Sáb, 06 de Dezembro

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TECNOLOGIA

Dona do ChatGPT aposta em animação feita com IA e desafia Hollywood a produzir de forma mais barata

OpenAI prevê estreia de longa em Cannes e quer provar que tecnologia pode reinventar o cinema

Filme 'Critterz' apoiado pela OpenAI é feito inteiramente por inteligência artificial (IA) generativa Filme 'Critterz' apoiado pela OpenAI é feito inteiramente por inteligência artificial (IA) generativa  - Foto: Reprodução/YouTube

Dona do ChatGPT, a OpenAI está apoiando a produção de um longa de animação feito inteiramente por inteligência artificial (IA) generativa, informou o jornal americano Wall Street Journal. O filme, chamado "Critterz", deve estrear no Festival de Cannes e promete desafiar a indústria de Hollywood a produzir de forma mais barata e mais rápida a partir da tecnologia.

O filme deve ser lançado nos cinemas no ano que vem. O longa conta a história de criaturas da floresta que embarcam em uma aventura após a chegada de um estranho que desestabiliza sua vila.

A ideia do longa é de Chad Nelson, especialista criativo da OpenAI, que começou a esboçar o desenho dos personagens há três anos, enquanto tentava fazer um curta-metragem usando o então novo gerador de imagens da OpenAI, o DALL-E. A partir disso, Nelson uniu forças com produtoras em Londres e Los Angeles com o objetivo de estrear o longa no Festival de Cannes, em maio.

Produção mais rápida
A equipe está buscando concluir a produção do filme em nove meses, ao invés dos três anos que seria necessário para uma animação tradicional, segundo James Richardson, cofundador da Vertigo Films, baseada em Londres.

 

A Vertigo está produzindo o filme em parceria com o estúdio Native Foreign, especializado no uso de IA para a criação de conteúdos audiovisuais junto com técnicas tradicionais de produção.

Com um orçamento inferior a US$ 30 milhões, “Critterz” custa bem menos do que os típicos filmes animados, segundo o WSJ. A equipe quer contratar atores para dublar os personagens e artistas para criar os esboços, que serão alimentados nas ferramentas da OpenAI, incluindo o GPT-5 e modelos geradores de imagens.

Como a indústria já usa IA nos filmes
Empresas de entretenimento, como Disney e Netflix, já estão testando ferramentas de IA para diversas áreas de produção, marketing e experiência do usuário, mas muitas delas hesitam em adotar a tecnologia totalmente, com receio de prejudicar os trabalhadores da indústria, como atores e roteiristas, cujos sindicatos têm buscado proteções contra as ferramentas que podem ameaçar seus empregos.

Além disso, grandes empresas de entretenimento também estão focadas em proteger suas propriedades intelectuais. Em junho, a Disney e a Universal, da Comcast, processaram a provedora de IA Midjourney por alegações de violação de direitos autorais. A Midjourney contestou essas alegações nos tribunais, e na semana passada, a Warner Bros. Discovery fez o mesmo contra a empresa.

OpenAI aposta que, caso “Critterz” seja bem-sucedido, provará que a IA pode gerar conteúdo com qualidade suficiente para as telonas, acelerando a adoção da tecnologia por Hollywood.

Aposta de risco
Ainda assim, lançar um filme animado original nos cinemas é uma aposta arriscada. Não está claro se o público, que já reluta para ir aos cinemas, pagará para assistir ao filme. Até o momento, as empresas envolvidas não buscaram um parceiro de distribuição.

Embora obras geradas inteiramente por IA não possam ser protegidas por direitos autorais, o uso de humanos para dublar os personagens e criar a arte que será alimentada nas ferramentas de IA provavelmente torna o filme elegível para proteção autoral, de acordo com Nik Kleverov, cofundador da Native Foreign.

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