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Contas externas registram déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro, 31% menor que no ano passado

Superávit comercial maior segurou piora, mas pagamentos ao exterior continuam elevados

Superávit comercial maior segurou piora, mas pagamentos ao exterior continuam elevadosSuperávit comercial maior segurou piora, mas pagamentos ao exterior continuam elevados - Foto: Freepik/Reprodução

As contas externas do Brasil — que refletem o fluxo de entrada e saída de recursos nas relações do país com o exterior — tiveram déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira.

O rombo é menor que o de outubro de 2024, quando o saldo negativo foi de US$ 7,4 bilhões, e foi parcialmente compensado pelo desempenho mais forte da balança comercial.

No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes chegou a US$ 76,7 bilhões, o equivalente a 3,48% do PIB, uma leve redução na comparação com setembro (3,61%).

A balança comercial — que reúne exportações e importações de bens — foi novamente o principal fator que impediu um déficit maior nas contas externas.

O saldo ficou superavitário em US$ 6,2 bilhões, praticamente o dobro dos US$ 3,2 bilhões registrados em outubro de 2024.

Exportações: US$ 32,1 bilhões (+8,9%)

Importações: US$ 25,9 bilhões (–1,3%)

O aumento das vendas externas e a queda das compras de produtos importados contribuíram para compensar outros componentes deficitários do balanço.

Serviços permanecem pressionados por turismo e tecnologia
A conta de serviços manteve déficit de US$ 4,4 bilhões, repetindo o mesmo nível de outubro do ano passado.

Alguns itens mostraram melhora, como transporte — que teve redução de 18,5% no déficit, para US$ 1,3 bilhão —, mas outros avançaram significativamente:

Viagens internacionais: déficit de US$ 1,3 bilhão (+14,5%) - brasileiros gastaram US$ 1,9 bilhão lá fora - receitas com estrangeiros ficaram em US$ 573 milhões

Serviços de propriedade intelectual: déficit de US$ 995 milhões (+35,6%)

Serviços de telecomunicação, computação e informação: US$ 591 milhões (+142%)

Esses aumentos compensaram totalmente as reduções em outras subcontas e mantiveram o saldo total de serviços no vermelho.

Envio de lucros e pagamento de juros ampliam déficit de renda
A conta de renda primária — que inclui o pagamento de juros da dívida externa e a remessa de lucros e dividendos por empresas multinacionais — foi a que mais pesou negativamente no mês.

O déficit somou US$ 7,4 bilhões, alta de 12,7% em relação a outubro do ano passado:

Juros pagos ao exterior: US$ 2,2 bilhões (+31,7%)

Lucros e dividendos enviados: US$ 5,3 bilhões (ante US$ 5,0 bilhões em 2024)

O aumento dessas saídas de recursos reduz o saldo das contas externas mesmo com o bom desempenho comercial.

Investimento estrangeiro direto segue elevado
Os investimentos diretos no país (IDP), que financiam projetos produtivos e participação acionária de longo prazo, somaram US$ 10,9 bilhões em outubro — acima dos US$ 6,7 bilhões do mesmo mês de 2024.

Os dados mostram:

Participação no capital: US$ 10,1 bilhões, sendo US$ 6,6 bilhões em novos aportes e US$ 3,5 bilhões em lucros reinvestidos

Operações intercompanhia: US$ 855 milhões

Em 12 meses, o IDP acumulado chegou a US$ 80,1 bilhões (3,63% do PIB).

Além disso, os investimentos em carteira — aplicações em ações e títulos — registraram ingresso líquido de US$ 3,2 bilhões, puxados por títulos de dívida.

Reservas internacionais aumentam para US$ 357,1 bilhões
As reservas internacionais — o conjunto de ativos em moeda estrangeira que o Banco Central usa para garantir estabilidade em momentos de turbulência — fecharam outubro em US$ 357,1 bilhões, alta de US$ 521 milhões frente ao mês anterior.

O crescimento decorreu principalmente de:

US$ 809 milhões em receitas de juros

US$ 736 milhões de ganhos de preços

Por outro lado, vendas de US$ 1 bilhão no mercado à vista e variações cambiais reduziram parte do ganho.

BC revisa estatísticas para separar tipos de criptoativos

O Banco Central também anunciou uma revisão metodológica que altera a forma de registrar operações com criptoativos.

A partir de agora, as estatísticas distinguem: criptoativos sem emissor, como Bitcoin — registrados como ativos não financeiros e criptoativos com emissor, como stablecoins — classificados como ativos financeiros.

A mudança segue a nova versão do manual do Fundo Monetário Internacional e não altera os valores totais transacionados, apenas realocações entre contas.

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