Eletronuclear posterga pagamentos para evitar rombo no caixa em 2025
Em ofício enviado a governo Lula, controladora afirma que medidas são paliativas e emergenciais
A Eletronuclear adotou uma série de medidas para equacionar o caixa e evitar um rombo em 2025. Em ofício enviado ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a controladora Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) informou que foram implementadas ações "emergenciais e de curtíssimo prazo" para afastar o déficit de caixa da empresa este ano.
As medidas são:
- Postergação do prazo de pagamento das parcelas de novembro e dezembro dos Contratos de Mútuo relacionados ao Programa de Extensão de Vida Útil de Angra 1, firmados entre Eletronuclear e ENBPar;
- Aprovação de proposta de rolagem dos Instrumentos de Dívida da Eletronuclear junto ao Banco BTG Pactual e ao Banco ABC Brasil;
- Mediação de acordo em relação aos créditos de combustível nuclear de Angra 3, com o fim de equalizar a situação econômico-financeira das empresas do Grupo (INB e Eletronuclear).
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No documento, que também foi enviado aos ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do Planajamento, Simone Tebet, e de Gestão, Esther Dweck, a ENBPAR relata os graves problemas estruturais da Eletronuclear, gerados, principalmente, pela indefinição sobre o futuro da Usina Angra III.
Sem uma definição do governo sobre o assunto, a estatal vem arcando com as despesas do projeto com o caixa de Angra I e Angra II, o que, segundo a EBNPar, levaria ao déficit neste ano.
"A restrição de recursos da Eletronuclear, o desequilíbrio tarifário, a ausência de funding para os investimentos na extensão vida útil de Angra 1 e, em especial, a indefinição sobre o projeto de Angra 3, que aguarda a decisão por parte do CNPE, tem tornado a situação da Eletronuclear cada vez mais irreversível", disse a controladora no ofício assinado pelo presidente, Marlos Costa de Andrade.
Dessa forma, a ENBPar ressaltou que as medidas apresentadas têm "caráter paliativo", a fim de equacionar a situação de caixa da Eletronuclear apenas para o ano de 2025.
"As demais ações por parte desta controladora condicionadas à tomada de decisão externa a esta Companhia, em especial sobre o Empreendimento de Angra 3."
Andrade ainda destacou que os R$ 2,4 bilhões que ingressarão na Eletronuclear com a homologação de acordo entre a União e a Axia (ex-Eletrobras) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não serão suficientes para resolver a situação da empresa.
"Os recursos que oportunamente ingressarão na Eletronuclear não serão suficientes para equalizar a situação de caixa daquela Companhia que, frisa-se, não foi solucionada pelas medidas aqui reportadas, mas equacionadas tão somente para o ano de 2025."

