizer que a gente não tem provavelmente o mercado de trabalho mais exuberante que a gente viu nas últimas três décadas.

O presidente do BC disse ainda que o crescimento recente se dá em parte pelo aquecimento no mercado de trabalho, já que os níveis de desemprego estão historicamente baixos e, com mais renda, a população aumenta a cesta de consumo.

Isso quer dizer que a maior parte do crescimento do não decorre de um aumento da produtividade, mas porque foram necessários mais insumos de produção para atender à demanda.

Nesse contexto, o presidente do BC reforçou a importância de crescer com aumento da produtividade para evitar pressões inflacionárias decorrentes.

Galípolo avaliou também que o Banco Central será mais eficiente para o país quanto mais suas decisões se basearem no arcabouço legal e institucional da política monetária, e menos na pessoa que ocupa a presidência da instituição.

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